Aos 40 anos, Maria Magda Chimenes Brandão de Oliveira continua dividindo sua rotina entre o vôlei de quadra e o de praia. Natural de Bela Vista, cidade na fronteira com o Paraguai, Magda começou a jogar ainda criança e nunca mais parou. A paixão pelo esporte surgiu nas aulas de educação física da escola e resistiu ao calor, à falta de estrutura e às limitações impostas pela distância da capital.

“Meu primeiro contato com o vôlei foi na Educação Física e desde então, nunca mais larguei”, conta. Em sua escola, não havia ginásio coberto, mas isso não impediu a prática. “Nosso vôlei sempre era no sol, mas isso não nos impedia de praticar. Tive ótimos professores de educação física escolar e isso só me motivava.” Sem quadra oficial, o improviso era constante. “Minha irmã, eu e nossos amigos, fazíamos quadra na rua ou jogávamos no portão mesmo. Até meus pais participavam do vôlei de rua.”

O esporte ficou mais sério quando Magda passou a treinar no ginásio da cidade. Ela também praticava judô, mas o vôlei sempre falou mais alto. Ainda jovem, foi convocada para a seleção de Mato Grosso do Sul e conquistou o 3º lugar em uma competição nacional, no ano 2000. A conquista, porém, foi marcada por um obstáculo. “Meu pai não me deixava sair da cidade, era uma luta pra poder viajar.”

A transição para o vôlei de praia aconteceu quando se mudou para Campo Grande para cursar a faculdade. Lá, passou a conciliar as duas modalidades. “Comecei a jogar praia quando vim pra CG. Aí ficava nas duas.” Ao lado da irmã Daiana, Magda conquistou uma etapa do Estadual, um feito inédito para Bela Vista. “Fomos campeãs de uma etapa estadual. Foi um feito inédito pra cidade.”

Com o tempo, Magda alcançou o nível profissional. Participou do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia por três anos, experiência que exigiu grande esforço físico, mental e emocional. “Consegui realizar esse sonho de ser atleta profissional. Tive muito apoio do meu marido Roger e toda minha família, que sempre me ajudaram com os cuidados do meu filho Moisés, quando eu ficava semanas fora de casa.” A maternidade foi o principal desafio: “Com certeza, essa foi a maior dificuldade pra mim. A distância da família e ter que pensar nos jogos e subir no pódio.”

Entre as quadras e as areias, Magda construiu um currículo com títulos e longevidade. No vôlei de quadra, destaca a medalha de bronze pelas categorias de base do MS, além das conquistas como atleta adulta. “Estou há mais de 15 anos na mesma equipe. Somos campeãs brasileiras das AABB's, tricampeãs da Copa Pantanal, sete vezes campeãs dos Jogos Abertos e tricampeãs da Liga MS.”

Na areia, seus melhores resultados vieram no cenário nacional. “Meus maiores títulos são dois terceiros lugares em etapas do Brasileiro.” Hoje, mesmo sem disputar mais o circuito nacional, ela continua ativa nas duas frentes. A maior diferença entre elas, segundo Magda, está na exigência física e psicológica. “Com certeza a praia exige muito mais dos dois. E eu amo esse desafio.”

A rotina de treinos, que já foi intensa, agora está mais equilibrada. “Antes eu treinava cinco vezes por semana, dois treinos por dia, areia e musculação. Este ano, como não jogo mais o Brasileiro de vôlei de praia, decidi levar uma vida mais leve. Treino todo dia, musculação, e jogo duas vezes na semana.”

Ao olhar para o desenvolvimento do vôlei em Mato Grosso do Sul, Magda é otimista. “Acredito que a modalidade aqui no MS tem crescido muito. Principalmente o vôlei de praia. Temos grandes atletas no cenário nacional e internacional, como Victoria, Ana Sanches, Aninha, Saymon, Talita e Arthur. Todos atletas que nunca desistiram dos seus sonhos.”

Entre as referências que admira está Talita, atleta olímpica natural de Aquidauana. “Gosto muito do jogo da Talita. Ela representa garra e persistência. Até hoje brilha nas areias do Brasil e do mundo.”

Magda continua representando o estado em competições locais e nacionais, agora também na categoria master. “Meus objetivos agora são continuar jogando quadra aqui no estado e praia também. Participar dos estaduais adulto e master. Tenho certeza que o vôlei fará parte da minha vida por muitos anos, se Deus quiser.”

Apesar de não competir mais em alto nível nacional, Magda se mantém como referência da modalidade no estado. Ao longo de sua trajetória, conciliou esporte, maternidade, estudos e carreira profissional, sem abrir mão da paixão pelas quadras e pelas areias. “Representar o estado foi uma das minhas maiores realizações. Sou grata a Deus por todas as oportunidades que tive na vida de atleta até aqui.”