Da Redação
Aos 34 anos, Douglas Emanoel Correa Novaes Vilas, mais conhecido como Douglas Novaes, recorda o início da sua caminhada no jiu-jitsu de forma pouco convencional. Ele não começou na modalidade por paixão imediata, mas sim pela insistência de seu primeiro professor. “Já treinava boxe e muay thai antes, fazia sparring com atletas de MMA e odiava a parte no chão, onde tinha que me desenrolar no jiu-jitsu. Entrava em desespero e saía frustrado”, relembra.
O primeiro contato com o tatame foi por insistência. “Meu professor me emprestou um kimono e comecei a treinar esporadicamente, mas nunca tinha uma sequência de treinos, pois realmente eu não gostava de treinar jiu-jitsu”, explica. O esporte só se tornou parte de sua vida quando ele decidiu encarar um desafio maior.
A virada no tatame
A transformação começou em 2021, quando decidiu se inscrever em um campeonato estadual. “Falei ao meu mestre Paulo Ubiratan que queria lutar, mas ele logo me brecou dizendo que eu ia precisar fazer uma dieta e perder peso, pois por conta do meu peso, talvez as coisas não iriam dar muito certo para um primeiro campeonato.”
Mesmo diante do alerta, Novaes insistiu. “Fiz a inscrição, fiz dieta, corte de peso em uma verdadeira corrida contra o tempo. Em 20 dias, perdi praticamente quase 25 quilos”, conta. O esforço trouxe resultado imediato. “Fui para o meu primeiro campeonato e me consagrei campeão estadual.”
A conquista foi o ponto de virada. O jiu-jitsu, antes rejeitado, tornou-se rotina diária. “A partir daí me animei e não parei de treinar jiu-jitsu até hoje. Treino de segunda a sexta às sete da manhã e passo o restante do dia dando aula.”
A influência da família e a pausa nas competições
A relação com o esporte, no entanto, sempre passou pela família. A decisão de iniciar nas artes marciais veio em 2017, por sugestão da mãe. “Era muito pilhado e ela me aconselhou a procurar uma arte marcial”, recorda. Quando decidiu competir, a mãe não aprovou. “No meu primeiro campeonato, minha mãe não concordou muito, pois ela tinha medo que eu chegasse machucado em casa, mas a minha teimosia falava mais alto.”
O falecimento da mãe, em 2022, mudou sua relação com as competições. “Decidi parar de lutar campeonato”, relata. Foram três anos afastado até que decidiu retomar, agora com apoio do pai. “Após três anos sem lutar, decidi voltar com a aprovação do meu pai e fui pro game. Me senti muito bem lutando e o principal, me divertindo.”
O jiu-jitsu como estilo de vida
Hoje, Douglas define sua rotina como inteiramente ligada ao tatame. “Tenho o jiu-jitsu como um estilo de vida, e acredito que o jiu-jitsu é fundamental no desenvolvimento do caráter e na formação de pessoas.”
Parte desse propósito está no trabalho que realiza com crianças. A academia em que atua mantém três projetos sociais voltados ao jiu-jitsu. “Na minha época de adolescente, sempre quis treinar, mas era impedido pela distância da minha casa até a academia, o tempo dos meus pais e a questão financeira. Graças aos projetos sociais, hoje as crianças têm a oportunidade que eu não tive.”
O professor reforça a importância de retribuir o que aprendeu. “Gosto muito de ajudar a ensinar, gosto de aprender todo dia e repassar o conhecimento adquirido.”
Novos objetivos no esporte
Mesmo conciliando aulas e treinos, Douglas mantém viva a meta de evoluir como atleta. “Meu próximo objetivo no jiu-jitsu é lutar mais um campeonato aqui no estado e depois lutar um campeonato a nível internacional”, projeta.
A preparação não tem pausa. “Nem quis descansar após o último campeonato e, na segunda-feira, já retornei aos treinos, pois em novembro pretendo lutar o Sul-Americano da CBJJ.”
Da resistência inicial até a decisão de transformar o jiu-jitsu em modo de vida, Douglas resume sua trajetória em uma frase que revela o impacto da arte marcial: “O jiu-jitsu é fundamental no desenvolvimento do caráter e na formação de pessoas.”
Por fim, ele deixa uma mensagem: “Um conselho que eu dou para quem está iniciando no jiu-jitsu: Treine, inista, persista e persevere. Está cansado? Treine! Está em um dia péssimo? Treine! Brigou com a esposa ou com a namorada? Treine!”, finaliza.