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"Não somos os piores", diz diretor do Grande Prêmio Brasil

ge.net - 17 de out de 2006 às 10:49 151 Views 0 Comentários
"Não somos os piores", diz diretor do Grande Prêmio Brasil
São Paulo (SP) - Todo ano é a mesma história. Nas coletivas que antecedem o GP do Brasil de Fórmula 1, os pilotos elogiam a paixão do brasileiro pelo automobilismo, falam da culinária, da diversão e... reclamam das ondulações na pista do Circuito Internacional Jose Carlos Pace, em Interlagos, São Paulo. Durante esta semana, na preparação para a última etapa de 2006, a situação não deve ser muito diferente. Os mal-fadados "bumps" da pista permanecem e somam-se a outros problemas existentes no traçado paulista. Mas o diretor de prova Carlos Montagner garante que o circuito paulista não fecha a fila da qualidade no calendário da categoria.

"Bumps há em todos os autódromos, mesmo nos mais novos. Não somos os piores", afirma. Sem dizer quem estaria pior que o Brasil, Montagner aponta apenas as pistas de Ímola e da Turquia como outras com muitas ondulações.

Único circuito brasileiro qualificado para receber a principal categoria do automobilismo internacional, Interlagos também é palco de disputas da Fórmula Truck, Stock Car, Mil Milhas, Fórmula Renault etc. Cada categoria promove seu espetáculo da melhor maneira possível, mas a pista acaba ficando com as marcas do desgaste decorrente do uso intenso e, principalmente, de equívocos nos procedimentos adotados em algumas provas.

A vistoria definitiva do autódromo está prevista para esta quarta-feira, um dia apóa o desembarque do inspetor de segurança da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Charlie Whiting, no país. De acordo com os organizadores da etapa brasileira, o circuito está dentro dos padrões estabelecidos pela Federação e atendeu a todas as exigências feitas após a corrida do ano passado. Portanto, não há risco de veto. Mas isso está longe de significar ausência de problemas.

Para a prova decisiva de 2006, que define o campeão da temporada e marca a despedida do piloto Michael Schumacher da categoria, a pista recebeu obras em quatro pontos específicos: S do Senna, Pinheirinho, Café e Bico de Pato. "Foi feito o recapeamento para tirar algumas fissuras", explica Montagner, admitindo que a pista chegou a seu limite de reparos paliativos. "Infelizmente, o asfalto de Interlagos viveu de remendos. Para o próximo ano, o ideal seria repetir o que foi feito em Ímola".

A pista italiana passou por um recapeamento completo. Mas nem assim Montagner acredita que o problema seria zerado em Interlagos. "Não adianta só tirar o asfalto. Você tem que ir até lá embaixo", diz, revelando a necessidade de a pista ter seu asfalto refeito desde a base.

Para a organização paulista, o problema em Interlagos é comum na Fórmula 1 e não se restringe apenas aos circuitos mais antigos. Além de Ímola, que ainda não teria conseguido eliminar completamente as ondulações de acordo com o diretor, a moderna pista da Turquia também enfrentaria tal dificuldade. "Não se consegue fazer uma mesa de bilhar nas pista", garante Montagner.

"Foram as sobreposições de bases que criaram os bumps", explica o chefe de engenharia da organização do GP do Brasil, Luis Ernesto Morales. Todos os anos, a Prefeitura de São Paulo investe milhões no circuito para receber a F-1, mas o último recapeamento foi realizado em 2000.

Em 2006, serão gastos cerca de R$ 22 milhões. Quase metade do valor acaba sendo destinado à construção de arquibancadas temporárias, uma prática que precisaria ser revista na opinião de Montagner. "Ou você não faz mais nada e só cuida do asfalto ou destina uma verba maior para isto".

Além das ondulações, Interlagos também apresenta problemas decorrentes de outras atividades. Os famosos zerinhos para aquecer os pneus dos caminhões da truck deixam suas marcas na reta dos boxes, resultando em desgaste do asfalto. Outras categorias adotam também a prática de retirar o óleo da pista derramando cimento na área.

O problema é que após solidificado, o material compromete a aderência do asfalto. "No mínimo (o carro) perde tempo e você pode até provocar um acidente", diz Morales.

Em sua opinião, bastaria que as categorias que correm em Interlagos adotassem procedimentos de conservação contantes para que a pista sofresse menor desgaste. "Você pode usar um pó não-cimentício para absorver o óleo, o que é comum em todo o mundo. Certas atividades também não deveriam ser realizadas na pista, mas em outra parte fora dela. São procedimentos simples, nada caros, para garantir uma conservação constante e não apenas na época de Fórmula 1".

Montagner é ainda mais complacente com as outras categorias. "Não diria que é má-utilização, mas um show (os zerinhos). Prejudica? Sim. Visualmente fica uma coisa feia na pista, mas isso é passível de acontecer. Você pode até dizer que não pode, que se infringir vai ser multado. Mas se eu ganho a prova quero comemorar".

Operação Belezura - Enquanto aguarda o início das atividades na pista, Interlagos vai recebendo os toques finais para a festa da F-1. Nesta segunda-feira, todas as escuderias começaram a trabalhar nos boxes, abrindo seus contâiners e desempacotando as peças, mas sem sinal de atividade envolvendo os carros.

Fora da área dos boxes, equipes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) fazia a pintua de faixas e marcas de largada para os carros, ao mesmo tempo que funcionários da Prefeitura providenciavam a substituição de algumas grelhas para escoamento de água. Também foi feito o trabalho de varrição (iniciado há 15 dias), avagem (que ganhou o reforço da chuva fraca que caiu no final da tarde) e corte de grama nas laterais da pista. "Não vamos fazer mais nada aqui. Agora é só embelezar", explica Montagner.

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