Da Redação
“É melhor um sentimento de que deu tudo errado e você tentou, do que um sentimento de ‘e se eu tentasse?’.” A frase de Luiz Eduardo Moreira Wentz resume a forma como o jovem atleta de vôlei, natural de Ponta Porã (MS), encara a própria trajetória. Aos 18 anos, ele decidiu mudar completamente de esporte, enfrentar limitações físicas, dores e distância da família para perseguir um sonho: ser jogador profissional de vôlei.
Luiz Eduardo começou a jogar por acaso, em um momento de busca por proximidade com a mãe. “Comecei a jogar vôlei por achar que estava muito distante da minha mãe. Eu a acompanhava em treinos e rachões até que um dia me chamaram para jogar e acabei pegando gosto pelo esporte.” Na época, ele ainda tentava o caminho no futebol, mas as frustrações o levaram a mudar de rumo. “Como eu tinha acabado de ver que não iria dar certo no futebol, migrei de esporte.”
A mudança se transformou em uma nova paixão. O vôlei, que começou como uma forma de passar mais tempo com a mãe, virou o centro da rotina do jovem. O desejo de seguir carreira profissional tem um propósito claro: “Quero dar um melhor estar para os meus pais e conquistar tudo que eu sempre quis em cima do que eu gosto de fazer, que é praticar esporte.”
A trajetória, no entanto, não foi simples. Luiz nasceu e cresceu em uma cidade do interior, onde as oportunidades para o esporte de alto rendimento são limitadas. “Como eu moro em uma cidade de interior, fica difícil seguir o caminho profissional. Treinei muito, estudei muito no começo e depois fui aperfeiçoando sozinho. Ninguém me ensinou a jogar, saltar ou fazer passada.” Ele aprendeu observando, testando e insistindo.
O esforço cobrou seu preço físico. “Minha maior dificuldade foi o fato de os meus dois joelhos inflamarem. Quando eu estava entendendo como se pula alto, tive tendinite patelar nos dois joelhos. Isso aconteceu porque eu tinha uma rotina intensa: treinava na areia, treinava na quadra e fazia academia três vezes por semana.”
Além das dores, Luiz também precisou lidar com o que ele chama de “barreira natural” para a posição em que atua. “Sou baixo para ser oposto, com 1,88 m. Então preciso treinar salto, impulsão. É uma das coisas que mais me dedico.” Ainda assim, o desafio não o desanimou. Ele deixou a posição de central, em que começou, e se reinventou dentro de quadra. “Me colocaram de central no começo por causa da minha altura, eu era o mais alto da turma. Mas, por ser canhoto, isso só me prejudicava. Até que coloquei na cabeça que iria virar oposto. Em fevereiro deste ano joguei meu primeiro campeonato nessa posição e joguei muito bem. Desde então só venho me destacando.”
O esforço rendeu resultados concretos. Luiz foi convocado para jogar a Taça por um time grande, o VAF (Vôlei Alta Floresta), equipe que disputa a Superliga B com atletas de renome. “Ter jogado um campeonato brasileiro e ter sido chamado para o VAF foram conquistas muito marcantes. Principalmente porque estou há pouco tempo no esporte e já consegui me destacar.”
A rotina atual de Luiz é dividida entre estudos e treinos. “Eu estudo das 7h às 12h15, chego em casa, almoço bem e, por volta das 13h30, estudo de novo. À tarde vou para a areia treinar, depois, às 17h, vou para a academia. À noite, às 19h, vou para o treino de quadra. Depois do meu treino, ainda ajudo a dar treino para um feminino +40 juntamente com meu técnico e amigo Giovanni, até às 22h15.”
Giovanni, aliás, é uma figura importante em sua caminhada. “Minha mãe e meu técnico Giovanni foram fundamentais para mim.” A relação entre os dois extrapola o ambiente do treino. Giovanni é amigo, parceiro de rotina e uma das pessoas que o motiva a continuar.
Mesmo tão jovem, Luiz já vive longe dos pais há um ano e meio. “Decidi seguir uma carreira profissional e ficar longe deles. Dói demais.” A distância é uma das maiores dificuldades, mas também uma das razões para continuar. O desejo de retribuir o apoio da família é o que o move.
No vôlei, ele encontrou mais do que uma modalidade esportiva. Encontrou um meio de superação e aprendizado. “O esporte me ensinou que o medo afunda talentos.” A frase carrega o mesmo tom das suas decisões. Quando fala sobre inspiração, Luiz é direto: “Eu me inspiro em mim mesmo, pois sei que consigo me empenhar e me dedicar cada dia mais.”
Determinado a transformar esforço em conquista, Luiz encara cada treino e cada jogo como degraus em direção ao seu maior objetivo: “Ser um atleta profissional de vôlei.”
A história de Luiz é marcada por escolhas difíceis, dor física e distância emocional, mas também por disciplina e constância. Em pouco tempo, saiu de uma cidade do interior, superou lesões, mudou de posição em quadra e conquistou espaço entre atletas experientes.
Quando olha para o futuro, ele se apoia em uma convicção que já o tirou da zona de conforto mais de uma vez. “Sempre se dediquem. Façam mais do que o necessário e não tenham medo de arriscar tudo. Afinal, é melhor um sentimento de que deu tudo errado e você tentou, do que um sentimento de ‘e se eu tentasse?’ e não tentar.”