O sol mal havia rompido as primeiras nuvens quando as arquibancadas começaram a se encher. Em campo, os pequenos craques ajustavam chuteiras, ajeitavam o meião e tentavam disfarçar o nervosismo que os pais, na beira da grade, percebiam de longe. O Festival Sub-9 da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, realizado em São Gabriel do Oeste, mostrou que o futebol, antes de qualquer troféu, é feito de emoção, família e esperança.
Entre os que vibraram e sofreram com cada lance estava Murilo Turra, ex-atleta e agora pai do pequeno Lorenzo. Com olhos marejados, ele descreveu o que sentiu ao ver o filho em campo. “Acho excelente, é um sinal que a federação tem dado a importância necessária principalmente para as categorias de base. Eu, como ex-atleta, sinto muito orgulho do Lorenzo em ver ele competir, assim como já fiz um dia. Nos dias de hoje, com tanta tecnologia, devemos sempre incentivar a prática do esporte”, contou. Lorenzo, ansioso e sorridente, parecia carregar nas chuteiras não apenas a vontade de vencer, mas a herança esportiva de seu pai.
Do outro lado, Mariana Vieira acompanhava cada passo do filho Vinícius, atleta do Mato Grosso do Sul Sub-9. “Foi uma grande surpresa pra gente. Ficamos felizes dele estar participando. Ele treinou muito para ajudar sua equipe. Está feliz, ansioso e nervoso. Acho que essa mistura de sentimentos é normal”, disse, descrevendo o turbilhão que antecede cada partida. Para ela, mais do que um jogo, o festival é a confirmação de que a infância também pode ser feita de sonhos coletivos.
David Carvalho, pai e xará do atleta do time DS/Ubiratan, não escondia a alegria. Entre risos, admitiu o quanto sofre na arquibancada. “É muito gratificante ter um festival desse no MS, principalmente nessa categoria Sub-9, que está em formação não só relacionada ao futebol, mas em todas as áreas da vida. Vai ser algo emblemático na vida dele. Parabéns à FFMS, vocês nunca vão errar promovendo esses momentos para essas crianças. Meu filho está muito alegre, claro que vem o nervosismo, mas o que externa mesmo é a alegria. Ele já se comporta de forma mais tranquila em campo, e nós como pais é que sofremos na torcida”, brincou.
Mais do que um torneio, o festival se tornou um mosaico de emoções. As crianças, ansiosas por jogar, e os pais, divididos entre a tensão e o orgulho, mostraram que o futebol de base é um espaço de aprendizado que ultrapassa o placar. Cada chute carregava um pedaço de futuro; cada abraço, uma lição de companheirismo.
Ao final do dia, a certeza que pairava sobre todos era a de que, para aqueles meninos, o futebol não era apenas esporte. Era linguagem, era sonho e, sobretudo, era a ponte para se tornarem não só jogadores, mas cidadãos melhores.