Da Redação
Felipe Taques Pistere tem 32 anos, nasceu em Campo Grande (MS) e há oito vive em Jardim, onde se dedica à prática e ao ensino do Sanda, uma arte marcial chinesa que combina técnicas de socos, chutes e projeções. Instrutor e 5° nível na modalidade, ele também é estudante de Educação Física e faixa marrom em Kickboxing.
O interesse pelas artes marciais começou ainda na infância, dentro da escola. “Meu primeiro contato foi através de um projeto social que tinha aulas de judô”, relembra. O Sanda surgiu pouco tempo depois. “Meu primo treinava Sanda e me levou para treinar também. Foi ali que eu descobri o que realmente queria seguir.”
Ao longo dos anos, Felipe se consolidou como instrutor e hoje é responsável por formar novos praticantes da modalidade em Jardim, atuando na Academia Stay Strong. Chegar ao 5º nível, segundo ele, foi um marco importante. “Além de ser gratificante, vem muita responsabilidade, pois te habilita a dar aula e colocar discípulos no mundo marcial, o que requer comprometimento e dedicação”, explica.
Essa responsabilidade se reflete em sua rotina. Além de ministrar aulas, Felipe cursa o terceiro semestre de Educação Física, o que, segundo ele, exige disciplina e equilíbrio. “Não é tão simples como parece, porque o trabalho nos toma muito tempo. Quando a gente trabalha com pessoas, tem que ter uma entrega para atender todas as necessidades, e isso acaba prejudicando um pouco o tempo de formação.”
A rotina de Felipe na academia é intensa. Ele conta que o público que procura o Sanda em Jardim tem motivações diversas, mas, atualmente, a maioria busca condicionamento físico e estética. “Hoje, a busca está mais voltada para o estético. Vem muita gente em busca de emagrecimento e condicionamento físico, mas ainda temos aquela porcentagem de atletas que buscam no Sanda um estilo de vida.”
Mesmo assim, o foco técnico nunca é deixado de lado. “Busco um treino ativo, com energia alta, na primeira parte das aulas, onde trabalho todo o aquecimento e alongamento. Na segunda parte, independente do que o aluno busca — se é competição ou apenas hobby —, trabalho muito a parte técnica. Ninguém sai daqui sem aprender a fazer bem feito.”
Entre os benefícios da prática, Felipe destaca a melhora do condicionamento físico e motor, especialmente entre as crianças. “Depende muito da idade de cada aluno, pois a gente trabalha com turmas de idades diferentes. Mas, em geral, o Sanda traz equilíbrio, renovação de energia e uma melhora motora absurda, principalmente na turma kids.”
Para ele, o maior desafio no ensino das artes marciais hoje está na atenção dos jovens. “O desafio é prender a atenção deles por muito tempo. Acabamos disputando isso com as tecnologias, que estão com acesso cada dia mais fácil.”
Ainda que já tenha competido, Felipe afirma que, neste momento, o foco está na formação de novos atletas. “Não posso dizer que não vou competir novamente, seria muito sério afirmar isso”, brinca. “Mas meu foco agora é formação. Tenho um atleta campeão Sul-Americano de Sanda, e essa vitória me mostrou que esse realmente é o caminho. Fiquei muito mais feliz com a vitória dele do que com a minha.”
Essa satisfação com o progresso dos alunos é o que o motiva a continuar ensinando. Felipe vê na arte marcial uma ferramenta de transformação pessoal e social. Ele mesmo começou num projeto escolar e hoje busca oferecer algo parecido aos seus alunos — um espaço para aprender disciplina, confiança e técnica.
“Costumo dizer que só gosta quem prova. A luta é isso: vir e testar”, afirma. Para quem ainda sente receio de começar, ele tem um convite direto: “Só vem. Vem sentir o gosto da arte marcial. Eu garanto que é mais seguro que jogar bola. Em um mês de treino, você vai se machucar muito menos que em uma partida de futebol.”
O instrutor acredita que o Sanda ainda tem muito a crescer em Mato Grosso do Sul e pretende continuar contribuindo para esse desenvolvimento, tanto em Jardim quanto em outras cidades do estado. A conquista de seus alunos é o que o impulsiona. “Ver o crescimento de quem treina comigo é a melhor parte. A vitória deles é a minha vitória também.”
Entre treinos, estudos e planos futuros, Felipe segue firme em seu propósito de formar atletas e divulgar o Sanda como uma modalidade que vai além do combate. “Mais do que aprender a lutar, o Sanda ensina equilíbrio e foco. Cada treino é uma oportunidade de evolução.”