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Felipe segue passos de professor e transforma o beach tennis em profissão e oportunidade

da redação - 15 de ago de 2025 às 14:51 114 Views 0 Comentários
Felipe segue passos de professor e transforma o beach tennis em profissão e oportunidade Da Redação

O técnico e atleta de beach tennis Felipe Rocha Silva, de 25 anos, construiu sua trajetória no esporte a partir de um projeto social em Campo Grande. Nascido em Linhares (ES) em 6 de março de 2000, ele se mudou para a capital sul-mato-grossense ainda pequeno, com apenas dois anos de idade.

 

Felipe conheceu o beach tennis em 2015, por meio de um projeto social em que o professor de Educação Física Maxsandro Pio ministrava aulas no contraturno escolar. “Infelizmente ele faleceu em 2018 e não tínhamos outro professor para continuar as aulas. Foi aí que eu e dois amigos demos sequência em seu trabalho no Projeto Social Coruja, no bairro Los Angeles”, conta.

 

Durante dois anos, ele seguiu dando aulas no projeto, atendendo mais de 80 crianças da periferia de Campo Grande. “Nesse período conseguimos atender mais de 80 crianças da periferia de CG com a modalidade que também aprendi dessa forma. Foi aí que começou a se tornar minha profissão de vez”, relembra.

 

O beach tennis chegou a Campo Grande em 2011, mas, segundo Felipe, o crescimento mais significativo veio em 2020. “Durante a pandemia, todos queriam uma atividade ao ar livre e esse foi o maior ‘boom’ do esporte. Porém, segue em uma crescente muito boa até hoje, e minha expectativa é que cresça ainda mais pelo bom nível técnico dos atletas e pelas federações que vêm se fortalecendo cada vez mais.”

 

Conciliar o papel de técnico com o de atleta é, para ele, um dos maiores desafios. “É muito difícil ministrar as aulas e condicionar o seu corpo para as competições. O principal desafio é encaixar os treinamentos físicos e técnicos dentro de uma rotina muito alta de aulas”, explica.

 

Para Felipe, o momento mais marcante da carreira não se resume a resultados. “Já representei o nosso estado em algumas competições, porém, para mim, seguir os passos do Max como treinador é minha maior conquista. Sou muito grato a ele, à Escola Municipal Padre Tomaz Ghiraldelli e ao Projeto Coruja por terem me dado todo suporte e por terem me apresentado esse esporte gratuitamente. Poder ensinar para as pessoas esse esporte que mudou a minha vida e minha realidade é muito gratificante.”

 

A preparação para manter-se competitivo envolve mais do que treinos. “Além de muito treino, alimentação balanceada e muito comprometimento, você precisa lutar noite e dia para se manter no topo. A palavra-chave é ‘resiliência’. Já deixei de estar com minha família diversas vezes para participar de torneios importantes.”

 

Felipe avalia que o beach tennis já se consolidou nacionalmente. “Hoje somos a maior potência mundial do esporte, com mais de 1 milhão de praticantes. Nossa base está vindo muito forte, é muito comum ver crianças treinando em alto rendimento, e para mim como treinador isso é muito importante. Todo esporte precisa ter uma base forte para ter um futuro promissor.”

 

Apesar do crescimento, ele reconhece as dificuldades para atletas em Mato Grosso do Sul. “Em nosso estado, sinceramente, é muito difícil ser atleta de qualquer modalidade. Não temos essa cultura de centros de treinamento focados em alto rendimento. Conheço vários amigos que precisaram ir para São Paulo para ter acesso a treinamentos e estar no núcleo dos torneios fortes. É muito difícil se manter somente como atleta em nosso estado.”

 

Sua história pessoal também poderia ter tomado outro rumo sem o esporte. “Eu tinha tudo para entrar para a estatística de adolescentes do subúrbio que não têm futuro nenhum, não têm profissão definida e que mexem com coisa errada, como vários amigos meus. Mas o esporte me moldou e mudou a minha vida e da minha família. Hoje posso dizer que tenho uma vida estável e posso ajudar minha família graças ao beach tennis.”

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