Bate-Bola | Da redação | 29/08/2007 15h42

Bate-bola: Ênio Oliveira

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Ênio Oliveira está a frente da realização do primeiro campeonato brasileiro em Mato Grosso do Sul. Ênio Oliveira está a frente da realização do primeiro campeonato brasileiro em Mato Grosso do Sul. (Foto: Esporte Ágil)

Ênio Oliveira

O presidente da Federação Mato Grosso do Sul de Ciclismo concedeu uma entrevista ao Esporte Ágil, onde falou sobre como conheceu o ciclismo até chegar à presidência da Federação. Com 11 meses de mandato, ele apresentou os números referentes à sua gestão, como o aumento significativo no número de atletas e clubes filiados. Outro assunto abordado foi o aumento no número de provas realizadas no Estado valendo pontos para o ranking brasileiro de ciclismo.

Esporte Ágil - Como você conheceu o ciclismo?
Ênio Oliveira -
Ainda criança, eu tinha uma bicicleta velha e feia e encontrei um rapaz com uma bicicleta de competição, que achei muito bonita. Perguntei à ele como eu poderia ter uma bicicleta como a dele. Ele falou para entrar nas competições, conhecer o pessoal, para então adquirir uma bicicleta como essa. Na primeira competição, fui terceiro colocado e me apaixonei pelo esporte. Competi de 85 a 88, quando tive que parar para prosseguir com estudos e trabalho. Passaram-se muitos anos e, em 2004, eu sofri um assalto; depois disso, quis procurar um lazer ou esporte, uma válvula de escape para os problemas que vinha enfrentado, e foi quando ingressei novamente no ciclismo. Na primeira competição, a Volta do Pantanal, fui o 13º e vi que tinha certa aptidão. Em 2005 competi em 22 provas fora do Estado, com dificuldades de patrocínio, mas não parei. Em 2006 tive problemas com a Federação e Liga de Ciclismo, que não se entendiam também; no final das contas, assumi a Federação. Não pensava nem almejava à presidência, mas agora estou disposto à fazer o meu melhor.

Esporte Ágil - Quais as lembranças mais marcantes de sua época de atleta?
Ênio -
No Campeonato Brasileiro 2005 fiquei na 36ª posição entre 72 atletas e não me conformei; treinei muito e em 2006 participei da mesma prova, terminando na 16ª posição. Outra lembrança muita engraçada aconteceu quando tinha 16 anos e fui participar da Volta do Interior de São Paulo. Em uma das etapas, um caminhão com suco de laranja tombou na pista, que ficou escorregadia e todo o pelotão caiu; quem conseguiu descer da bicicleta e tentou atravessar com ela nas costas, também caiu, foi uma cena hilária que guardo na memória.

Esporte Ágil - Como foram as conversações para trazer tantas provas de ranking nacional para Mato Grosso do Sul?
Ênio -
Temos que cumprir algumas determinações da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) e assim conseguimos oito provas válidas pelo ranking da CBC. Tivemos que passar a participar mais das provas fora do estado, melhorar nosso relacionamento com a CBC, com os atletas, mostrar todo o potencial do ciclismo de nosso Estado. Em outubro, teremos o primeiro campeonato brasileiro em MS e quem sabe conseguimos manter isso para o próximo ano, trazendo Brasileiros em outras categorias. Estamos trabalhando o nome do Estado em todo o país, aumentando o respeito da entidade em nível nacional, pois estamos presentes em muitas das competições em outros estados, e com isso conseguimos ter melhor entrosamento e intercâmbio.

Esporte Ágil - A FMSC já conseguiu algum patrocínio ou apoio para o Campeonato Brasileiro Júnior?
Ênio -
Infelizmente não e o agravante é que temos pouco mais de um mês para a organização da competição, e não temos apoio de nenhum órgão público ou privado. Temos alguns projetos a serem apresentados, pois a Federação tem espaço e como divulgar as marcas patrocinadoras; então estamos procurando, mas não temos ainda nada de concreto.

Esporte Ágil - Temos algum atleta que pode brigar pelas primeiras colocações no Brasileiro Júnior?
Ênio -
Temos o Magdiel Vinicius, de Ponta Porã, que já tem certa experiência, pois tem ido competir fora e alcançado bons resultados. Nossa esperança é que ele consiga um bom resultado para Mato Grosso do Sul.

Esporte Ágil - A FMSC realiza uma política de interiorização do ciclismo?
Ênio -
Temos a política de fomentar o ciclismo em todo o Mato Grosso do Sul. Fizemos provas em Camapuã, algo inédito, e a população correspondeu com um público muito bom. Em Corumbá, são realizados campeonatos locais de Mountain Bike e atletas de várias cidades tem ido para lá, assim como os atletas corumbaenses têm participado em outras cidades também. O ciclismo vem se desenvolvendo em diversas cidades, como Dourados, Corumbá, Camapuã, Aquidauana, Anastácio, Sidrolândia, Bela Vista, Jardim, Sete Quedas, Amambaí, Coxim e outras cidades. Buscamos trabalhar em todos os pólos, em todas as cidades com praticantes de ciclismo e parceiros para a realização de provas. Antes não havia nenhuma Associação de Ciclismo no interior, e hoje existem três clubes filiados à Federação. Há também uma prefeitura que entrou como clube. Em dezembro, esperamos a filiação de mais dois clubes do interior. Não existe uma hegemonia, uma centralização em Campo Grande, pois todo o interior está se desenvolvendo no ciclismo.

Esporte Ágil - A bicicleta para competição é muito cara?
Ênio -
Depende da modalidade, pois existem disputas de vvelocidade (speed), mountain bike e bicicross (BMX). Quase todo mundo tem bicicleta, mas não a de velocidade e sim a mountain bike; esta não é cara. Talvez, a mountain bike que todos tem em casa, com a troca de algumas peças, possa ser usada para iniciar na competição. A bmx também não é cara, porque é uma bicicleta pequena, com custo menor também. Já as bicicletas de speed são um pouco mais caras, precisa de um poder aquisitivo maior. As competições são muitas, o desgaste é grande e o custo da manutenção maior; por isso, talvez não tenhamos muitos adeptos, devido a este custo. As maiorias das bicicletas são importadas e caras, o que dificulta a aquisição.

Esporte Ágil - Que provas serão ainda realizadas neste ano pelo ranking da CBC?
Ênio -
Dia 7 de setembro, em Paranaíba, pelo ranking nacional da categoria elite. No dia 30 de setembro, um GP para lembrar a emancipação do Estado (11/10), o Campeonato Brasileiro Júnior em outubro e, em novembro, o GP de Estrada, uma prova duríssima. Além destas, várias outras disputas pelo ranking estadual de ciclismo.

Esporte Ágil - Os rankings ajudam a motivar o atleta?
Ênio -
A disputa é grande porquê o atleta ranqueado na CBC é convidado pra participar das melhores competições do país, sem custo, como as Voltas nos estados de SP, RJ, PR, SC, RS e outras. Ele é almejado porquê está entre os melhores, a disputa pelo ranking é para isso. O ranking estadual também tem vantagens. O líder em 2008 vai vestir uma camisa que o identificará como líder. Ele vai participar das principais provas do país com recursos da Federação. Vamos premiar também os líderes do ranking estadual três vezes por ano. Tem que haver motivos para o atleta buscar a liderança.

Esporte Ágil - Qual o número de clubes e praticantes de ciclismo no Estado?
Ênio -
Temos 228 filiados nas três modalidades, speed, mountain bike e bmx, com 180 competindo. Antes haviam 32 filiados e apenas dois clubes. Na Liga havia quatro clubes. Hoje temos 10 clubes agrupados na Federação. É um motivo de orgulho. O número de atletas saltou de 32 para 228; eram dois clubes e hoje são 10.

Esporte Ágil - Quais ações foram tomadas para o crescimento da modalidade?
Ênio - Tenho
priorizado a organização das competições, regulamento, segurança e horários estabelecidos. Os horários não eram respeitados e os atletas eram prejudicados com isso. Eles precisam de alimentação nos horários, hidratação, alongamento, aquecimento, e como fazer isso se não se sabe que horas vai largar? Fui elogiado recentemente por equipes de fora, porque pouquíssimas provas no Brasil largam na hora estabelecida. Temos buscado que o atleta conheça o regulamento, as normas, ele está mais educado competitivamente, sabe de seus direitos e deveres como atleta.
Busco trabalhar em diversas áreas, relacionamento da Federação com outras federações, com a Confederação. Fico atento com a quantidade das provas e sua distribuindo pelo ano e pelas cidades. Buscamos melhorar o relacionamento com os atletas, realizando cursos para árbitros de ciclismo, o que melhora nossa própria casa. Estamos atentos também à nosso relacionamento com órgãos públicos e com isso teremos uma melhor estrutura para buscarmos patrocínio, pela transparência de nosso trabalho. Queremos crescer como um todo, crescer o bolo todo.

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