Rodrigo Ribeiro Azevedo começou no futebol aos 16 anos, em 1994, e desde então passou por mais de uma dezena de clubes espalhados pelo país. Natural de Palmeira das Missões (RS), o ex-goleiro hoje vive uma rotina que mistura escola, projeto social e escolinha de futebol em Mato Grosso do Sul. Com formação em Educação Física e especialização em fisiologia, ele conduz diariamente jovens e adolescentes em busca de um futuro dentro — e fora — do campo.
"Comecei em 1994 em uma equipe chamada Ouro Verde, lá mesmo na minha cidade", relembra Rodrigo. "Depois fui seguindo carreira pelos clubes do Brasil. Foram mais de 12 equipes no futebol... E o que me motivou a seguir é o amor ao esporte, principalmente pelo futebol."
A trajetória como atleta pavimentou o caminho para a carreira fora das quatro linhas. Rodrigo se tornou treinador, mas acabou assumindo também a preparação de goleiros por uma necessidade prática. “Na verdade, eu fazia as duas funções: treinador e preparador de goleiro, porque era difícil contratar um preparador de goleiro. Então eu começava mais cedo a preparação dos goleiros e depois ia passar o treinamento para os outros atletas junto com minha comissão técnica.”
A divisão de tarefas exigia equilíbrio e organização. “Enquanto o Aguiar fazia um trabalho físico com os jogadores, eu ficava treinando os goleiros. Nossa comissão é bem unida, um ajudando o outro”, explica.
A afinidade com a posição que ocupava como jogador ainda é uma constante. Rodrigo mantém uma atenção especial aos arqueiros, especialmente os mais novos. “Trabalhar com goleiro, eu particularmente, que fui goleiro, gosto muito. E sei que é uma função que precisa de muito cuidado e atenção, principalmente para os meninos que estão começando na base.”
Sobre o que considera essencial para um bom goleiro, ele destaca aspectos físicos, técnicos e comportamentais. “Tem que ter boa estatura, envergadura, visão e leitura de jogo, saber jogar com os pés, equilíbrio emocional. Tem que gostar de treinar muito e saber orientar a equipe, pois ele está sempre de frente para o jogo.”
Rodrigo hoje atua no SERC, clube sediado em Chapadão do Sul, em um projeto social que atende dezenas de jovens. Também trabalha em uma escola da cidade e mantém uma escolinha de futebol no período noturno. “Acredito que tudo que é bem desenvolvido e bem feito faz muita diferença para o futuro das crianças e, com isso, para o esporte em geral”, diz.
Entre os atletas que passaram por seus treinamentos, alguns seguem carreira profissional, tanto no masculino quanto no feminino. Ele cita nomes como Vinícius Locatelli, Arthur Moura, Issa Pozzer, Arthur Santin, Isaac, Aline, Isabella, Rayssa, Yasmin e Zane. “Estão no cenário do futebol mundial e passaram por Chapadão do Sul”, conta.
A vivência como professor de Educação Física, segundo ele, tem papel direto no trabalho dentro de campo. “Tenho que planejar os treinamentos e não posso aplicar treinos que possam causar lesões nos atletas, até porque nosso clube não tem fisiologista e outros exames que possam detectar desgaste.”
Pensando nisso, ele buscou ampliar sua formação. “Terminei no final do ano passado uma pós-graduação em fisiologia do exercício pra tentar ter mais conhecimento e não errar na hora de treinar os atletas.”
Para além do aspecto físico, Rodrigo reforça o papel do esporte como ferramenta de transformação social. “Vejo o esporte como a principal ferramenta para evitar que os jovens se envolvam em outras coisas que não convêm à sua saúde. Pra mim, esporte é inclusão, saúde, segurança e ajuda na formação de bons cidadãos para o futuro.”
Apesar do trabalho constante na base, ele mantém o desejo de retornar ao futebol profissional. Já teve experiências de destaque no cenário estadual e pretende voltar ao ambiente de alto rendimento. “Pretendo retornar para uma equipe profissional porque acredito no meu trabalho. Já provei isso quando assumi meu primeiro clube profissional na Série B e, junto com a comissão técnica e principalmente com os atletas, subimos para a Série A.”
Para Rodrigo, o avanço do futebol sul-mato-grossense passa pela valorização dos atletas locais. “A evolução tem sido boa, principalmente os que eu conheço que estão fora do estado jogando. Acredito que precisamos valorizar mais nossos atletas dentro do estado, dar mais oportunidades para que possam evoluir mais.”
Essa valorização, na opinião dele, começa pela base. “Sou um cara que acredita muito no trabalho. Temos que fortalecer a base com bons profissionais e dar oportunidade para ambos terem sua chance de evolução.”
Com mais de 30 anos de envolvimento com o futebol, Rodrigo segue construindo sua história em Mato Grosso do Sul, entre campos de terra e gramados oficiais, com um olhar atento ao desenvolvimento técnico dos atletas, mas também ao impacto social de seu trabalho. “Estou sempre seguro e confiante. Sei que tudo isso acontece no tempo de Deus.”