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Mifune mantém viva a tradição do judô em Mato Grosso do Sul desde 1968

da redação - 6 de jun de 2025 às 13:56 209 Views 0 Comentários
Mifune mantém viva a tradição do judô em Mato Grosso do Sul desde 1968 Da Redação

A trajetória da Academia Mifune começou em 1968, quando o professor João Kiyokatu Shimabukuro, formado pelo Sensei Hideki Yoshida (9º Dan), decidiu criar um novo espaço para o judô em Campo Grande. O objetivo era fomentar o crescimento da modalidade, que na época estava concentrada na Associação Nipo Brasileira, no centro da cidade.

A primeira sede foi montada em um espaço cedido pelo Professor João Batista de Mesquita, na Matogrossense de Ginástica e Musculação, na Avenida Afonso Pena, próximo ao cruzamento com a Avenida Bandeirantes. A iniciativa buscava ampliar o alcance do judô em Mato Grosso do Sul. "O objetivo era criar uma nova associação para fomentar o crescimento do judô", relata Marcos Kiyotatsu Shimabukuro, atual coordenador da Mifune.

O nome escolhido para a academia foi uma homenagem ao Professor Kyuzo Mifune, 10º Dan do Japão, que foi aluno do fundador do judô, Professor Jigoro Kano. A escolha também foi simbólica, pois Mifune faleceu em 1965, ano que marcou o início do movimento de criação de mais clubes de judô em Mato Grosso do Sul. "O nome 'Mifune' foi escolhido justamente em reconhecimento ao legado do Professor Kyuzo Mifune", explica Marcos.

Após um ano, a academia mudou-se para a Rua dos Barbosas, no Bairro Amambaí, onde funcionou na residência da família Shimabukuro. Em 1975, a Mifune passou a ocupar sua atual sede, na Avenida Mato Grosso, número 2059. "Essa mudança consolidou a presença da Mifune como referência na formação de judocas em Campo Grande", lembra Marcos.

A Mifune adota os princípios do Judô Kodokan, fundado por Jigoro Kano, e busca uma formação integral do cidadão. "Seguimos os princípios do Judô Kodokan, baseando-nos na disciplina oriental e nos benefícios para a formação integral do cidadão, tanto física quanto mentalmente", explica o coordenador. Para manter essa tradição, a academia conta com um quadro docente formado por professores oriundos da própria instituição, todos aprovados para a faixa preta pela Federação de Judô de Mato Grosso do Sul.

Entre os nomes que ajudaram a consolidar o ensino na academia estão Sensei Yoshinori Okumoto, Satoru Nukariya e Joel Jogi Miyasato. "É importante agradecer aos diversos professores que contribuíram com seus conhecimentos e ensinamentos", afirma Marcos.

Atualmente, a Mifune atende cerca de 130 alunos, que vão desde crianças até adultos. A equipe é composta por cinco professores, coordenados por Marcos Shimabukuro (6º Dan) e César Jokura (5º Dan). Além das atividades na sede, a Mifune mantém parcerias com outras duas academias: a Academia Fênix, dirigida pela professora Priscila Castro (2º Dan), no Bairro Monte Castelo, e a Academia RA, sob a responsabilidade do professor Agnaldo Pereira (3º Dan).

Outro destaque é o projeto social realizado no Bairro Maria Aparecida Pedrossian, onde, desde 2007, a Mifune oferece aulas gratuitas na Associação dos Moradores do Bairro (AMAPE). "Esse projeto é uma forma de democratizar o acesso ao judô e reforçar nosso compromisso com a comunidade", explica o coordenador.

Em mais de cinco décadas de atuação, a Mifune acumulou conquistas relevantes. O professor César Jokura participou do Mundial Júnior de 1989 e conquistou a medalha de prata no Torneio Internacional Estudantil, realizado no Japão. "Esse foi um dos momentos marcantes para a nossa academia, que sempre buscou formar atletas preparados para competir em alto nível", lembra Marcos.

Outro nome que se destacou foi a paratleta Michele Ferreira, que treinou na Mifune e conquistou a medalha de bronze nas Paralimpíadas de Pequim, em 2008. Michele também representou o Brasil nas edições de Londres (2012) e Rio de Janeiro (2016). "Embora nas duas últimas edições ela já não estivesse treinando conosco, temos muito orgulho de sua trajetória", diz o coordenador.

A Mifune integra uma das federações mais fortes do país. Em 2024, Mato Grosso do Sul ficou em 3º lugar no quadro geral de medalhas da Confederação Brasileira de Judô. "A Mifune continua a contribuir para as conquistas do nosso estado", afirma Marcos, destacando que a academia mantém uma presença ativa na Federação, com atletas, dirigentes e árbitros.

A tradição e continuidade da Mifune são sustentadas por uma filosofia de colaboração e respeito. "Até hoje, a Academia permanece fiel ao verdadeiro ensino do judô, sustentada pela colaboração de pais, alunos e professores que compartilham a visão e os objetivos do judô", reforça o coordenador.

O legado do fundador, Sensei João Shimabukuro, permanece como referência para todos que frequentam a academia. "Sempre lembramos dos ensinamentos do Sensei João Shimabukuro, fundador da Mifune, que faleceu em maio de 2022", recorda Marcos. Na sede, há um quadro com os nomes dos antigos professores, mantido como forma de gratidão e memória.

Segundo Marcos, uma das principais lições transmitidas pelo fundador foi a valorização da coletividade. "O Sensei sempre destacou que a existência da academia depende dos alunos e colaboradores, enfatizando que ninguém cresce sozinho, uma lição valiosa que ele nos deixou", destaca.

Ao longo dos anos, a Mifune se consolidou como uma referência não apenas pela tradição, mas também pelo compromisso em formar cidadãos. "Seguimos sustentados pela união de todos que acreditam no judô como um caminho de formação humana", conclui Marcos.

A trajetória da Mifune revela um modelo de gestão baseado na valorização da história, no fortalecimento das parcerias e no compromisso com o desenvolvimento esportivo e social. Desde 1968, a academia segue com a mesma proposta: manter viva a tradição do judô, adaptando-se às transformações do tempo, mas sem perder os valores que sempre a nortearam.

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