Bate-Bola | Osvaldo Sato/Da redação | 31/03/2008 19h17

Bate-bola: Carlos Alberto Assis

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Carlos Alberto e um dos fundadores do Comercial, Ueze Zahran, na festa dos 65 anos do clube. Carlos Alberto e um dos fundadores do Comercial, Ueze Zahran, na festa dos 65 anos do clube. (Foto: Divulgação)

Carlos Alberto Assis

O profissional de educação física Carlos Alberto Assis volta à presidência da Funesp (Fundação Municipal de Esporte) para seguir até o final deste ano. Para isto, ele teve que se licenciar do cargo de presidente do Esporte Clube Comercial, deixando o lugar para o vice Eduardo Prado. Carlos Alberto esteve sempre envolvido com o futebol de nosso Estado, foi também presidente da Federação Sul-mato-grossense de Tênis (FST) e presidente da Funcesp (Fundação de Cultura Esporte e Lazer), na administração municipal de André Puccinelli.

Em entrevista ao Esporte Ágil, ele fala com entusiasmo de suaa nova fase na Funesp e também do ressurgimento do Comercial, fato pelo qual ele e sua atual diretoria foram responsáveis. Após três anos fora das competições oficiais, o Comercial disputou a Série B do Estadual em 2007, foi vice-campeã e subiu para a Série A com méritos. Sobre a atual situação do clube, Carlos Alberto vê uma franca evolução. "Ainda devemos, ainda pagamos pequenos salários, pois nossos jogadores mereciam muito mais, não estão acomodados onde mereciam, mas vejo uma evolução, pois com o esforço de todos, o clube está novamente sendo respeitado e ganho o coração de jovens torcedores", disse.

"É o único clube genuinamente campo-grandense na Série A. O União foi para Inocência e agora está em Camapuã; o Cene é nascido em Jardim; o Operário agora está em São Gabriel do Oeste, porque treina lá e, se não joga lá, é simplesmente porquê a cidade ainda não possui estádio", polemizou. "Aqui nascemos e aqui viveremos".

Esporte Ágil - Muda algo na Funesp até o final do ano?
Carlos Alberto Assis -
Não queremos mudar nada, a princípio, e cumprir o calendário projetado pelo professor João Rocha. Nove meses é pouco para mudar e temos que pensar na comunidade, na população que já vinha sendo atendida, tentando melhorar algo. Penso em dinamizarmos os projetos de esporte e lazer nos bairros e estarmos mais próximo das comunidades.

Esporte Ágil - O esporte campo-grandense evoluiu nos últimos anos?
Carlos Alberto Assis -
Na organização, acho que melhorou bastante. Em resultados, acho que caiu um pouco. Isto porque um atleta de rendimento custa caro e creio que houve um decréscimo no setor de rendimento. Mas a base está sendo muito bem trabalhada e a Fundação tem inúmeros projetos que trabalham as categorias de base, em diversas modalidades. Acredito que da quantidade, saia qualidade. Trabalhando bem as categorias de base, vamos repor o que falta no esporte de rendimento.

Esporte Ágil - Como foi este ano na presidência do Comercial (2007)?
Carlos Alberto Assis -
Deixei a presidência do Comercial em março, mas não deixo de participar do clube, porque é meu clube do coração. Ouvi na imprensa que o que me levou à presidência da Funesp foi o fato de ter sido presidente do Comercial, que é o time do prefeito Nelsinho Trad. Quem falou isso não conhece minha história dentro do esporte campo-grandense, pois eu já tinha cargo na Funesp e o prefeito simplesmente seguiu a linha que ele já havia anunciado, de substituir aqueles que fossem exonerados para serem candidatos, pelo seu imediato.
Quando assumi o Comercial, me chamaram de louco porque não havia time de futebol, a Vila Olímpica penhorada e inúmeros processos contra o clube correndo à revelia na Justiça. Traçamos um plano para tentar arrumar o clube administrativamente e financeiramente em 2007 e subir para a Série A em 2008, mas o time montado ano passado mostrou potencial e fomos vice-campeões da Série B, subindo com méritos. Se eu soubesse que haveria essa reviravolta na Federação, teria mudado meus planos. Agora na Série A, buscamos trabalhar as áreas financeira e administrativa do clube em 2008 e, para nossa surpresa, o time que havia sido montado para não cair novamente para a Série B, está na briga por uma vaga nas semifinais da Série A. Não fosse por duas derrotas que considero zebras (Aquidauana e Sete), estaríamos na segunda colocação. Isto não é sorte, é trabalho sério! Nossos jogadores tiveram que ir morar no Guanandizão quando a Vila Olímpica foi interditada, mas não reclamam, porquê todos dentro do Comercial, da equipe técnica, diretoria e jogadores, são todos uma família num só pensamento: reerguer este clube de 65 anos de história. Tenham certeza que Campo Grande, em breve, terá não apenas um time, mas um grande clube de futebol.

Esporte Ágil - Até quando vai seu mandato no Comercial?
Carlos Alberto Assis -
O atual vai até 2010 e quero terminar meu mandato e ser reeleito para o próximo. Com quatro anos, não cumpro as metas prometidas, mas com oito anos, quero deixar o Comercial no Brasileirão da Série B.

Esporte Ágil - O que é a ATAC?
Carlos Alberto Assis -
A ATAC é a Associação dos Torcedores Amigos do Comercial. Hoje temos grande satisfação que nossa torcida é apaixonada, ferrenha e "do bem". Não tem corneteiro, criticando jogador, técnico, dirigente, porque sabemos que temos que estar unidos, para que esse clube volte a ser grande. A ATAC, presidida pelo seu Valter, tem demonstrado na prática que vai nos ajudar. Hoje, a alimentação dos jogadores que moram no Guanandizão, é dada pela ATC, pelos nossos torcedores. Os torcedores já nos ajudaram a viajar, na partida contra o Ivinhema, com despesas de hotel e alimentação. A ATAC organizou também a torcida Falange Vermelha, que com uma charanga, o time não perdeu mais: ganhamos do Pantanal, do Águia Negra e do Maracaju. Isso é participação efetiva do torcedor, porque é gostoso o jogador ouvir seu nome gritado pela torcida.

Esporte Ágil - Como foi a comemoração dos 65 anos do clube?
Carlos Alberto Assis -
No dia dos 65 anos do clube, tivemos 4 grandes presentes: primeiro foi a criação da ATAC, pois não existe clube sem torcedor. A segunda foi a presença de nosso fundador, um orgulho para o Esporte Clube Comercial que um de seus fundadores ainda viva, o Sr. Ueze Elias Zahran. Terceiro foi a notícia do prefeito Nelsinho Trad que receberemos do município um comodato de uma área onde poderemos construir nosso Centro de Treinamento. E quarto, a criação do Projeto Moleque Saci, onde nossas categorias de base formarão nossos futuros jogadores. Porque o clube precisa diminuir custos, e para diminuir custos, precisamos investir na base, porque vamos ter jogadores profissionais mais baratos, e com chance de negociarmos com outros times e fazermos caixa. Ainda precisamos disso, apesar de hoje o time titular ser formado praticamente por jogadores de nosso Estado e muitos de nossa base com apenas um ano de trabalho.

Esporte Ágil - Existe uma estimativa para quando o clube estará livre das dívidas contraídas no passado?
Carlos Alberto Assis -
Se tudo correr bem, caminhar da maneira que planejamos, acredito que no final de 2009, estaremos com o Comercial totalmente sanado de dívidas. Em 2008, estamos trabalhando neste sentido, de negociar estas dívidas. Infelizmente, quem passou pelo Comercial não teve o cuidado de zelar pelo patrimônio do clube, ficou com medo e se escondeu das dívidas. Nós da atual administração não te mos medo, conversamos com todos nossos credores, fazemos propostas concretas e viáveis de cumprimento. O atual presidente Eduardo Prado está trabalhando nisso com afinco e logo poderemos dar a boa notícia ao nosso torcedor, de estarmos livres das dívidas do passado, das dívidas que tanto consumiram este clube.

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