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Fabíola constrói trajetória entre o futebol de várzea e os campeonatos nacionais

da redação - 30 de abr de 2025 às 16:07 105 Views 0 Comentários
Fabíola constrói trajetória entre o futebol de várzea e os campeonatos nacionais Da Redação

Fabíola Mendonça começou a jogar futebol quando ainda era criança, em Três Lagoas, município do leste de Mato Grosso do Sul. Aos nove anos, ela já se destacava nas atividades esportivas da escola municipal onde estudava. Foi lá que recebeu o primeiro convite para jogar representando a unidade em uma competição.

“Comecei a jogar bola desde pequenininha, tinha uns 9 anos. Estudava em uma escola municipal perto de casa e logo o professor Nilson me chamou para representar a escola nos jogos escolares que ia ter. Naquela época, não sabia muito o que queria, jogava tudo o que tinha na escola e sempre ia bem. Lembro que o professor ficava doido comigo porque não parava”, lembra.

Os primeiros treinos aconteciam em um campo improvisado. “O treino na escola era no terrão. Na época, a escola não tinha quadra de esportes. O professor que fez os gols e arrumou tudo.”

Desde o início, os obstáculos não foram poucos. Fabíola relata que ser mulher e atleta em um ambiente tradicionalmente masculino exigiu resistência e apoio da família. “Acredito que toda menina passa pela fase de piadas, de pessoas falando ‘lugar de mulher é limpando casa’, ‘mulher não sabe jogar futebol’. E isso não vem só de pessoas que você não é próximo, vem de pessoas que deviam te apoiar.”

A falta de recursos também foi um desafio constante. “Tem a parte de comprar chuteira, tênis… O pai ou a mãe tem que ser seu ‘paitrocínio’. Não é fácil.”

Apesar de jogar atualmente mais futsal, Fabíola guarda um carinho especial pelo futebol de campo. “Eu particularmente tenho um amor a mais pelo futebol de campo, mas hoje em dia jogo mais o futsal. E as duas modalidades são diferentes, começando pela bola, o peso, o tamanho, o jeito da gente dominar.”

Ela construiu a base da sua carreira na várzea e destaca como um divisor de águas a participação no Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, em 2019, já morando em Campo Grande. “Pra mim, a maior conquista foi as oportunidades que o futebol/futsal me deu. Eu sou da várzea. Campeonatos grandes que fui foi o Brasileiro de campo, foi a melhor experiência da vida.”

Foi através dessa competição que conheceu outras realidades, cidades e pessoas. “O Brasileiro me deu a oportunidade de conhecer várias cidades grandes, de conhecer pessoas, de ter a experiência de andar de avião, coisa que pra mim parecia impossível.”

No cenário estadual, ela reconhece os avanços no futebol feminino. “Hoje as coisas têm melhorado muito. Nosso MS já é muito bem representado nas competições nacionais. Sei que ainda tem os quesitos dos patrocinadores para as demais equipes, mas é sonhar que coisas melhores sempre virão.”

Na infância, a inspiração vinha das telas e também de dentro de casa. “Quando era novinha eu ficava doida assistindo a Marta jogar. Até hoje vibro por ela jogando. Mas a maior motivação era olhar pra lateral do campo ou quadra e ver sua família ali torcendo por você. Não tem nada melhor que te faça se inspirar mais do que isso.”

Ela se recorda com carinho do apoio do pai nos primeiros campeonatos escolares. “Meus primeiros jogos escolares, lembro que meu pai chegou em casa com uma caixa de tênis. Fui toda faceira abrir. Não tirava do pé pra nada. E ele ia em todos os jogos, torcia feito louco. Naquela época eu ainda fazia muitos gols, hoje já deixo pras minhas companheiras, hahaha. Mas todos eram dedicados pra ele.”

Atualmente, Fabíola joga no time Life, de Campo Grande, e tenta conciliar a rotina de treinos com os compromissos do trabalho. “É muito difícil você conciliar a vida de trabalho com treinamentos. Admiro demais quem consegue isso muito bem. Estamos tentando treinar toda semana no time que eu jogo. Às vezes o horário fica ruim pra uma e pra outra já é melhor, mas tentamos sempre manter o ritmo do nosso time, mesmo que cada uma faça seu treino particular.”

Com os pés firmes na quadra, ela projeta os próximos passos. “Estamos participando da Liga Regional de futsal. Acredito que é uma liga que vem pra somar muito, dividida por todo MS.” Ela também destaca que, mais do que as metas esportivas, o equilíbrio emocional e a relação com a equipe são prioridades. “Como jogadora, eu tento sempre estar bem comigo mesma, bem com a equipe e bem psicologicamente.”

Para quem sonha com uma carreira no esporte, Fabíola tem um recado direto: “Nunca desistam daquilo que você mais quer. Não vai ser fácil, mas vai ser único na sua vida. Não tem luta melhor do que lutar pelos nossos sonhos.”

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