“Respiro o esporte na minha vida.” A frase de Matheus Henrique Leite resume com precisão a trajetória de quem transformou uma vida inteira ligada ao esporte em profissão. Nascido em 9 de agosto de 1999, em Campo Grande (MS), ele cresceu entre quadras e tatames, competindo em diversas modalidades e construindo uma relação sólida com a prática esportiva desde a infância.

“Quando criança, na escola, sempre me envolvi com as aulas de futsal, tênis de mesa e vôlei. Competi por todas essas modalidades e sempre tive comigo o lado de gostar de competir”, relembra. Ainda no ensino fundamental, Matheus iniciou os treinos de karatê shotokan, influenciado pelo primo Rafael Medeiros, sensei e atleta de destaque nacional. “Sempre me inspirei nele por toda a notoriedade no esporte, sendo campeão brasileiro e medalhista pan-americano e sul-americano”, diz.

Foram oito anos dedicados ao karatê, período em que conquistou dois títulos brasileiros e três estaduais. “Infelizmente, não cheguei à seleção brasileira, mas o karatê foi fundamental para minha formação como atleta e pessoa.” Com o tempo, porém, Matheus precisou escolher entre o karatê e o futsal, sua outra grande paixão. “Acabei optando pelo futsal e joguei as principais competições escolares e as categorias que antecedem a adulta”, conta. Lesões e questões pessoais, no entanto, o afastaram das quadras.

O afastamento do esporte competitivo o levou a criar o canal “Toca e Sai MS”, voltado à transmissão de jogos de futsal no estado. A ideia surgiu de uma necessidade pessoal. “Criei o canal para transmitir os jogos de um campeonato de futsal que organizei para arrecadar fundos e comprar remédios para minha mãe, que estava em tratamento contra o câncer”, explica. O canal segue ativo e hoje é uma das referências em transmissões da modalidade em Mato Grosso do Sul.

Mesmo fora das quadras, o espírito competitivo de Matheus encontrou novo espaço no futevôlei. “Foi onde despertei novamente aquele sentimento que tanto gosto, que é a competição.” A transição para a Educação Física veio naturalmente, fruto dessa ligação com o esporte. “Seguir a Educação Física foi uma opção diante de tudo isso. Sempre estive ligado ao esporte e respiro o esporte na minha vida.”

Antes de chegar ao curso, no entanto, Matheus experimentou outro caminho. “Saí do ensino médio e fiz dois semestres de Direito. Gostei bastante, mas percebi que não estava no meu ambiente. Então, mudei para Educação Física e logo comecei a estagiar no estúdio do meu primo Rafael Medeiros, o Top Training Studio. Lá foi a base onde comecei a construir meu conhecimento sobre musculação.”

No início da carreira, o foco estava no treinamento voltado à saúde e estética. “Aprendi muito sobre musculação raiz, para quem busca qualidade de vida. Não tinha convivência com atletas.” O interesse pelo treinamento esportivo surgiu ao observar treinos de clubes profissionais. “Sempre gostei de assistir aos treinos do Corinthians no YouTube e ficava tentando entender o porquê de cada exercício. Fui pesquisando, estudando, e dentro da faculdade consegui materiais de apoio para compreender melhor a aplicação dos exercícios. A partir daí, comecei a desenvolver o interesse pela preparação física.”

O contato com o trabalho voltado às categorias de base veio por meio de um colega de faculdade, Bruno Bezerra, que se tornou uma das principais influências em sua formação. “Ele trabalhava com treinamento para crianças que jogavam futebol e futsal. Comecei a conversar com ele e fui convidado a trabalhar junto. Absorvi muito conhecimento com o Bruno, que é uma das referências no treinamento de atletas. A partir daí, comecei a moldar meu próprio método.”

Atualmente, Matheus trabalha com públicos diversos, desde iniciantes até atletas de alto rendimento. “Sigo meu método com todos, respeitando as fases de treinamento de cada aluno. Busco sempre a individualidade para que os resultados sejam excelentes.” Cada atleta passa por uma avaliação detalhada. “Faço uma avaliação para identificar as falências físicas e ajustar o treino, diminuindo essas falhas e potencializando o rendimento individual na modalidade.”

Entre os atletas que acompanha, estão nomes de diferentes esportes: “Hoje tenho atletas de futsal, futebol, futevôlei, vôlei, judô e basquete. Meu projeto com eles é mantê-los sempre prontos para competir e com o corpo preparado para o que a modalidade exige.”

Com base em sua experiência, Matheus destaca os erros mais comuns cometidos por atletas durante o treinamento. “Vejo muitos realizando treinos que não condizem com o objetivo. Não adianta treinar para ficar forte igual a um fisiculturista. O atleta tem que ser forte, sim, mas precisa ser ágil e funcional. Ele precisa treinar conforme as exigências da modalidade.”

Sobre o cenário local, o preparador físico acredita que Mato Grosso do Sul vive um momento de evolução. “A preparação física dos atletas do estado está evoluindo. Hoje há mais conhecimento sobre a importância do treino correto. Em outros estados isso já é mais comum, mas aqui estamos avançando. A diferença entre um atleta que treina como atleta e outro que treina de forma convencional é nítida e reflete nos resultados.”

A tecnologia, segundo ele, é uma aliada importante nesse processo. “Ela ajuda a monitorar os treinos e controlar a carga de cada aluno. Assim, consigo saber quando devo progredir ou regredir para evitar sobrecargas.”

Matheus reforça também o papel da preparação física na prevenção de lesões e na longevidade esportiva. “É a chave para prevenir lesões. Nos treinos, preparamos articulações e músculos para lidar com a fadiga, o estresse muscular e as exigências da modalidade. A longevidade vem disso, mas também depende dos métodos de recuperação e do descanso, que caminham juntos.”

Os atletas que atualmente treina têm papel fundamental em sua trajetória. “Eles estão marcando minha história como preparador”, afirma. Entre os nomes citados estão Lucca Giuntini, atleta de futebol em Portugal, Jonathan David, João Malado, João Acosta (Menor) e Magnatta, todos do futevôlei, além de João Lucas (futebol) e Lucas Lima (futsal).

O futuro, para ele, está traçado dentro da área esportiva. “Meus próximos passos são me consolidar, me capacitar mais e sempre me atualizar para proporcionar as melhores estratégias de treinamento aos meus atletas.” Em 2026, Matheus deve realizar o curso da CBF para preparadores físicos e pretende seguir nos estudos. “Meu projeto futuro é realizar um mestrado na área do treinamento físico para atletas de alto rendimento. E meu maior sonho é trabalhar em um clube de futebol como preparador físico.”