“Correr é simples e natural, porém perdemos a habilidade com o decorrer da vida quando não praticado.” A afirmação é da atleta sul-mato-grossense Gabriela Letícia Rocha, nascida em 14 de dezembro de 1993, que desde 2011 se dedica às corridas de longa distância. Formada em Educação Física, ela encontrou no esporte não apenas uma prática regular, mas também um espaço de autoconhecimento e disciplina.
O primeiro contato com a corrida aconteceu por gosto pessoal. “Comecei a correr em 2011, por gostar de esporte e querer correr cada vez mais longe, e/ou mais rápido em alguma distância. Eu sempre gostei de esportes e na corrida encontrei uma facilidade em dar sequência pela simples liberdade por ser individual e poder acontecer em qualquer lugar”, conta. Essa liberdade, segundo ela, foi determinante para que a prática se tornasse parte de sua rotina.
Especialista em provas de 10 km, 21 km e também em competições de cross country, Gabriela ressalta que cada modalidade apresenta suas próprias exigências. “Cada distância e tipo de prova tem sua dificuldade e prazer em poder concluí-la. Mas se tiver que escolher, as corridas de rua em busca de um tempo melhor, são mais difíceis.” Para ela, a busca por resultados dentro do ambiente urbano exige mais precisão.
Quando se trata de provas de trilha, os desafios mudam. “Nas provas de trilha, vai depender do perfil da prova, terreno, o quão técnico é, a distância, e principalmente a altimetria. Então os treinamentos para cada tipo de evento têm que ser presenciados no treino para um melhor desempenho”, explica. A atleta observa que cada percurso apresenta características próprias e, por isso, a preparação precisa ser ajustada conforme as condições do trajeto.
A formação acadêmica em Educação Física também ocupa um espaço importante em sua trajetória. Gabriela destaca que a escolha pelo curso aconteceu em consequência das experiências vividas como atleta. “A minha formação em Educação Física veio após uma boa experiência como atleta na juventude; e com certeza nada como a prática para aplicar a teoria.” Para ela, a vivência esportiva foi fundamental para compreender de forma prática os conceitos que hoje utiliza em seus treinos e na orientação de outros praticantes.
Sobre os momentos mais exigentes das competições, Gabriela revela que o desgaste físico não é apenas uma barreira, mas também um motor de superação. “A incrível sensação de acreditar que é possível continuar mesmo após o ‘cansaço’ é indescritível e me faz querer de novo.” Essa percepção sobre o limite corporal, acompanhada da força mental, é um dos pontos centrais em sua relação com o esporte.
A preparação para as provas envolve mais do que treinos de resistência. A atleta afirma que o equilíbrio entre sono, alimentação e carga de treino é determinante para o desempenho. “Acredito que o mais importante é a semana estar equilibrada em sono, alimentação, volume de treino adequado; se isso estiver encaixado, o dia da competição é tão tranquilo quanto um dia de treino.” Essa regularidade, segundo ela, permite que o momento da corrida seja encarado com naturalidade e sem tensão.
Nos últimos anos, Gabriela passou a enxergar sua trajetória sob uma nova perspectiva. Hoje, ela se define como uma atleta amadora, sem metas específicas de performance. “Hoje pratico de forma amadora e livre de objetivos. Gosto bastante de corridas de trilha por estar em contato com a natureza e poder aprender um ‘esporte’ novo. Então acredito que minhas próximas corridas serão assim.” A mudança de foco reflete uma relação menos competitiva e mais conectada com o ambiente em que a atividade acontece.
Além da própria trajetória, Gabriela também direciona sua fala para iniciantes que buscam dar os primeiros passos na corrida. “O principal é começar sem rotular. O nível de condicionamento varia de cada um nesse início, então é não ter pressa em evoluir, ter paciência e deixar que se torne rotineiro e confortável.” Para aqueles que já pensam em performance, ela recomenda a orientação profissional. “Se já pretende performance, procurar um treinador para que possa orientar a melhor maneira para ter progressão no volume e intensidade adequado para cada momento.”