Há oito anos à frente do desenvolvimento do handebol em Chapadão do Sul, o técnico Adriano de Paula Ferreira, conhecido como “Adriano Pão”, tem conduzido um trabalho contínuo que combina formação esportiva com transformação social. Natural de Cassilândia, nascido em 25 de janeiro de 1988, Adriano começou sua trajetória como goleiro de handebol, atuando por diversas cidades da região, como Cassilândia, Aparecida do Rio Doce e Chapadão do Sul. Ele disputou campeonatos estaduais, como os organizados pelas federações de Mato Grosso do Sul (FHMS) e de Goiás (FGHb), além de jogos abertos e ligas regionais.
O convite para assumir uma nova função no esporte veio em 2018, feito pelo técnico Agnaldo Júnior. “Em 2018 tive o convite do meu técnico @Agnaldopcjunior pra assumir equipes de base em Chapadão do Sul, ali começou um novo projeto, o @fhc.2018”, recorda. A sigla FHC refere-se à equipe que representa a cidade em competições escolares e regionais.
Adriano é licenciado em Educação Física, com pós-graduação em Educação Física Escolar. Possui também formação técnica em handebol com certificações de nível 1 e 2. Seu apelido, “Pão”, surgiu de forma espontânea ainda na juventude, durante o tempo em que estudava na escola agrícola de Cassilândia. “Já fui mobral, e ali não passa em liso sem um apelido. Me jogaram um pão na fila do lanche e apelei, pegou”, relata com bom humor.
Desde que assumiu as equipes em Chapadão do Sul, Adriano contabiliza resultados expressivos em competições estudantis. No JEMS (Jogos Escolares de Mato Grosso do Sul), venceu o masculino em 2019, em Jardim, e foi terceiro colocado em Campo Grande, em 2024. No feminino, foram dois vice-campeonatos: um em Jardim, em 2019, e outro em Dourados, em 2021. Já no JOJUMS (Jogos da Juventude de Mato Grosso do Sul), liderou a equipe masculina à conquista do título em Campo Grande, em 2023, e a outros três vices entre 2021 e 2024. No feminino, o time foi vice-campeão estadual por três anos consecutivos, entre 2021 e 2023.
Além das competições estaduais, a equipe comandada por Adriano também brilha em torneios regionais e interestaduais. Na Copa Centro-Oeste, venceu em Brasília e foi terceiro colocado em Rio Verde (GO) e em Campo Verde (MT). Também se destacou na Copa Mão na Bola, realizada em Rio Verde, sendo bicampeão em 2022 e 2023.
Segundo Adriano, o handebol chegou a Chapadão do Sul apenas em 2015, de forma embrionária, dentro das aulas de educação física escolar. “Chapadão do Sul começou o handebol em 2015. Não tinha nem na escola. Começamos do zero, professor Agnaldo e eu ajudando ele com a iniciação na educação física escolar”, explica. A partir desse esforço inicial, surgiu um projeto mais robusto que hoje integra a vida de dezenas de jovens.
O técnico destaca também o avanço do esporte em nível estadual. “O handebol do MS cresceu demais. Muitos times novos, tá lotando as Copas e campeonatos estaduais. Fomos pro brasileiro esse final de semana com três equipes de MS”, celebra.
Para além das conquistas dentro das quadras, Adriano Pão vê seu papel como educador e transformador social. Segundo ele, o maior desafio do trabalho diário está na realidade das crianças atendidas pelo projeto. “Maiores desafios é lidar com crianças sem estruturas familiares, depressivas, ansiosas. Projeto social pra tirar elas da rua e transformar em atletas do futuro”, afirma. “Tirar das ruas, das drogas, das bebidas e dos cigarros... Principal foco da FHC.”
A filosofia de trabalho valoriza o esforço, a disciplina e o sentimento de pertencimento. “Raça, foco e determinação. Lutar até o último segundo e representar a nossa família FHC, levar ao topo do pódio”, resume.
O técnico também acompanha com orgulho os frutos do projeto, que hoje se traduzem em atletas de Chapadão do Sul atuando em clubes importantes do Brasil. Entre os nomes citados estão Marcos Paulo, no Nacional; Gustavo Moura e Larah Komatsu, na Portuguesa; Gabriel Mariano, no Rio Claro (SP); Emily Evangelista, em São José (SP); Lais Albuquerque, em Pindamonhangaba; e Luiz Fernando, no Paraná. “Atletas que servem de espelho pra os mais novos, que sonham e acreditam na sua oportunidade”, diz.
Entre os grandes momentos vividos pela equipe, Adriano destaca a participação no Campeonato Brasileiro de Clubes, em Pará de Minas (MG), em 2023. “Jogamos o brasileiro em Pará de Minas, onde estava a elite do handebol do Brasil. Conhecemos de perto Pinheiros, Taubaté, Hércules, Itajaí, GHC. Depois dessa participação, aconteceu muita coisa.”
Sobre o futuro, o técnico é direto: quer formar cidadãos por meio do esporte. “Formar cidadãos de bem, levar o esporte pra vida. Participar dos maiores eventos e mostrar nosso potencial por onde formos”, projeta.