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Luan Pimentel supera barreiras e transforma o judô em missão de vida

da redação - 3 de jun de 2025 às 14:44 65 Views 0 Comentários
Luan Pimentel supera barreiras e transforma o judô em missão de vida Da Redação

Nascido em Camapuã, no interior de Mato Grosso do Sul, Luan “Polaco” Pimentel, 27 anos, encontrou no judô e nas artes marciais não apenas uma prática esportiva, mas um caminho de desenvolvimento pessoal e profissional. Deficiente visual, Luan começou sua trajetória nas lutas relativamente tarde, aos 16 anos, mas desde o primeiro contato percebeu que havia encontrado o que buscava. “Eu comecei o judô aos 16 anos através do projeto social 'Judô Nota 10'. Eu já treinava jiu-jitsu um ano antes. Quando iniciei no judô, meu sensei viu algum potencial e também identificou minha baixa visão, já me encaminhando para outra sensei, especialista no judô paralímpico”, relembra.

O amor pelas artes marciais rapidamente se transformou em propósito. “Minha motivação sempre foi minha paixão e amor pelas artes marciais. Desde a minha primeira aula eu decidi internamente que viveria daquilo e faria todo o possível ao meu alcance”, afirma. A partir dali, iniciou um percurso de intensa dedicação, que o levaria a representar o Brasil em competições internacionais e conquistar medalhas em diversos países.

Apesar da deficiência visual, Luan encontrou na disciplina e na persistência as ferramentas para seguir adiante. No início, precisou vencer não apenas os desafios naturais do esporte de alto rendimento, mas também o preconceito e a desconfiança de colegas de treino. “Acredito que foi quando comecei a treinar com os atletas de alto rendimento olímpicos. Alguns deles não queriam treinar comigo no início, pois achavam que, pela deficiência, eu teria um nível baixo de judô. Isso me motivou a treinar mais e me desenvolver. Consegui quebrar essas barreiras e mostrar que eu também poderia ser um atleta de alto rendimento”, destaca.

Essa superação contínua o levou a competir em diversos torneios importantes, mas um momento permanece marcante em sua trajetória. “Acredito que os Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019. Nesse dia eu consegui uma grande performance, estava feliz e leve, talvez em um estado de flow, o que era difícil de conseguir nas competições internacionais para mim, pois eu me colocava muita pressão”, relata.

A rotina de treinos, como ele explica, foi determinante para o desenvolvimento técnico e competitivo. Luan descreve duas fases distintas: “No início, como comecei um pouco mais tarde nas artes marciais, eu treinava de três a quatro vezes por dia, para ganhar a experiência que precisava. Fiz assim por 10 anos. Hoje treino uma ou duas vezes por dia, nesse momento busco mais a precisão”.

A trajetória de Luan foi construída com o apoio incondicional da família. Ele destaca especialmente a figura paterna como inspiração. “A minha família sempre me apoiou, mas me destaco meu pai. Ele sempre foi fã de artes marciais, principalmente do Bruce Lee. Meu pai foi minha maior inspiração para iniciar”, conta.

Sobre as particularidades do judô paralímpico, Luan explica que as diferenças em relação ao judô convencional são pequenas, mas importantes. “A principal é que a luta só acontece segurando no judô gi, ou kimono, e se perder o contato a luta para”, explica. Esse ajuste técnico garante a segurança e a competitividade dos atletas com deficiência visual, mantendo o alto nível das disputas.

Após anos dedicados exclusivamente ao judô, Luan atualmente amplia sua atuação para além das competições. “Nesse momento, meu foco no judô estava sendo como sensei, treinador. Em relação às competições, estou lutando mais jiu-jitsu esse ano. Quero me desafiar e chegar também no alto rendimento”, afirma. A transição não significa um afastamento do tatame, mas uma nova etapa na qual busca compartilhar conhecimentos e seguir evoluindo como atleta e professor.

Luan também reflete sobre a importância do esporte e das artes como ferramentas de transformação pessoal. A mensagem que deixa é clara: “Eu aconselho para que busquem ferramentas para viver bem sua existência preciosa. Faça uma busca sem pressa. Quando achar, a busca vai valer a pena. No meu caso, a filosofia, a disciplina de treino, lidar com competição foi o que me ajudou a viver bem e quebrar barreiras. Ache a sua: arte, esporte, estudo, etc.”

Fora das competições e dos tatames, Luan cultiva hábitos simples. “Gosto de coisas simples, como passar tempo sozinho, cozinhar, namorar e um bom momento com amigos e família. Para mim está ótimo”, resume.

Mesmo com tantas conquistas e reconhecimentos, ele admite que demorou a perceber a dimensão de sua trajetória. “Acho que só percebi depois de um tempo que estava nessa posição. Para mim a melhor parte sempre foi treinar e lutar, competir. Eu estava sempre atrás do próximo nível, tinha dificuldade em parar e olhar o que eu já tinha conquistado.”

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