Último a tentar enfrentar o ex-presidente Francisco Cezário em uma eleição na FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Paulo Telles afirmou que a nomeação de Estevão Petrallas na entidade pegou os presidentes dos clubes de surpresa. O ex-presidente do Cene está afastado do futebol há mais de 10 anos e tentou, em 2022, desbancar o até então todo poderoso do futebol local, mas teve sua candidatura impugnada.
“Os clubes estavam reunidos para discutir uma situação e ele [Petrallas] estava na CBF tentando uma situação que deu êxito. Isso não pegou bem para os clubes que estavam reunidos, pegou todo mundo de surpresa. Penso que, se o Estevão tivesse comunicado ao pessoal, ou a uma grande maioria, avisando: ‘pessoal, estou no Rio de Janeiro, vou falar com o presidente da CBF e me colocar à disposição. O que vocês acham? Concordam ou não concordam?’. Acho que todos os clubes naquele momento concordariam porque o futebol estava largado e precisava de um rumo”, ressaltou Telles em entrevista ao podcast Na Íntegra, do Campo Grande News.
O economista Estevão Antônio Petrallás foi indicado no dia 27 de maio, pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), para exercer interinamente a presidência da FFMS, que passa pelo maior escândalo de corrupção de sua história. Ele substitui Francisco Cezário, que está preso desde o último dia 21 de maio, por suposto envolvimento em organização criminosa que afanava o dinheiro da entidade.
A interinidade foi fixada em 90 dias, podendo ser alterada pela CBF. A decisão foi baseada no parecer das diretorias de Governança e Conformidade e Jurídica. A posse de Petrallás foi dada pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
Escândalo - A operação “Cartão Vermelho” foi desencadeada no dia 21 de maio e investiga possível lavagem de dinheiro na FFMS. A entidade recebe recursos do Estado e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e há 28 anos era chefiada por Cezário, que acabou preso.
Segundo o MPE, durante 20 meses de investigação, foi constatado que se instalou na entidade uma organização criminosa, cujo principal objetivo era desviar valores, sejam provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da Confederação, em benefício próprio e de terceiros.
Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da FFMS, em valores não superiores a R$ 5 mil, para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema.
Nessa modalidade, ainda conforme o Gaeco, verificou-se que os integrantes da suposta organização criminosa realizaram mais de 1,2 mil saques, que ultrapassaram o montante de R$ 3 milhões.
Os investigados também possuiriam um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.
Ainda segundo o MPE, esse esquema estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações, seja de serviços ou de produtos.