O jiu-jitsu entrou na vida de Lucas de Matos Ajala, de Jardim, em 2016. O primeiro contato foi motivado por uma necessidade prática: aprender defesa pessoal. Com o tempo, a relação com o tatame foi se transformando. “No começo foi para aprender a defesa pessoal, depois comecei nas competições, gostei muito. Foram muito tempo de treino e dedicação”, recorda o atleta, que tem 29 anos.
A trajetória no esporte, no entanto, não se construiu sem obstáculos. Assim como a maioria dos atletas brasileiros, Lucas enfrentou dificuldades financeiras para custear treinos e viagens. “Como todo atleta no Brasil, sempre dificuldade em patrocínio e recurso, porque tudo tem custo. Tive várias lesões graves”, relata. As barreiras não se limitaram ao lado competitivo. No papel de professor, Lucas buscou transmitir a mesma disciplina que recebeu ao longo da caminhada. “Repasso tudo aquilo que aprendi nas faixas certas”, explica.
As experiências em competições estaduais e nacionais também marcam sua rotina. Lucas participa de torneios organizados pela federação de jiu-jitsu de Mato Grosso do Sul e já levou o nome do Estado para fora. Entre as lembranças, cita o Mundial em São Paulo como um divisor de águas. “Quando a gente viaja para outro estado, tudo fica diferente, o clima, as pessoas. No último Mundial que foi em São Paulo, acabei fazendo amizades com pessoal do Amazonas”, comenta.
A disciplina exigida pelo esporte se reflete na rotina diária. Lucas concilia treinos físicos, técnicos e o trabalho fora do tatame. “Faço um funcional às 5 da manhã. No meu horário de almoço faço musculação e de noite treino jiu-jitsu. Quando tem competições e estou na escala, converso com meu chefe para trocar a data”, detalha. A organização dos horários se tornou essencial para que o esporte não perdesse espaço diante das outras responsabilidades.
O jiu-jitsu também trouxe a oportunidade de ensinar. Durante um ano, Lucas deu aulas em um projeto social, experiência que considera transformadora. “Ensinei e aprendi muito com eles. A disciplina e o respeito em primeiro lugar”, afirma. Atualmente, mesmo sem dar aulas fixas, ele ajuda colegas nos treinos. “Onde eu treino não dou aulas, mas ajudo nas dúvidas sobre alguma posição”, completa.
O aprendizado constante é um ponto que Lucas destaca como central no jiu-jitsu. “O jiu-jitsu ensina todos os dias alguma coisa, tanto no tatame como na vida. Aprendemos com todos em conjunto”, diz. Para ele, a modalidade ultrapassa a prática esportiva e se transforma em uma escola de valores compartilhados.
Ao lembrar da caminhada até aqui, Lucas cita a importância do primeiro professor e das grandes referências do esporte. “O primeiro professor a gente não esquece, igual da escola, ele foi importante e essencial”, afirma. Entre os nomes que o inspiraram estão Roger Gracie, Rodolfo Vieira e Leandro Lo.
Depois de um período sem competir, Lucas voltou aos torneios em Mato Grosso do Sul, em um momento de maior movimentação do cenário local. “Voltei a competir, no nosso estado está tendo vários eventos”, aponta. O próximo compromisso já está definido. “Vou participar e também fui convidado para o Indoor Black Belt 08”, revela.