A trajetória da jovem jogadora de futsal Letícia Gonçalves, de 19 anos, é marcada por esforço, persistência e um sonho que resiste mesmo diante das adversidades. A atleta de Sidrolândia começou no esporte ainda na infância, jogando na rua com os amigos e acompanhando partidas na televisão ao lado do pai. O incentivo da família teve papel decisivo para que ela iniciasse sua jornada no futsal. “Desde pequena, vi nos olhos deles o brilho de quem acredita em mim, mesmo quando eu duvidava”, diz Letícia. “Cada palavra de incentivo, cada sacrifício feito em silêncio, cada aplauso mesmo nas derrotas, tudo isso foi combustível para eu seguir em frente.”
Letícia tem uma rotina puxada. Trabalha como visual merchandising na cidade de Sidrolândia com carteira assinada, o que exige dela um esforço ainda maior para seguir nos treinos e competições. “Conciliar trabalho com treinos e jogos exige força e organização. Enfrento o cansaço diário, mas cada gota de suor vale a pena.”
Em 2023, ela viveu um dos momentos mais marcantes de sua carreira: o título estadual em Antônio João. A conquista foi significativa não apenas pelo troféu, mas pela experiência que trouxe. “Foi nosso primeiro grande título, marcado por superação, união e momentos inesquecíveis. Cada jogo foi uma batalha, e conquistar aquele troféu mostrou que todo esforço valeu a pena. Foi ali que entendi que ninguém vence sozinho.”
Além das vitórias em quadra, Letícia também enfrenta os desafios que estão fora das quatro linhas, especialmente o preconceito. “O preconceito por estar em um esporte ainda tão marcado pelo machismo” é um dos principais obstáculos em sua trajetória, segundo ela. Ainda assim, segue firme: “Amo o que faço e quero abrir caminhos para outras mulheres também sonharem e vencerem.”
Sua maior inspiração no esporte não é uma jogadora famosa, mas alguém que a acompanha de perto: a treinadora Aline Fioravanti. “Ela sempre esteve ali comigo, nos momentos bons e ruins, acreditando no meu potencial mesmo quando eu pensava em desistir”, relata Letícia. “A dedicação, a garra e o amor que ela tem pelo esporte me motivam todos os dias.” A relação entre técnica e atleta vai além das instruções táticas. “Ela não é só uma técnica, é uma inspiração”, resume.
Outro campeonato que ficou marcado em sua memória foi o mais recente, disputado em Maracaju. “Foi ali que entendi, de verdade, que a persistência supera a habilidade. Cada jogo foi uma prova de resistência, foco e coração. Não foi fácil, mas a entrega do nosso time e a vontade de vencer fizeram a diferença.”
Letícia não esconde que sonha com uma oportunidade profissional no esporte. “Desde a infância, esse sempre foi um sonho. Comecei jogando na rua, com brilho nos olhos e vontade de vencer. Mas a realidade não é fácil”, conta. Mesmo enfrentando uma rotina puxada de trabalho, ela não deixa o sonho de lado. “Se um dia surgir a oportunidade certa, eu não pensaria duas vezes. Porque no fundo, essa paixão sempre falou mais alto.”
Ela também observa avanços no cenário do futsal feminino em Mato Grosso do Sul. “Hoje o futsal feminino no estado está muito mais forte do que quando comecei. Antes era um desafio enorme — faltava verba, apoio, estrutura, e criar campeonatos era praticamente uma missão quase impossível.”
O apoio da família, colegas de time e da treinadora foram fundamentais para sua permanência no esporte. “Minha treinadora sempre esteve comigo, acreditando em mim mesmo quando eu duvidava, puxando nos treinos, corrigindo com firmeza, mas também com carinho.”
Atualmente, Letícia foca em conquistar uma bolsa de estudos universitária que lhe permita seguir conciliando os estudos e a carreira esportiva. “Meu próximo objetivo é conquistar uma bolsa de estudos em uma universidade, poder cursar algo que eu amo e, ao mesmo tempo, continuar minha carreira como atleta profissional. Sonho em viver do futsal, representar meu estado e, quem sabe, vestir a camisa da seleção um dia.”
Letícia Gonçalves representa muitas outras jovens que conciliam trabalho e esporte no dia a dia. Seu relato evidencia que talento é importante, mas a persistência, o apoio familiar e a organização pessoal são fatores decisivos para seguir no caminho. “Quero mostrar que é possível vencer com esforço, dedicação e amor pelo que se faz.”