Da Redação
A trajetória de Emilly Vitória Ferreira de Assis, jovem judoca de Campo Grande (MS), é marcada por superações, disciplina e conquistas que vão muito além das medalhas. Integrante da equipe Judô Futuro, ela iniciou no esporte em maio de 2017, por meio de um projeto escolar. Na época, tinha apenas dez anos. O que era apenas mais uma atividade extracurricular se transformou rapidamente em paixão, rotina e, com o tempo, propósito de vida.
“Comecei no esporte através de um projeto na escola”, relembra. Desde então, o tatame se tornou um espaço essencial na sua formação como atleta e como pessoa. “O judô na minha vida é como uma terapia. Se eu não estou bem, eu treino. Se estou feliz e quero comemorar alguma coisa, eu também treino”, explica. Para Emilly, o judô é mais do que um esporte: é um canal para lidar com emoções, um refúgio, uma maneira de continuar, mesmo diante das dificuldades.
E elas não foram poucas. A jovem carrega consigo experiências que moldaram sua jornada, como o luto pela perda do sensei Alessandro Nascimento, uma figura fundamental em sua formação. “Os principais desafios que já enfrentei na minha trajetória como atleta sem sombra de dúvidas foram a dificuldade financeira para manter as competições e ter vivido o luto pela perda do meu sensei”, diz. Apesar do impacto, ela encontrou forças para seguir e transformar a dor em motivação.
A rotina de Emilly é intensa. São dois treinos por dia, cinco vezes por semana, dividindo o tempo entre o tatame, os estudos e a vida pessoal. “Conciliar os treinos com os estudos é a parte mais complicada por conta dos campeonatos fora do estado. Às vezes, acabo tendo que fazer mais trabalhos que os demais da sala”, conta. Apesar disso, ela acredita que consegue equilibrar suas responsabilidades e escolhas, mesmo que precise, eventualmente, abrir mão de momentos com os amigos para manter o foco nos treinos.
A dedicação trouxe frutos importantes. Em 2023, conquistou uma medalha no Campeonato Pan-Americano, uma das principais competições de sua carreira. “Foi logo após eu ter começado a competir. Essa medalha fez com que muita gente acreditasse em mim”, afirma. O reconhecimento, para ela, é uma consequência do esforço contínuo, mas também um combustível para seguir sonhando mais alto.
A jovem judoca já representou Mato Grosso do Sul e o Brasil em competições fora do Estado e até fora do país. Nessas ocasiões, o sentimento é sempre o mesmo: “É uma experiência completamente diferente. É uma animação, mas ao mesmo tempo medo e ansiedade, alegria. Poder representar o seu estado ou até mesmo seu país pelo esporte que você ama não tem preço”, relata.
Em dias de competição, Emilly tem seus próprios rituais para manter o foco e controlar a pressão. Além da companhia de amigos e familiares, que considera uma fonte de segurança e confiança, ela tem um gesto especial que leva para dentro do tatame. “Quando estou prestes a entrar, faço um sinal com as mãos, um jutsu de Naruto, o qual peguei de inspiração do Darlan do vôlei. E sempre faço minha oração e o sinal da Santa Cruz antes de lutar.”
As referências da jovem vêm tanto de figuras próximas quanto de nomes consagrados do esporte. Dentro do tatame, ela guarda o legado do sensei Alessandro, falecido recentemente, e se inspira também na atleta japonesa Uta Abe, campeã olímpica. Fora dele, carrega os valores que aprendeu ao longo dos anos com o judô: respeito, humildade, superação.
Para o futuro, Emilly sonha alto. “Quero ser reconhecida pelos meus feitos dentro do tatame. Quero chegar ao campeonato mundial”, afirma. A meta, embora ambiciosa, é alimentada diariamente com esforço, perseverança e uma mentalidade que valoriza cada passo da jornada. Ela sabe que o caminho é longo, mas também sabe que é capaz.
A mensagem que deixa para outras meninas que desejam seguir carreira no esporte é direta e baseada na própria vivência: “Sempre acreditem em si mesmas e nunca desistam de um sonho. Se você quer alguma coisa, faça acontecer. Mas nunca deixe de ser humilde, porque a humildade é a virtude mais bonita que tem.”