“Disciplina é o que me faz levantar todos os dias e cumprir cada etapa do processo. Mentalidade positiva é o que transforma o esforço em prazer e me dá forças para acreditar que o impossível é só questão de tempo.” É assim que a atleta sul-mato-grossense Vitória Azambuja da Silva, nascida em 15 de janeiro de 1997, resume a filosofia que a levou a se tornar competidora de fisiculturismo.
A trajetória começou cedo, ainda na adolescência, quando ela se questionava sobre o caminho que queria seguir. “Quando eu tinha 15 anos, eu já admirava quem vivia do esporte. Sempre admirei os esportes. Tentei jogar futebol, mas não deu certo. Luta também não era para mim. Então, eu olhava para o fisiculturismo e achava superlegal quem vivia disso. Mas como eu ia chegar lá se minha família era toda sedentária?”, recorda.
A resposta veio com perseverança. Vitória relata que o início foi marcado por mudanças no estilo de vida e pelo enfrentamento de obstáculos. “Eu tive que ir sozinha assumir o meu propósito e vencer todas as barreiras. Vindo de um sobrepeso de 74 quilos, eu perdi 10 quilos em um ano, depois mais 10 sem muita pressa, mas sempre sabendo onde queria chegar.”
O processo se intensificou na faculdade, em 2018, quando morava em Santa Fé do Sul. Ali, ela deu o primeiro passo para uma rotina estruturada. “Foi quando iniciei o meu pontapé de querer fazer dois cardios por dia, ir na academia. Tinha coach bodybuilder, que me ajudou bastante. Eu já fazia dois cardios por dia, carregava minhas marmitas, tinha disciplina e organização. Todo mundo duvidava que eu ia conseguir chegar ao meu corpo dos sonhos. Pessoas pediam para eu desistir o tempo todo”, relembra.
Mesmo com a descrença de muitos, ela manteve o foco. Durante o período, trabalhava em uma empresa com diversos profissionais de saúde que acompanhavam sua evolução. “Eu trabalhava com uns 10, 15 dentistas, pessoas que me acompanharam desde a faculdade. Eles diziam: ‘Você não vai conseguir, desiste’. E aqui estou eu.”
Após temporadas na Baixada Santista, em São Paulo, Vitória fixou residência em Águas Claras, no Mato Grosso do Sul, onde recebeu apoio da comunidade esportiva local. “Fui muito bem recepcionada. Tenho parceria com loja de suplemento, com academia, e vejo que depois de ter mudado, meu lugar é no Mato Grosso do Sul, representando meu estado.”
Mais do que a conquista pessoal, ela destaca o impacto de sua jornada na vida de outras mulheres. “A minha maior conquista por ter me tornado atleta fisiculturista é hoje poder, através do meu exemplo, motivar muitas mulheres. Desde 2018, quando comecei sozinha, eu já tinha amigas que eu motivava. E hoje a minha maior realização é poder ajudar a transformar a vida delas através da minha performance.”
A rotina segue uma organização rigorosa, tanto nos treinos quanto na alimentação. “Eu sempre organizo semanalmente. Pego um dia da semana e preparo toda a proteína, carboidratos, legumes, saladas, frutas. Tudo separado em marmitas fracionadas para não errar comigo mesma. Nos treinos, sigo a orientação do meu coach, faço dois cardios por dia e busco manter o equilíbrio com evolução espiritual e mental.”
Vitória também fala sobre as inspirações que a mantêm firme no esporte. Parte delas vem de sua própria história familiar. “Eu vivi um luto muito grande com o falecimento do meu irmão em 2018. Ele fez uma cirurgia bariátrica e teve complicação de embolia pulmonar, vindo a óbito. Eu uso esse superpoder para me transformar e motivar outras pessoas. Além disso, venho de uma família sedentária, diabética, hipertensa. Eles são meus motivos principais para não querer ter uma vida assim no futuro.”
Ela cita ainda nomes do esporte que a influenciam. “Tenho bastante contato com a Rayane Fogal, uma atleta bem renomeada. Gosto da postura dela, da leveza, da garra, da evolução, e me inspiro nisso.”
Mesmo com a rotina exigente e as pressões que envolvem competições, Vitória diz que aprendeu a lidar com o processo. “No ano passado, tentei enganar a minha própria mente dizendo que não ia mais competir. Mas eu sou uma atleta de alta performance. Quero sempre entregar o melhor para os meus pacientes e para mim mesma. Então, lido bem com as pressões, porque sempre vai ser eu versus eu na minha própria evolução.”
O olhar também se volta para o futuro. “Após esse campeonato agora no final do ano, quero fazer um off bem feito, de qualidade, e continuar entregando o meu melhor. Sou uma pessoa determinada, confio no meu potencial e sei bem aonde quero chegar.”
A atleta acredita que o crescimento do esporte no estado abre novas oportunidades, especialmente para mulheres. “Vejo que está crescendo bastante o número de academias e de mulheres que estão se dedicando e melhorando a si mesmas. Me sinto lisonjeada de poder representar meu estado e sei que vou conseguir me destacar com disciplina e constância.”
Na mensagem que deixa para os jovens que pensam em iniciar no esporte, Vitória reforça a importância da autenticidade e da persistência. “Se é algo que te motiva a ser uma pessoa melhor, algo que ajuda outras pessoas a enxergarem que elas conseguem através do seu próprio exemplo, nunca desista de ser você mesma.”
A trajetória de Vitória mostra que o caminho até o fisiculturismo foi construído ao longo de mais de uma década, desde a adolescência até o momento atual. Uma rotina moldada por disciplina, organização e mentalidade positiva, que ela resume em uma frase que carrega como lema: “Sem disciplina não há resultado, sem mentalidade não há constância. E é essa união que me leva para o palco pronta para vencer.”