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"Tem que sair da bolha”: Atleta de MS se destaca no vôlei de praia paranaense

da redação - 6 de jun de 2025 às 14:03 103 Views 0 Comentários
"Tem que sair da bolha”: Atleta de MS se destaca no vôlei de praia paranaense Da Redação

Aos 21 anos, a sul-mato-grossense Larissa Silva segue construindo sua trajetória no voleibol, com passagens tanto pelas quadras quanto pelas areias. Natural de Campo Grande, a atleta de 1,73m começou no esporte ainda na infância, praticando futsal e vôlei de quadra. “Eu jogava futsal e minha irmã vôlei de quadra. O meu treino era primeiro que o dela, só que eu tinha que ficar esperando para irmos embora juntas. Aí eu acabava treinando vôlei junto com ela”, conta.

A afinidade com o esporte se consolidou e, mais tarde, Larissa conheceu o vôlei de praia. “Um amigo meu começou a jogar vôlei de praia e a mãe dele era minha amiga também. Um dia ela me chamou para ir ver ele treinar. As treinadoras gostaram de mim, falaram que eu tinha o biotipo para o vôlei de praia e, na outra semana, eu já tinha marcado de fazer uma aula experimental. Foi amor à primeira vista”, relembra. Assim, Larissa iniciou seus treinos no CT Bel e Lilian, em Campo Grande.

Ainda adolescente, Larissa enfrentou um dos momentos mais decisivos da carreira: optou por se afastar do vôlei de praia e focar na quadra, onde encontrava mais conforto e estabilidade. “Cheguei em uma fase que eu não estava me sentindo bem psicologicamente e decidi parar com o vôlei de praia. Continuei só com a quadra, que era o que estava me fazendo bem”, afirma.

Foi nesse contexto que surgiu a oportunidade de participar de uma peneira para o clube Unilife, de Maringá (PR), que na época ainda se chamava Amavolei. “Meu técnico me inscreveu e mandou meus vídeos jogando vôlei de quadra. Eu passei e, em menos de um mês, saí de casa com 15 anos, sem conhecer ninguém, e vim morar em Maringá em uma república com 14 meninas de vários estados”, relata.

Larissa permaneceu três anos defendendo o clube na quadra, mas, com o tempo, o desejo de retornar à areia falou mais alto. “Meu coração gritava querendo voltar a jogar vôlei de praia”, diz. Foi então que surgiu a oportunidade de participar de uma peneira na Associação Maringaense de Vôlei de Praia (AMVP), em 2022. Ela se inscreveu, foi aprovada e permanece até hoje na equipe.

A transição entre as modalidades exigiu adaptação e escolhas difíceis. Em 2022, chegou a conciliar a rotina intensa de treinos e competições no vôlei de praia e na quadra. “Eu jogava profissionalmente os dois. Era uma rotina bem intensa, pois eu saía de um treino e já ia para o outro. Quando batia os horários ou campeonatos, eu tinha que dar prioridade para a quadra”, explica. Ao final daquele ano, no entanto, Larissa optou por se dedicar exclusivamente ao vôlei de praia: “Chega o momento que realmente temos que decidir só uma, e eu escolhi o vôlei de praia”.

Ela destaca as principais diferenças entre as modalidades: “Atuar na areia te deixa um jogador mais completo, pois ali você saca, levanta, ataca, passa, bloqueia, defende e automaticamente acaba se cobrando mais. Você precisa ter um bom condicionamento físico e uma boa preparação. Na quadra, cada um já tem sua função e isso faz com que tenha bem menos responsabilidades”.

A trajetória esportiva de Larissa é marcada por uma série de conquistas expressivas. No Mato Grosso do Sul, ela foi pentacampeã estadual sub-18, bicampeã estadual sub-20, campeã estadual adulta, bicampeã dos Jogos Escolares e vice-campeã dos JOJUMS (Jogos da Juventude de Mato Grosso do Sul). Também integrou a seleção estadual de vôlei de quadra, conquistou o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro, além de ter sido vice-campeã da Copa Pantanal e do estadual.

No Paraná, o currículo segue robusto. Pelo vôlei de praia, alcançou o quarto e o quinto lugares no Campeonato Brasileiro Sub-21, o quarto lugar no CBI Sub-21, além de ter sido campeã e vice-campeã paranaense adulta. Na quadra, também obteve destaque: “Fui campeã dos Jogos Escolares na fase municipal, regional e macro regional, duas vezes vice-campeã estadual sub-19 e terceiro lugar no Paranaense sub-19”, enumera.

Para ela, cada uma dessas conquistas foi fundamental para sua formação. “Tenho um carinho e apego muito grande por cada momento e medalha que já conquistei. Todas essas conquistas foram peças-chave para o meu crescimento”, reconhece.

Hoje, Larissa integra a estrutura da Associação Maringaense de Vôlei de Praia, onde destaca as melhorias recentes. “O CT está de cara nova e a estrutura que foi e está sendo construída está absurda, muito completa e com profissionais capacitados para nos ajudar 100%”, elogia.

O foco da atleta para a temporada atual está bem definido. “Meu principal objetivo é passar do ‘qually’ do Circuito Brasileiro Adulto”, revela. Mas também aponta metas mais subjetivas: “Dar o melhor de mim, independentemente dos resultados, não me cobrar tanto e aproveitar cada campeonato”.

Larissa também observa com entusiasmo o crescimento do vôlei de praia no Brasil, especialmente no contexto feminino. “Cada vez mais vem aumentando a procura para praticar o vôlei de praia, e isso é muito bom. Vamos ganhando mais visibilidade e reconhecimento no esporte”, avalia.

Ao refletir sobre sua trajetória, a atleta sul-mato-grossense não deixa de reconhecer a importância das pessoas que estiveram ao seu lado, desde o início em Campo Grande até as experiências em Maringá. “Todas as pessoas que passaram pela minha vida durante todo esse ciclo são importantes de certa forma, pois me ajudaram a crescer e amadurecer também, me tirar da zona de conforto e me mostrar a realidade da vida de um atleta. Eu sempre serei grata por cada pessoa que me ajudou diretamente ou indiretamente”, declara.

Por fim, Larissa deixa um conselho direto para os jovens atletas do Mato Grosso do Sul que sonham em seguir carreira no voleibol: “Saiam do estado. Se você realmente quer seguir carreira profissional, tem que sair da sua bolha e procurar times grandes, com estruturas boas e preparados para te dar todo o suporte que você vai precisar”.

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