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Evelyse Medeiros supera desafios e inspira mulheres na arbitragem esportiva

da redação - 30 de mai de 2025 às 14:57 100 Views 0 Comentários
Evelyse Medeiros supera desafios e inspira mulheres na arbitragem esportiva Da Redação

Aos 33 anos, Evelyse Medeiros construiu uma trajetória sólida como árbitra de futsal e futebol, atuando em campeonatos importantes em Mato Grosso do Sul e no Brasil. Nascida em Campo Grande em 31 de dezembro de 1991, ela também busca formar novas árbitras, compartilhando a experiência adquirida em mais de uma década de atuação.

O interesse pela arbitragem surgiu em 2014, após um convite de uma amiga que já atuava na área. “Comecei como anotadora, mas depois troquei de função para árbitra, pois queria sentir de fato a adrenalina do jogo”, conta Evelyse, que também assumiu a função de árbitra central no futebol de campo.

Ao longo de 11 anos de carreira, enfrentou desafios comuns a muitas mulheres que atuam em áreas tradicionalmente dominadas por homens. O primeiro obstáculo foi compreender o seu próprio limite e ambição. “Primeiro foi entender até onde eu queria chegar. Depois vem a dificuldade de todas as mulheres: provar o tempo todo o quanto somos competentes, mesmo acertando”, afirma. Para ela, conquistar o respeito de equipes e comissões técnicas foi resultado de um trabalho focado na excelência e na redução mínima de erros. “Não se vive isso da noite para o dia, precisa muita paciência para alcançar os objetivos.”

Atualmente, Evelyse mantém uma rotina voltada ao alto rendimento, que inclui fortalecimento muscular, corrida, fisioterapia e uma alimentação regrada. A preparação psicológica também é prioridade: “Sempre tive muita facilidade de trabalhar sob pressão. Confesso até que prefiro os jogos mais pegados”, diz. Para aprimorar o desempenho, ela adota o hábito de assistir às próprias partidas e realizar autoavaliações, com o objetivo de corrigir falhas e potencializar acertos. “Procuro ler muito sobre isso e manter minhas orações para fazer a minha revolução humana dentro dos aspectos que utilizo na arbitragem.”

Com experiência tanto no futsal quanto no futebol de campo, Evelyse identifica diferenças fundamentais entre as modalidades. “O futebol tem regras muito mais simples, temos mais tempo para as tomadas de decisões, um jogo mais lento onde fica mais perceptível analisar e posicionar um ponto futuro.” Por outro lado, avalia que o futsal exige uma leitura rápida e precisa: “O jogo é muito mais intenso, dinâmico. Fazer a leitura de jogo para antecipar faltas, ataque promissor, ou mesmo leituras de mãos… além de trabalhar em dupla com outro árbitro e manter o mesmo critério. Um jogo que não permite que pisquem, pois provavelmente já perdeu o lance.”

Durante a trajetória, Evelyse enfrentou situações de preconceito e machismo, principalmente em jogos masculinos. “O único lugar na vida onde sofro preconceito é arbitrando”, afirma. Uma das experiências mais marcantes ocorreu durante a final dos Jogos Escolares, em 2019. Na ocasião, foi alvo de agressões verbais e físicas por parte de um diretor de escola. “Ele me xingou o jogo inteiro na arquibancada, me jogou água, balas, garrafas… até que tiramos ele de dentro do ginásio. No final da partida, ele voltou e me xingou de todos os nomes possíveis, tentando me agredir fisicamente.” A árbitra foi protegida por seguranças, atletas e professores.

Mesmo diante dessas adversidades, Evelyse segue firme. “Não me afeta em nada as palavras proferidas por essas pessoas. Pelo contrário, quando acontece tenho a certeza de que estou no caminho certo.” Para se preparar para essas situações, investe em cursos de defesa pessoal e estratégias de segurança em eventos esportivos.

Entre as muitas partidas que conduziu, Evelyse destaca como especialmente marcante a semifinal da Super Copa 2024, entre Taboão da Serra e Serc UCDB. “Foi um jogo muito técnico, de casa cheia, energia muito alta e um nível de concentração elevado, já que se tratava da competição mais importante do Brasil, que dá vaga para a Libertadores, e trabalhando somente com árbitras FIFA.”

Sobre a participação feminina na arbitragem, Evelyse reconhece avanços, mas aponta que ainda há um longo caminho a percorrer. “O cenário há 10 anos atrás era completamente diferente de hoje. Tenho muita gratidão pelas meninas que não desistiram e acreditaram nessa mudança.” Ela defende que a presença das mulheres na arbitragem é uma soma, e não uma disputa de espaço com os homens. “As mulheres são muito competentes, muito corretas, justas. Um jogo arbitrado por mulheres é magistral em elegância, postura e nível de acertos absurdos.”

Evelyse destaca, ainda, a necessidade de as mulheres precisarem ser quase impecáveis para provar que merecem estar em campo: “Infelizmente ainda temos muito a melhorar nesse aspecto de gênero e esporte.”

Para quem sonha em ingressar na arbitragem esportiva, Evelyse deixa um conselho direto: “Que sonhos existem para se tornar realidade. Se fosse fácil, qualquer um faria, mas encerrar uma partida sendo motivo de estudo pela excelente arbitragem é mais prazeroso que fazer um gol.” Ela reforça a importância da dedicação e da persistência: “Não desistir, não procrastinar, praticar, estudar, se dedicar até olhar pra trás e lembrar por onde já passou e onde chegou, sem tirar a humildade do bolso.”

Atualmente, Evelyse alimenta um novo sonho: formar árbitras de qualidade. “Tento repassar todos os meus conhecimentos e saber que fiz parte da história, dos sonhos de alguém. Esse sentimento é melhor do que meu melhor jogo na vida.” Ela também convida outras mulheres a se juntarem a esse universo: “Venham fazer parte desse mundo espetacular da arbitragem e fazer desse time feminino ainda mais forte.”

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