Flaviano Santos Neto, nascido em 6 de janeiro de 1995, em Sidrolândia, começou cedo no motocross. Aos 9 anos, incentivado pelo pai, deu as primeiras voltas no esporte que, anos depois, se tornaria sua paixão. A pausa temporária durante a infância foi superada com o retorno aos 15 anos e, desde então, Neto não parou mais. Aos 17, ele disputava pela primeira vez o Campeonato Estadual.
Com cinco títulos estaduais no currículo e quatro vice-campeonatos, Neto Santos construiu uma carreira sólida nas pistas sul-mato-grossenses. Mas a jornada, como ele próprio define, sempre foi marcada por dificuldades: “Os principais desafios sempre foram e vão ser a falta de patrocínio no começo e também algumas lesões que tive no primeiro ano competindo no estadual, por falta de condicionamento físico”.
Mesmo diante dos obstáculos, dois momentos estão gravados em sua memória. O primeiro, a conquista do seu primeiro título estadual. O segundo, vencer o campeonato correndo em casa. “Ganhar um campeonato estadual na minha própria cidade teve um significado especial. A gente nunca esquece o primeiro, mas vencer em Sidrolândia foi diferente”, relembra.
Entre todas as corridas, uma prova em especial tem lugar de destaque na memória do piloto: a final do estadual de 2018. “Foi na minha cidade. Fui campeão na última volta. Aquilo marcou muito”. A vitória, conquistada nos segundos finais, representa o espírito de persistência e dedicação que pautaram sua trajetória no motocross e no velocross.
A rotina intensa de treinos era parte essencial dessa trajetória. Neto conta que treinava todos os dias na academia, pedalava entre 15 e 20 quilômetros três vezes por semana, e dedicava os finais de semana à pista. “Na semana de corrida, o treino com a moto aumentava. Pelo menos duas vezes durante a semana, além do sábado e domingo”, detalha.
Ele também chama atenção para o risco inerente ao esporte, e a importância da preparação física constante. “Como é um esporte de alto risco, sempre lidamos com lesões. Por mais simples que seja, até as mais graves, sempre corremos o risco. Por isso temos que estar com o condicionamento físico em dia para não deixar agravar”.
Após anos dedicados à competição, Neto decidiu fazer uma pausa. “Cansaço mental, falta de incentivo e redução no tempo para treinos foram os principais motivos”. Apesar disso, ele continua ligado ao esporte. Em 2025, acompanhou algumas etapas como mecânico da sua equipe. “A gente dá uma pausa das competições, mas nunca sai delas. Algumas etapas a gente vai só pra se divertir, mas nunca pode parar totalmente”, explica.
Hoje, mesmo fora das pistas como piloto, Neto vê com bons olhos o cenário do velocross sul-mato-grossense. “O velocross no MS é um dos mais fortes do Brasil. Temos vários pilotos de nível nacional, e muitos de outros estados vêm competir aqui”, afirma.
Para quem está começando, o conselho é simples, mas direto: dedicação e persistência. “Nunca desistir. O começo sempre é difícil. Dedicação sempre. Disciplina nos treinos. Quanto mais você treina, mais sorte você tem”. A frase, dita de forma quase casual, resume bem a trajetória de quem venceu, caiu, levantou e seguiu acelerando até decidir desacelerar – mas sem deixar de fazer parte do esporte que ajudou a construir.