Sexta-feira, 08 de agosto de 2025, 23:27

Júlio Ferrari conta como o apoio do pai o manteve no futebol

da redação - 8 de ago de 2025 às 15:08 24 Views 0 Comentários
Júlio Ferrari conta como o apoio do pai o manteve no futebol Da Redação

Deixar a casa aos 15 anos de idade para correr atrás de um sonho já exige coragem. Fazer isso para tentar viver do futebol, no Brasil, é ainda mais desafiador. Foi o que fez Júlio Ferrari, atleta profissional nascido em Campo Grande (MS), que desde muito jovem aprendeu a conviver com as dificuldades e os bastidores pouco glamourosos da bola.

 

“A primeira vez que saí de casa foi com 15 anos, fui pro Joinville de Santa Catarina e fiquei um ano lá”, lembra. O início precoce, ainda na base, foi só o primeiro passo de uma jornada que o levaria por diversos clubes do país, enfrentando adversidades, buscando reconhecimento e, principalmente, lutando para manter viva a paixão pelo esporte.

 

Ferrari carrega no currículo passagens por equipes tradicionais de diferentes regiões. E, mesmo sem jogar nas principais vitrines do futebol nacional, acumulou conquistas importantes. Uma das mais marcantes foi no Marília, em 2014. “Consegui o acesso pra Série A1 do Paulista”, recorda. No Altos, do Piauí, outra conquista relevante: o acesso à Série C do Campeonato Brasileiro. Ele também chegou à 3ª fase da Copa do Brasil em 2022 pelo time, eliminando o Sport-PE e ABC-RN. “Pegamos o Flamengo na terceira fase, foi um jogo que deu bastante visibilidade pra mim”. Mas não foram apenas os títulos que marcaram a trajetória do sul-mato-grossense. O acolhimento da torcida do Treze da Paraíba também ficou na memória. “Foi um clube que me senti muito amado e respeitado pela gigantesca torcida que tem lá.”

 

A trajetória de Júlio, como a de muitos atletas profissionais no Brasil, está longe do que os torcedores costumam ver nas transmissões televisivas ou redes sociais. O dia a dia é puxado, exige esforço constante, foco e resiliência. “É uma rotina cansativa, com treinos, dores, renúncias e datas especiais que você tem que passar longe da família e dos amigos”, resume. Para ele, a realidade do futebol no país, especialmente nas divisões inferiores, é bastante dura. E um dos principais obstáculos, segundo o jogador, é a falta de estrutura e compromisso de alguns clubes: “Entre todas as dificuldades, creio que os salários atrasados são o que mais desanima.”

 

Em meio a essas provações, Júlio admite que pensou em desistir várias vezes. “Sim, vários momentos tive vontade de parar”, revela com sinceridade. Mas foi nesse ponto que a presença do pai se mostrou decisiva. “Meu pai sempre me apoiou, me deu todo o suporte e apoio necessário pra continuar. Só consegui chegar por causa dele.” A frase, mais do que uma homenagem, é o retrato de uma relação que sustentou o atleta nos momentos mais difíceis — e que, de certa forma, o impulsionou até hoje.

 

A paixão pelo futebol sempre falou mais alto. E o compromisso com o que faz também. Seu maior ídolo no esporte, aliás, é um reflexo disso: “Cristiano Ronaldo. Além do talento, é um cara extremamente profissional e compromissado com a carreira.” Júlio tenta espelhar essa mesma postura no dia a dia, mesmo sabendo que a vida do jogador nem sempre traz o retorno esperado em visibilidade ou reconhecimento. Ainda assim, insiste que vale a pena.

 

“O que diria pra quem sonha ser jogador é: nunca desista dos teus sonhos. Dinheiro nenhum paga a gente fazer o que ama.” A frase reflete não só a filosofia que guiou sua trajetória, mas também o recado que deixa para a nova geração. Nas entrelinhas, é possível perceber que, para ele, o valor da jornada está menos nas cifras e mais no propósito.

 

Apesar de nunca ter atuado por um time da elite do futebol brasileiro, Júlio guarda em si uma motivação muito especial. “Meu sonho era jogar no Palmeiras e realizar o sonho do meu pai. Infelizmente não foi possível, mas creio que realizei o sonho dele através de mim, se tornando atleta profissional.” A declaração mostra como sua caminhada, ainda que distante dos holofotes mais fortes, carrega significado — pessoal, familiar e emocional.

 

E o futuro? Júlio não tem respostas prontas, mas também não parece ansioso com o que vem depois dos gramados. “Sobre o meu futuro, ele está nas mãos de Deus. Não seria ruim continuar no futebol fazendo outras coisas, pois o futebol é algo que amo e não tem palavras pra descrever o quanto sou grato a ele.”

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