Basquete | Da Redação | 13/02/2020 12h52

Sul-mato-grossense busca sonho no basquete americano

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O sonho de quase todo atleta de basquetebol é ir para os Estados Unidos ou passar por lá algum tempo. Isto é um fato. Quem sabe, um dia, disputar as principais ligas universitárias americanas e chegar aos confrontos da Associação Nacional de Basquetebol (NBA), que fascina a todos no globo, pelo alto nível técnico e competitivo, além da organização exemplar. Entre os brasileiros, poucos conseguem realizar este “devaneio” de estudar numa universidade estadunidense com bolsa e competir pela instituição.

O aquidauanense Eduardo Lane, de 20 anos, alcançou esta façanha. O atleta joga em território estadunidense desde 2017, onde atuou por duas temporadas (2017/18 e 2018/19) na National Junior College Athletics Association (NJCAA) [traduzido, significa Associação Nacional de Atletas Juniores Universitários] pela equipe da Marshalltown Community College (MCC), cuja alcunha é Tigers. A universidade comunitária pública pertence ao município de Marshalltown, no estado de Iowa, localizado na região Centro-Oeste dos Estados Unidos.

A NJCAA é uma liga esportiva demasiadamente competitiva, na qual somente juniores podem atuar. De acordo com o sistema de ensino estadunidense, em curso de graduação, os dois primeiros anos são básicos e, neste período, os juniores atuam pela NJCAA.

Em maio do ano passado, Eduardo Lane assinou contrato com a Universidade Estadual de San Jose (San Jose State University - SJSU), conhecida como Espartanos (Spartans), para a disputa da primeira divisão da Associação Atlética Colegiada Nacional (National Collegiate Athletic Association – NCAA). A liga possui, atualmente, cerca de 1 mil universidades filiadas, que atuam nas divisões 1, 2 e 3.

Para o atleta, mais do que a diferença técnica do basquete brasileiro em relação ao estadunidense, a maior cobrança está ligada ao desempenho escolar.

“O inglês é uma parte importante para o atleta estrangeiro, não importa o país. Esse é o nosso maior desafio, junto à cultura. Eu penso que não importa onde você esteja, se você fizer o seu melhor, ser humilde e respeitar o próximo, as pessoas vão te olhar de um jeito diferente”, acentua.

Lane revela que, para jogar e se manter no time titular de qualquer equipe universitária, é necessário manter uma boa média de notas nas instituições americanas de ensino superior, denominada Grade Point Average (GPA). “Se não tiver, no mínimo, 2.0 [o que corresponde, mais ou menos, a um conjunto de notas C], o atleta fica inelegível para jogar. Então, isso é algo que as instituições deveriam fazer no Brasil, para que muitos dos talentos que temos no país não parem de estudar ou jogar. Dá para conciliar estudo e esporte”.

O começo de tudo

Lane começou a jogar basquetebol com nove anos de idade, na escolinha do colégio Dom Bosco, sob orientação do professor Otto Silveira. Segundo o atleta, que o influenciou a começar a praticar foi seu pai, Ricardo Lane.

Do quinto ao nono ano do ensino fundamental, Eduardo Lane foi treinado por Ronaldo Monteiro e Dalton Xavier, nomes conhecidos do basquetebol sul-mato-grossense.

Pelo Dom Bosco, treinou até 2013. Já no ensino médio, Lane foi convidado para vestir as cores da Fundação Lowtons de Educação e Cultura (Funlec).

Na Funlec, Lane atuou em 2014 e 2015, passagem pela qual o atleta classifica como positiva e produtiva, com inúmeros títulos conquistados. Além disso, durante o período na instituição escolar, Lane foi convocado para a seleção estadual sub-15 (2014) e sub-17 (2015), jogando os campeonatos brasileiros de seleções dos respectivos anos, realizados na cidade de Poços de Caldas-MG.

Na parte pessoal de treinamento e supervisão de fundamentos, Lane salienta que Francisco Tardivo Delben, mais conhecido como Chico, jogador profissional de basquetebol que já vestiu as camisas de Araraquara e São José, ajudou-o ainda nos tempos de Funlec, ao lado do técnico Dirceu Fernando Garcia. O atleta acrescenta que o professor Eurdes Garcia, que treinara seu pai, também foi um dos responsáveis por sua formação física e técnica em Mato Grosso do Sul.

Lane transferiu-se para a Sociedade Esportiva Palmeiras, de São Paulo-SP, em 2016. Lá, obteve os seguintes resultados: vice-campeão do Campeonato Paulista sub-17, terceiro colocado no Paulista sub-19 e terceiro lugar no Aberto Paulista (adulto).

Em janeiro do ano seguinte, Eduardo fechou acordo com o Campinas Basquete Clube (CBC). Além de desenvolver o basquete, no clube o atleta também estudou inglês. Na ocasião, ficou acordado com o atleta e seu pai, que ele jogaria só o primeiro semestre pela equipe do CBC/Tênis Clube de Campinas (TCC), pelas categorias sub-19 e sub-22. No segundo semestre de 2017, Lane vislumbrava a ida para os Estados Unidos. E foi.

Em meio à rápida ascensão, Lane fez questão de salientar a diferença do modo de jogar brasileiro em relação ao basquete americano. “O estilo de jogo foi o que mais me deu trabalho, pois aqui nos EUA o jogo é muito corrido, diferente do Brasil que é mais pensado”. Sobre morar longe da família, o sul-mato-grossense revela sentir saudades, mas o período em que esteve em São Paulo foi importante para adaptação. “Não é fácil ficar longe da família, mas eu já tive experiências antes, então estava preparado para a mudança de país”.

Com humildade, Lane faz questão de agradecer ao seu primo Antonio Lane. "Ele me ajudou muito na transição do Brasil para os Estados Unidos, guiou-me e, na verdade ajuda até hoje".

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