“Quero ser um multiatleta conhecido.” A frase resume a determinação de Lucas Jamal de Carvalho Alves, de apenas 11 anos, natural de Campo Grande (MS). Aluno do 6º ano da Escola Sesi, onde estuda com bolsa integral graças aos resultados no esporte, ele já se destaca em três modalidades de luta: jiu-jitsu, judô e wrestling.
A trajetória de Lucas começou cedo. “Comecei fazendo capoeira na escola com 4 anos. Depois comecei o judô com 6 anos e com 7 comecei o jiu-jitsu. Parei o judô e voltei com 9 anos, mas jiu-jitsu não parei. No wrestling comecei com 10 anos”, conta. A escolha por tantas modalidades não foi por acaso. A mãe, que praticou judô na infância, incentivou o primeiro contato com a arte marcial. O jiu-jitsu surgiu de forma espontânea, após observar uma aula experimental em uma colônia de férias. Já o wrestling veio da inspiração em atletas do Estado: “Eu conhecia um dos meninos que faz wrestling e via como ele era bom, isso me animou a fazer para melhorar minhas técnicas.”
Apesar da pouca idade, Lucas demonstra maturidade ao avaliar cada modalidade. “Hoje considero o judô o mais desafiador, porque o resultado se define muito rápido, qualquer erro você perde. No jiu-jitsu a gente consegue trabalhar os resultados até o tempo final. No wrestling ainda não competi, mas tenho previsto uma competição de beach wrestling em Anastácio agora dia 06 de setembro.”
A rotina é intensa. Entre escola e treinos, o dia é dividido de forma estratégica. “Treino todos os dias de 2 a 4 horas por dia. A frequência de cada modalidade depende da próxima competição, porque sempre faço mais treinos focados na modalidade que vou competir mais próximo”, explica.
Os obstáculos, porém, fazem parte da caminhada. Além da questão da idade no judô — já que ele disputa no sub-13 recém-completados 11 anos, enquanto a maioria dos adversários já tinha 12 desde o início da temporada —, o custo das viagens é outro desafio. “No jiu-jitsu, o alto custo para viajar para outros Estados em busca de competições da CBJJ e CBJJE dificulta. Geralmente as disputas ficam entre Rio e São Paulo, e os gastos são grandes. O bom é que a federação daqui traz alguns dos eventos da CBJJD para o Estado.”
Mesmo com barreiras, as conquistas já são muitas. Lucas enumera momentos que marcaram sua trajetória até aqui. “No meu primeiro ano de jiu-jitsu, com só 1 mês e meio de treino, tive minha primeira vitória. Meu primeiro cinturão com 3 meses de treino foi contra alguém mais graduado. Depois veio meu 1º lugar no Campeonato Brasileiro da CBJJD com 5 meses de treino, lá no Rio de Janeiro. Também conquistei o 1º lugar no Campeonato Sul-Americano da CBJJE em São Paulo e o vice-campeonato Brasileiro da CBJJ em Barueri.”
Outro episódio marcante foi quando aceitou o convite para enfrentar paratletas durante o Brasileiro Centro-Oeste de jiu-jitsu em Campo Grande. “A luta que tive aqui na federação do Estado, quando o Fábio, presidente da FSMJJ, me chamou para lutar com os meninos paratletas, também foi muito especial.”
O currículo inclui ainda títulos no judô, como o bicampeonato estadual e a convocação para disputar o Brasileiro Regional em Ji-Paraná (RO), além da liderança no ranking estadual de nogi em 2024. Em setembro deste ano, ele tentará o bicampeonato mundial de jiu-jitsu no Rio de Janeiro.
Inspirado por nomes como Micael Galvão e Flávio Canto, Lucas já projeta o futuro: “Quero lutar em Abu Dhabi no jiu e participar de alguma Olimpíada no judô ou wrestling. Quero ser um multiatleta conhecido.”
Para ele, as artes marciais ultrapassam os tatames e moldam a vida em diferentes aspectos. “Os valores. O esporte ensina muita coisa, ajuda na concentração, na minha determinação e no meu foco para fazer tudo.”
E mesmo com a bagagem precoce de títulos e experiências, Lucas deixa um recado simples para outros jovens que querem seguir caminho parecido: “Escolha uma boa academia, que te acolhe, com bons professores. No começo pode ser cansativo, mas no final vale a pena. Nem sempre o resultado é o que a gente deseja, mas nunca podemos desistir dos nossos sonhos.”