Campo Grande (MS) - Pouco mais de 2 anos sem ser usada como centro de treinamento, a Poliesportiva utilizada desde de 1970 pelo Operário Futebol Clube aguarda decisão da Justiça para sair da situação de abandono. A área foi leiloada no dia 24 de abril de 2012 por R$ 720 mil, mas uma liminar da Justiça a favor do clube fez com que a empresa vencedora da disputa não tomasse posse da Poliesportiva.
Presidente do clube desde 2007, Tony Vieira explica que a área de 50 mil metros quadrados foi cedida ao clube na década de 70 e nunca foi oficialmente propriedade do Operário.
“Contratamos uma empresa que avaliou a área em R$ 5 milhões e ela acabou sendo vendida por R$ 720 mil. Nós nunca tivemos documentos que comprovassem a posse da área, se fosse nossa, teríamos vendido e pagado as dívidas”, disse.
Atualmente as dívidas do Operário chegam a cifra de R$ 6 milhões. “Todo esse problema surgiu em 1994 quando o Francisco Cezário, atual presidente da Federação de Futebol, era diretor financeiro do clube. Não temos condições de pagar porque não existe futebol em Mato Grosso do Sul”, afirma o presidente.
Processo
O processo de leilão da Poliesportiva é antigo e surgiu por conta de uma dívida trabalhista que o clube possuía no valor de R$ 90 mil com o ex-treinador Amarildo de Carvalho. Os débitos são de 1994 e parte deles, cerca de R$ 75 mil, chegaram a ser pagos pelo clube.
A área foi a leilão em razão dos R$ 15 mil que faltaram ser pagos ao ex-treinador. Segundo o presidente Tony Vieira, após a notícia do leilão da área, antigos credores apareceram e cobraram outras dívidas.
De acordo com o advogado do clube, Rafael Luciano Santos, após o imóvel ser arrematado pela transportadora Paulo Raf Ltda, o Operário entrou com uma ação cautelar no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em julho de 2011 para que a compra não fosse concretizada.
“Além de discutir a propriedade da área, entramos com a ação para discutir o crédito. Aquela área não poderia ter sido leiloada em razão de uma dívida tão pequena”, diz o advogado.
Em setembro de 2012, o desembargador federal do trabalho, João de Deus Gomes, aprovou procedente a ação impetrada pelo clube e emitiu liminar em favor do Operário para que o processo do leilão não fosse concluído.
Segundo o advogado, a ação deve ser julgada em breve e irá decidir em definitivo se a transportadora tomará posse da Poliesportiva ou se ela voltará para as mãos do Operário.
Mesmo não tendo documentos que comprovem a posse da Poliesportiva ao Operário, o advogado afirma que o clube pode anular todo o processo trabalhista que levou a área a leilão.
Impasse
O presidente do clube conta que mesmo antes da área ir a leilão, ela não estava mais sendo utilizada pelo Operário desde 2010. O motivo é o pedido do funcionário Inocêncio Arce Salazar, que trabalhou e morou durante 24 anos na Poliesportiva, para que ele não saísse da área.
“De 2010 pra cá o Operário não treinou mais na Poliesportiva por conta dessa pessoa. Tivemos que alugar o Clube dos Comerciários onde treinamos durante esse tempo”, disse Tony Vieira.
Futebol
A briga na Justiça fez com que o futebol do clube acabasse ficando em segundo plano. Segundo o presidente, o descaso da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) também contribuem para a situação atual de afastamento do Operário dos campos.
“Primeiro temos que cuidar do patrimônio do clube e depois cuidar do futebol que é o carro chefe. A própria federação criou um time com o nome parecido com o do Operário para parecer que o clube não existia mais”, disse Tony.
O presidente conta ainda que não foi convocado pela FFMS para participar de nenhuma competição estadual. “Não fomos convocados para jogar nenhuma categoria. O clube existe, mas não está jogando um campeonato fraudulento que já começa impedindo o clube de jogar”, completa.
Outro lado
A advogada da transportadora Paulo Raf Ltda, Telma Marcun, confirmou ao Capital News que a última liminar da Justiça favoreceu o clube e embargou o leilão. A defensora afirma que a empresa aguarda a tramitação do caso para tomar posse da área.