Nascido em Campo Grande no dia 1º de dezembro de 2002, o atleta Paullo Camargo tem usado sua trajetória no voleibol para apontar caminhos e levantar questionamentos sobre o futuro do esporte no estado. Aos 22 anos, ele defende a equipe União CG Vôlei e fala com clareza sobre suas origens, os desafios enfrentados e o que ainda falta para o vôlei sul-mato-grossense ganhar mais força em nível nacional.

A primeira vez que Paullo teve contato com o esporte foi de maneira informal, em um sábado na escola. Era 2015 e, durante um evento conhecido como "sábado da família", ele viu um grupo de crianças jogando vôlei de grama. “Foi ali que surgiu a paixão pelo vôlei”, conta. O incentivo veio rápido. O professor Luís Eduardo M. Sinesio o convidou para treinar com o grupo da escola, e a partir dali o esporte se tornou parte essencial de sua vida.

De lá para cá, Paullo construiu uma trajetória marcada por empenho, conquistas e uma convivência próxima com a realidade de ser atleta em um estado onde o voleibol ainda luta por estrutura e visibilidade. “Acho que o maior desafio de qualquer atleta é a saudade da família, mas graças a Deus sempre tive meu irmão gêmeo ao meu lado”, afirma.

Atualmente, o atleta está vinculado à equipe União CG Vôlei, uma das poucas que mantém um projeto competitivo dentro de Mato Grosso do Sul. Ele ainda não assinou contrato com equipes de fora do estado, mas mantém o foco no desenvolvimento pessoal e no crescimento do esporte na região. Os treinos, segundo ele, são intensivos e voltados para evolução constante. “Tenho a pessoa certa ao meu lado para me ajudar”, diz, sem entrar em detalhes, mas demonstrando gratidão pelo apoio que recebe.

Entre as conquistas que marcaram sua caminhada, Paullo destaca um momento em especial. “O título mais importante eu colocaria meu primeiro, que foi em Santa Catarina, no meu primeiro clube fora do estado, em 2017”. A lembrança não é apenas pelo troféu em si, mas pelo significado simbólico de ter saído de Campo Grande ainda jovem para representar outro time em cenário competitivo.

Curiosamente, sua primeira experiência representando Mato Grosso do Sul em nível nacional não foi no voleibol. Em 2016, Paullo disputou uma competição nacional de badminton. “Tive a experiência de representar o estado em 2016, mas não como atleta de vôlei, e sim no badminton”, conta, rindo da lembrança. A diversidade de vivências mostra a versatilidade e a disposição do atleta em aproveitar oportunidades esportivas, independentemente da modalidade.

Com os pés firmes na quadra, Paullo também olha para o futuro do esporte com senso crítico e responsabilidade. Para ele, o voleibol no estado ainda carece de políticas públicas e estrutura sólida. “Precisamos de mais incentivos do governo, mais bases e um nível adulto mais forte. Não temos sequer um time disputando nível nacional”, afirma. A ausência de clubes em competições expressivas, segundo ele, limita o desenvolvimento dos atletas locais e reduz as possibilidades de projeção.

Por isso, um de seus planos para o futuro envolve diretamente a formação de novos atletas. Paullo quer abrir uma escolinha de vôlei. “Como disse, o estado precisa de base. Precisamos de mais crianças praticando esportes”. O projeto, segundo ele, será uma forma de retribuir ao esporte tudo o que recebeu, além de contribuir com o fortalecimento da modalidade desde as categorias de entrada.

Quando o assunto são referências dentro das quadras, Paullo não menciona grandes nomes do cenário internacional ou atletas consagrados das seleções brasileiras. Ele prefere voltar o olhar para dentro de casa. “Minha maior referência no voleibol se chama Sérgio Camargo. Ele é o melhor no que faz”, resume. O reconhecimento, que pode ser direcionado a um familiar ou mentor próximo, revela um perfil de atleta conectado com suas raízes e afetos.

Aos jovens que estão começando, Paullo deixa uma mensagem direta, baseada em sua própria vivência: “Acredite sempre em você e no seu potencial. Vai buscar o que é seu, porque o que é seu só você pode alcançar”.