Da Redação
Rone Cleverson Scariot da Silva nasceu em 1º de dezembro de 1998, em Campo Grande (MS). Hoje, aos 26 anos, ele é um dos muitos exemplos de pessoas que encontraram no ciclismo não apenas um esporte, mas um novo estilo de vida. Sua relação com a bicicleta começou sem grandes pretensões. “Começou como forma de emagrecimento, pois eu pesava mais de 100 quilos. Aí acabei me encontrando no esporte. O que me motiva é saber que posso ser bom em alguma modalidade, pois nunca tinha me encontrado em esporte nenhum”, contou.
A motivação inicial era perder peso, mas o pedal rapidamente ganhou um novo significado. Rone transformou o hábito de pedalar em rotina e passou a enxergar na modalidade uma ferramenta de superação pessoal. Com o tempo, o ciclista amador passou a dedicar grande parte de seus dias de folga aos treinos, conciliando a prática com uma jornada de trabalho desafiadora. “Meu trabalho é 12 por 36, então na minha folga faço meus treinos. Um dia de treino, outro de descanso. No caso, eu descanso trabalhando”, explicou.
Com a rotina ajustada entre o serviço e as pedaladas, Rone acumulou experiências e vivências marcantes nas estradas e trilhas de Mato Grosso do Sul. Uma delas, segundo ele, foi a participação na prova Pata da Onça, que percorre 250 quilômetros. “Foi uma prova que marcou muito para mim”, disse. O evento é conhecido entre os ciclistas da região por exigir resistência física, preparo mental e disciplina — qualidades que Rone vem desenvolvendo desde que começou no esporte.
Ele pedala atualmente com uma bicicleta Audax 555, equipada com grupo 7.5 Oggi. Para Rone, alguns acessórios são fundamentais para quem quer evoluir no ciclismo. “O essencial é sensor de cadência e de batimento, são muito importantes”, afirmou. A preocupação com o controle do esforço e o acompanhamento do desempenho mostram que, mesmo sendo amador, o ciclista leva o treinamento com seriedade.
E essa dedicação tem um propósito. Rone traçou metas ambiciosas para os próximos anos. “Ano que vem eu almejo subir para a pró. Quero federar e correr provas federadas. Também quero treinar o dobro do que estou treinando e me dedicar muito mais”, declarou. A ideia de se profissionalizar no esporte está entre seus principais objetivos, um caminho que ele vem construindo com paciência e persistência.
Nem tudo, porém, é simples. O ciclista já enfrentou momentos difíceis ao longo de sua trajetória, inclusive com lesões e quedas. “Nem tudo são flores. Já caí em competições e até mesmo em treinos. Hoje mesmo estou com uma lesão no joelho da prova Pata da Onça, que até agora não sarou, mas estou levando devagarinho”, contou. A fala resume o espírito de quem entende que o esporte é feito também de dor e aprendizado.
Para os iniciantes, Rone faz questão de compartilhar um dos ensinamentos mais valiosos que aprendeu. “Ter paciência é o principal. Aprendi isso com o tempo, pois não adianta se matar de treinar em um curto período. A gente só melhora com o tempo, pouco a pouco. Então tenha paciência que as coisas vão fluir”, aconselhou.
O ciclista acredita que o esporte mudou sua vida em vários aspectos. Além da melhora física, ele destaca o impacto na saúde mental. “Tenho uma vida saudável, cuido do meu corpo e minha saúde mental melhorou demais. Tem coisas que o dinheiro não compra, e pedalar é uma delas para mim”, disse. A bicicleta, que antes era apenas uma ferramenta para perder peso, virou uma aliada para manter o equilíbrio emocional e o bem-estar.
A trajetória de Rone é feita de disciplina, aprendizado e também de boas histórias. Uma delas aconteceu há cerca de oito anos, quando o pedal ainda era mais recreativo do que competitivo. “No meu primeiro pedal, eu e mais cinco amigos combinamos de sair para pedalar. Pedalamos até um bar, sete quilômetros, e tomamos um porre de cerveja. Gastei o dinheiro do sabão em pó que era para eu comprar, mas meus amigos compraram para mim. Nesse dia, a gente criou o grupo PedalJar, de Jaraguari”, recordou, rindo. O grupo, formado por amigos de longa data — Teocir, Reinaldinho, Rony, Milton e o próprio Rone —, acabou sendo o ponto de partida de uma jornada que hoje o leva a planejar competir em provas federadas.
Mais do que resultados e conquistas, o que impulsiona o ciclista é o apoio das pessoas ao seu redor. “Hoje muitas pessoas acreditam em mim, e isso me motiva a continuar cada vez mais no pedal. Minha família, minha noiva… isso me faz continuar”, afirmou.