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Victor projeta carreira nacional na arbitragem e relata desafios em MS

da redação - 18 de jun de 2025 às 10:50 48 Views 0 Comentários
Victor projeta carreira nacional na arbitragem e relata desafios em MS Da Redação

Com apenas 22 anos de idade, Victor Augustho Barbosa Pereira atua como árbitro de futebol em Mato Grosso do Sul e já planeja alcançar as divisões nacionais da arbitragem brasileira. Nascido em Campo Grande no dia 4 de setembro de 2002, Victor começou cedo sua caminhada no futebol e afirma que a vocação para o apito surgiu da convivência com a bola desde a infância — e da influência direta do pai, Marcos Mateus Pereira, também árbitro.

“A minha motivação para ser árbitro de futebol foi meu amor pelo esporte desde a infância e poder ter acompanhado a carreira inteira do meu pai. Ele sempre foi uma inspiração pra mim, e o futebol é algo tradicional na minha família”, relata Victor. A convivência com o futebol desde cedo o aproximou dos bastidores dos jogos, quando atuava como gandula e mesário em campeonatos. “Mesmo quando atleta, sempre tive a vontade de entrar no campo como árbitro”, acrescenta.

A entrada oficial na arbitragem veio com a oportunidade de participar de um curso, que ele encarou como um passo natural: “Anos depois, surgiu a oportunidade de entrar para o curso e então agarrei a oportunidade.”

Apesar da juventude, Victor já identifica os desafios que envolvem a função, especialmente quando se trata da autoridade em campo. “Atualmente, meu maior desafio quando estou atuando tem sido manter e conquistar o respeito daqueles que já trabalham com isso há anos. A maioria das comissões técnicas não respeita alguém mais novo em posição de autoridade e isso gera conflito quase que todo jogo”, afirma.

A preparação para um bom desempenho em campo exige, segundo Victor, constância e disciplina. O árbitro mantém uma rotina física intensa e considera que os cuidados para uma partida começam com antecedência. “Hoje pra mim, um jogo de estadual começa 48 horas antes do apito inicial. É quando começo a regular meus aspectos de sono e alimentação para render o máximo dentro de campo”, explica. “Além do corpo, busco enriquecer a mente nesse período.”

Além da preparação física, o jovem também analisa as equipes antes de cada jogo. “Quem são as equipes? Como jogam? Qual o contexto do jogo? Tudo isso deve ser analisado antes de entrar em campo para uma melhor performance do árbitro”, detalha.

Victor também ressalta a importância da resiliência e da coragem como qualidades fundamentais na arbitragem. “Você consegue imaginar o mental necessário para expulsar um jogador do time da casa em um estádio lotado?”, questiona. “Ter a clareza mental para interpretar a regra em um ambiente de alta pressão e a coragem para aplicá-la mesmo quando o ambiente vai totalmente contra você. Isso é alto rendimento.”

As críticas também fazem parte da rotina de um árbitro, e ele reconhece que o preparo emocional é necessário para saber como lidar com elas. “Críticas são parte da jornada, como você lida com elas diz se você vai chegar ou não. Eu busco sempre melhorar, sou humano e cometo erros”, comenta. Ainda assim, Victor faz uma distinção entre críticas construtivas e as que nascem da paixão do torcedor: “Boa parte das críticas à arbitragem vem com desconhecimento de regra e enviesada pelo sentimento de torcedor. O árbitro deve saber filtrar.”

Mesmo com as dificuldades, o árbitro reconhece o trabalho que vem sendo feito no Estado, embora ressalte que ainda há um caminho a ser percorrido para incentivar a entrada de novos profissionais. “Infelizmente, hoje não somos muitos árbitros no estado da minha geração, diferente de estados referência como São Paulo, onde existem programas que incentivam a arbitragem ainda no ensino médio”, diz. Em contrapartida, valoriza a atuação da federação local: “A federação aqui faz um trabalho muito bom com os mais novos como eu. Temos um canal de dúvidas com os mais antigos, aulas semanais, testes físicos e orientações frequentes.”

Victor teve uma experiência marcante ainda como estagiário na partida de ida da final do Campeonato Sul-Mato-Grossense da Série A. A ocasião foi especial por dois motivos: o clima de decisão e a presença de seu pai como árbitro principal. “Foi de fato uma partida muito marcante. Poder acompanhar meu pai em ação naquela final e os bastidores dos árbitros que pra mim são referência no estado foi algo marcante na minha vida”, lembra.

Sobre as transformações recentes no futebol, Victor vê com bons olhos a chegada do VAR e outras inovações tecnológicas. “Tecnologia e inovação são sempre o caminho para a evolução. O VAR vem para somar ao nosso futebol. Acredito que para árbitros da minha geração seja uma ferramenta que teremos que conhecer como a palma da mão.”

Com relação ao futuro, ele não esconde que mira os quadros nacionais da arbitragem. “A CBF é o sonho de todo jovem árbitro. O caminho até lá é árduo como o de todo atleta de alto nível. Quero respeitar os processos e passar por todas as etapas até chegar lá, mas meu grande sonho é com toda certeza o escudo CBF e poder representar meu estado a nível nacional.”

Por fim, Victor deixa um recado para quem deseja seguir a carreira de árbitro: “Treinem e estudem. Com dedicação e treinamento, tudo é possível. Se mantenha no caminho correto e busque sempre ser melhor mantendo a humildade. A arbitragem brasileira é de uma exigência muito alta. Lembre-se, não há espaço para quem não tem postura profissional.”

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