“Se fosse fácil, todo mundo conseguia.” A frase resume a forma como o sul-mato-grossense Felipe Escobar, de 21 anos, encara o caminho no futsal. Natural de Campo Grande e nascido em 25 de setembro de 2004, ele hoje defende uma equipe em Santa Catarina, mas carrega na bagagem as lembranças das primeiras quadras no Mato Grosso do Sul e os desafios de quem precisa sair do estado para sonhar mais alto.
Felipe começou cedo no esporte. “Eu comecei antes, mas o que eu me lembro mesmo foi em 2014, mais ou menos. Antes, quando falo, é porque eu comecei no ABC, já que estudava lá e treinava. Em 2014, mais ou menos, mudei para o Pelezinho, que são duas escolinhas com excelentes profissionais e com muita qualidade para aprendizado”, relembra.
O caminho até se tornar atleta profissional não foi simples. Segundo Felipe, a falta de oportunidades em Mato Grosso do Sul é um obstáculo que muitos jovens enfrentam. “Acho que um dos desafios é a falta de oportunidade no nosso estado. Graças a Deus, encontrei a BMW, que é a minha agência, e foi quando saí do estado pela primeira vez, no ano passado. O caminho em si é muito complicado, tive que abrir mão de muitas coisas, uma delas é a família. Ficar longe para viver o sonho é bem complicado. Você vê coisas e passa por situações que desmotivam muito, mas vai de você, do quanto você quer isso”, afirma.
A parceria com a agência BMW e o apoio da família foram determinantes para que ele pudesse seguir em frente. “O que motivou a mudança foi o sonho e a minha agência, que abriu as portas para mim. Graças a Deus, minha parceria com a BMW tem sido muito boa e vem dando muito certo. O Alê, que é meu empresário, tem feito um excelente trabalho, e a gente se entende muito bem. Sempre tive uma família que me apoiou muito, e quando surgiu a oportunidade de seguir em busca do meu sonho, não pensei duas vezes. Foi isso que eu sempre quis, desde a minha ida para o Paraná no ano passado, e agora estou em Santa Catarina. O que for preciso fazer para continuar fazendo o que eu amo, vou fazer sem pensar duas vezes”, relata.
A mudança de estado trouxe também uma visão mais clara das diferenças de estrutura no futsal brasileiro. “O nível de Santa Catarina é muito diferente pelo fato de serem atletas de alto rendimento. Vejo muita diferença por conta do investimento. Infelizmente, no nosso estado falta investimento, então temos pouquíssimas competições de alto nível. No MS não há incentivo. A questão da união faz muita diferença, as pessoas se juntarem e brigarem pela mesma causa, que é a evolução da modalidade. Não apenas um ou dois, mas todos juntos para tentar melhorar as coisas e um dia colocar nosso estado em um lugar alto na prateleira nacional”, analisa.
Mesmo com as dificuldades, Felipe já coleciona experiências marcantes na carreira. Na base, venceu o Campeonato Estadual Sub-16 e da Copa Mundo Sub-19. No profissional, enfrentou equipes tradicionais do futsal nacional. “Este ano joguei contra o JEC/Krona, contra o Jaraguá e outros times do cenário nacional. Foram jogos muito marcantes para mim, jogar contra caras que eu sempre vi pela TV e nunca imaginei estar ali tão rápido, dividindo quadra com eles”, conta.
Entre suas referências, Felipe cita nomes locais e internacionais. “O professor Geraldo Harada, do Pelezinho, foi um cara que me ensinou muito. Tenho como ídolos o Ricardinho, de Portugal, o Marcenio, o Eduardo Rafael (Du), o Rodrigo Mota, o Acre, o Samuel Lescano (Samuka) e o Wellington Silva”, lista.
Os próximos passos também estão bem definidos: alcançar a elite do futsal nacional e internacional. “Tenho como objetivo jogar a Liga Nacional, jogar no exterior e ter uma carreira vitoriosa em todos os sentidos”, projeta.
Apesar de estar distante, Felipe não esconde a ligação com sua cidade natal. “Com certeza, é sempre muito bom estar em casa”, diz.
Aos jovens atletas que sonham em trilhar um caminho semelhante, ele deixa um conselho direto: “Trabalhe, não desista. O caminho não vai ser fácil, mas, se você merecer, sua hora vai chegar, e você vai estar pronto.”