“Eu não tinha muita noção ainda, mas entrei com o coração.” A frase de Hudson Chavez resume a lembrança de sua primeira competição no jiu-jítsu. O nervosismo tomou conta, o resultado não foi o esperado, mas a experiência deixou uma certeza: era naquele caminho que ele queria seguir. Hoje, aos 16 anos, o jovem nascido em Campo Grande e radicado em Corumbá se prepara para representar Mato Grosso do Sul no Campeonato Mundial de Jiu-Jítsu, em setembro.
O contato com a arte marcial aconteceu cedo, motivado pela curiosidade e pela vontade de aprender autodefesa. “Meu primeiro contato com o jiu-jítsu foi ainda bem novo, por curiosidade e vontade de aprender autodefesa. Com o tempo, percebi que aquilo ia além de um esporte — era disciplina, superação, foco.” A partir dali, a rotina de treinos passou a fazer parte da vida do atleta, que também encontrou no tatame um espaço de crescimento pessoal. “Representa equilíbrio, respeito, foco e crescimento pessoal. Mudou minha vida, minha rotina e minha mentalidade.”
Se a motivação foi o que o manteve firme, as dificuldades também ajudaram a moldar a carreira. Natural de Campo Grande, mas formado esportivamente em Corumbá, Hudson enfrentou obstáculos comuns a atletas do interior. “Sem dúvida, a falta de apoio e estrutura. Vindo de Corumbá, muitas vezes precisamos bancar tudo do próprio bolso e enfrentar distâncias grandes para competir. Mas isso também me fortaleceu.” Entre viagens longas e custos elevados, o esforço para estar em cada competição se tornou parte do aprendizado.
Aos poucos, os resultados começaram a aparecer. O pódio no Campeonato Brasileiro abriu portas e a classificação para o Mundial tornou-se um marco. “O pódio no Campeonato Brasileiro e agora a classificação para o Mundial de Jiu-Jítsu, representando Corumbá e o estado de MS”, destacou ao falar das conquistas mais importantes. O sentimento de carregar o nome da cidade e do estado é o que dá ainda mais sentido à caminhada. “É uma responsabilidade enorme, mas também um orgulho. Levar o nome da minha cidade para outros estados e mostrar que, mesmo com pouca estrutura, temos talento e garra.”
A rotina de Hudson é dividida entre treinos de jiu-jítsu e a preparação específica para o MMA, modalidade que também faz parte dos seus planos. “Treino jiu-jítsu com frequência, e quando me preparo para o MMA incluo treinos de trocação, condicionamento e estratégia. A carga aumenta bastante, tanto física quanto mentalmente.” A paixão pela luta foi ampliada pela influência do mestre Cláudio Rocha e pelo interesse em outras modalidades.
No tatame, as referências são claras. Hudson se espelha em nomes consagrados do jiu-jítsu e do MMA, mas também encontra inspiração no dia a dia da academia. “Me inspiro em atletas como Leandro Lo e Mica Galvão no jiu-jítsu e Charles do Bronx no MMA. Mas também me inspiro nos meus professores e colegas de treino, que lutam todo dia.”
Mesmo jovem, Hudson já acumula aprendizados que gosta de compartilhar com quem está começando. “Tenha paciência, constância e humildade. As vitórias vêm com o tempo. E nunca espere tudo dos outros: corra atrás, treine e se dedique.”
Agora, o foco está voltado para o Mundial. A competição é vista como uma etapa fundamental para o futuro esportivo que ele projeta. “Quero representar bem no Mundial agora em setembro. E, futuramente, me ver em competições internacionais, talvez no cenário profissional do MMA também. Mas sempre levando comigo a base que construí aqui em Bonito e Corumbá.”