Terça-feira, 18 de novembro de 2025, 23:55

Gilvan pedala com uma perna só e transforma hobby em conquistas no ciclismo

da redação - 20 de ago de 2025 às 15:03 91 Views 0 Comentários
Gilvan pedala com uma perna só e transforma hobby em conquistas no ciclismo Da Redação

“Comecei por hobby, queria só pedalar mesmo”, conta Gilvan Pereira da Silva, atleta sul-mato-grossense de ciclismo nas modalidades mountain bike e speed. Natural de Sertânia (PE), ele nasceu em 24 de abril de 1983, mas se mudou para Campo Grande ainda bebê. “Vim pra Campo Grande quando tinha seis meses de vida, me considero sul-mato-grossense com orgulho.”

 

A trajetória de Gilvan no ciclismo começou em fevereiro de 2020, quando aceitou o convite de um amigo para integrar um grupo de pedal. Desde então, a bicicleta deixou de ser apenas lazer e passou a ser também superação e resultado. “Antes eu pedalava com prótese, mas como transpiro muito ela ficava saindo e optei por pedalar com uma perna só. Fiz uns treinos e deu muito certo.”

 

O primeiro desafio competitivo veio pouco mais de um ano depois. Em setembro de 2021, Gilvan disputou a primeira prova em Piraputanga, distrito de Aquidauana, tradicional no calendário do mountain bike. Ele ficou em terceiro lugar na categoria PCD, resultado que o motivou a seguir adiante. “No início o maior problema que tive foi a bike, não tinha uma apropriada. Com o tempo e uma nova equipe, consegui uma bike melhor e hoje consigo resultados melhores na minha categoria.”

 

Desde então, o atleta acumula conquistas importantes. Em 2023, foi campeão estadual PCD e também do Circuito Adventure. “A temporada 2023 foi extraordinária, consegui resultados satisfatórios. Teve provas com barro, que dificultaram o trajeto, mas com determinação e perseverança consegui passar por esses imprevistos.”

 

No ano seguinte, a evolução se confirmou com o bicampeonato estadual de contrarrelógio (crono). “Foi uma satisfação, porque 2024 foi um ano em que me preparei muito. Teve uma prova do estadual em Furnas do Dionísio, em Rochedinho, que a temperatura chegou a 35 graus.”

 

A preparação é intensa. Segundo Gilvan, os treinos acontecem, em sua maioria, em estradões de terra, com percursos de bastante subida. “Isso me ajuda muito a fortalecer a perna e ganhar força. Também trabalho altimetria, que no mundo da bike são os tópicos de subida. A elevação varia muito, tem treinos que vão de 400 a 1000 de altimetria.”

 

O gosto pela superação, para ele, está em cada linha de chegada, independentemente do lugar ocupado no pódio. “Acho que todas as provas têm gosto especial. Mesmo não chegando às vezes em primeiro lugar, estar ali completando já tem um gostinho especial.”

 

Se o esforço pessoal é grande, o apoio ainda é limitado. Gilvan aponta a falta de valorização dos atletas com deficiência no ciclismo. “Infelizmente a valorização do atleta PCD é bem pequena. Tanto que hoje, após cinco anos no mountain bike, ainda não tenho patrocínio. A maior ajuda que consigo é da minha equipe.” A equipe em questão é a MTR Bike Team, que, segundo ele, tem papel fundamental em sua permanência no esporte. “A equipe MTR tem me ajudado muito, principalmente nas viagens que preciso fazer para as competições, com hospedagem e alimentação.”

 

O calendário competitivo segue ativo. No dia 24 de agosto de 2025, Gilvan disputa mais uma etapa do Estadual de Contrarrelógio, em Nova Alvorada do Sul, prova que vale título. Para chegar pronto, a preparação envolve constância, paciência e respeito ao corpo. Essa é, inclusive, a mensagem que ele deixa a quem sonha em iniciar no ciclismo ou em qualquer outra modalidade esportiva. “Comece com calma. Eu comecei fazendo 7 km, hoje consigo fazer até 130 km. Faça com calma, pois o corpo depois agradecerá os resultados.”

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