Da Redação
Alesandro Silva Ferreira, 46 anos, faixa-preta em kickboxing e técnico em boxe, começou sua trajetória nas artes marciais em 1995, em Dourados (MS), treinando com o pioneiro da modalidade no estado, Mestre Vercely Barrios, campeão brasileiro e internacional de kickboxing full-contact no início dos anos 1990. Desde então, construiu uma carreira marcada por lutas, ensinamentos e a formação de novos atletas.
Ele conta que o interesse em se especializar tanto no kickboxing quanto no boxe nasceu de uma busca constante por conhecimento. “A vontade de saber mais, de entender mais a lógica, fundamentos, princípios e objetivos dessas artes. O kickboxing é espetacular, e o boxe é o esporte mais difícil do mundo, pois só se pode usar as mãos e tem que ter ao mesmo tempo raciocínio lógico e rápido, força, resistência e velocidade”, explica.
Ao longo da carreira, enfrentou adversários que marcaram sua memória, como Rogério Albano, na final do Campeonato Estadual de Boxe de 2005, e Alex Poatan Pereira, na final do Campeonato Brasileiro de Kickboxing de 2013. “Foram duas lutas sensacionais, que no final me renderam dois excelentes amigos”, relembra.
Como treinador, ele vivencia intensamente tanto a experiência de estar no ringue quanto a de orientar no corner. “Estar lutando é a hora de por à prova seu treinamento, sua técnica, seu método e suas verdades. E estar no corner orientando seu aluno traz de certa forma as mesmas coisas, porém você mede por outro ângulo. É preciso conhecer bem seu aluno para poder ser pontual e falar com propriedade no momento exato”, descreve.
A formação em Educação Física, segundo Alesandro, é um dos pilares do trabalho como treinador. “Os fundamentos e conceitos em termos de planejamento de treinos e saber lidar com os diversos tipos de pessoas fazem da Educação Física o carro-chefe dessa missão, que é educar, cuidar e fazer uma pessoa se tornar um bom ser humano para si e para os outros.”
No tatame e fora dele, valoriza princípios que acredita serem fundamentais para formar atletas e cidadãos. “Respeito, compromisso, o autoreconhecimento, perseverar, estar sempre se atualizando, repassar o conhecimento e fazer o aluno entender que ele pode tudo o que quiser”, resume.
Mais do que as próprias conquistas, Alesandro destaca o orgulho em ver os resultados obtidos por seus alunos. “Tenho alunos médicos, advogados, professores, empresários, alunos concursados e alunos militares nos EUA e muito mais, filhos que se tornaram melhores para seus pais e pais que se tornaram melhores para seus filhos. Saber que eu pude agregar algo de bom na educação deles é minha maior vitória”, afirma. Entre todos os momentos marcantes, cita um que considera único: “A experiência mais extraordinária que já tive foi ter dado aulas para meu irmão e minha mãe.”
Sobre o cenário atual das modalidades no estado, é otimista. “Atualmente, o kickboxing e o boxe estão em alta no Mato Grosso do Sul. Já é uma rotina o estado estar frequentemente nos pódios de campeonatos nacionais e internacionais, resultado do comprometimento de professores, alunos e da federação.”
Hoje, morando em Antônio Prado (RS), ele continua atuando na formação de atletas e mantém laços com alunos que agora têm suas próprias academias no Mato Grosso do Sul. “Sou hoje um orientador desses meus alunos que dirigem suas academias. Sempre que os visito, tem um ‘cinco minutos de porrada sem perder a amizade’ e a troca de conhecimentos é mútua.”
Os planos incluem continuar estudando, treinar para alcançar o último nível da faixa-preta e, possivelmente, voltar a competir na categoria sênior. “Tenho mantido meu treino em dia, conciliando aulas, treino e serviço policial militar. Uma coisa ajuda a outra.”
A mensagem que deixa para quem deseja seguir carreira nas artes marciais é direta: “Faça o que tem que ser feito. Ninguém é forte desde nascido, você se torna forte e campeão. E para se manter assim, nunca pare de treinar. O que move um corpo não são os músculos, é a força do pensamento. Antes de vencer no ringue, vença na própria vida. Se ganhar de si mesmo, você ganhará de qualquer um.”