Da Redação
“Pra mim as maiores dificuldades são você jogar sabendo que não pode errar.” A frase é de Esther Benites Foschiera, 14 anos, goleira de futsal em Maracaju, no interior de Mato Grosso do Sul. A jovem atleta começou a jogar bola apenas em 2022, mas já acumula experiências importantes no esporte e traça planos para o futuro: atuar em um grande time e chegar à seleção brasileira.
Nascida em 7 de dezembro de 2010, Esther recorda que sua relação com a bola começou ainda pequena. “Sempre gostei de jogar desde criança”, conta. O primeiro contato com um time organizado, no entanto, aconteceu há apenas três anos. Naquela época, atuava na linha, como pivô. “Eu jogava com meninas da minha idade, mas atuava como pivô por conta do meu tamanho. Acabei saindo desse time porque ele não dava oportunidades”, explica.
A saída abriu caminho para uma mudança significativa. Ela foi para o clube que acompanhava desde pequena, um time formado por atletas adultas, o MAC Guerreiras. “Entrei no time que eu torcia desde pequena, o time que eu cresci vendo jogar, e minha prima treinava lá. Foi mais fácil de eu entrar porque era um time de meninas adultas”, diz. A adaptação, no entanto, não foi simples. “Quando cheguei, tive muita dificuldade de me adaptar jogando na linha, pois elas tinham mais experiência. Por isso, decidi mudar para o gol.”
A decisão contou também com a influência da família. “Desde pequena, eu sempre mostrei alguns traços de goleira, tanto que meu irmão pediu para eu ir para o gol. Acabei virando goleira ano passado e, com certeza, essa foi minha melhor decisão.”
O irmão, aliás, foi uma das principais inspirações para que Esther seguisse no esporte. “Acredito que eu sempre quis jogar por conta do meu irmão, que jogava muito. Ele foi um exemplo para mim.”
A rotina de treinos é um dos maiores desafios para a goleira. Em Maracaju, segundo ela, o futsal feminino ainda não tem o espaço que gostaria. “Tenho muita dificuldade com treinos, pois na minha cidade o futsal não tem valor. Não há quase nenhum time com meninas da minha idade, então não tenho dias específicos de treino.”
Os treinos acontecem quando há espaço disponível, normalmente uma ou duas vezes por semana. Em muitos momentos, ela precisou buscar alternativas. “Passei muito tempo treinando com meninos. Joguei campeonatos no meio de meninos porque minha cidade não deixa eu jogar por conta da minha idade.”
Apesar das dificuldades, Esther mantém uma rotina equilibrada entre escola e esporte. “Na parte da manhã, eu estudo. Durante a tarde, praticava natação e, quando tem treino, treino durante a noite.” A natação, que fazia parte do dia a dia, foi deixada de lado recentemente.
Em pouco tempo como goleira, ela já viveu momentos marcantes. O principal deles aconteceu em um torneio internacional. “Acho que para mim, um jogo mais marcante foi o meu primeiro pela Copa Mundo de Futsal, por conta de ser minha primeira competição grande e eu estar representando o estado pela primeira vez.”
Na posição que escolheu, Esther encontra motivação nos grandes nomes do esporte. No futebol de campo, cita Manuel Neuer e Ter Stegen como referências. No futsal, destaca William, goleiro com passagens pela seleção brasileira.
O que mais gosta na função é a sensação durante os jogos. “O que eu mais gosto como goleira é a adrenalina de jogar um jogo grande ou a satisfação de fazer uma grande defesa.” Ao mesmo tempo, reconhece as responsabilidades. “O que eu considero mais desafiador é essa responsabilidade de não poder errar em nenhum momento.”
Sonhos e conselhos
O futuro, para Esther, tem direção definida. “Meus sonhos e objetivos são poder entrar em um time grande e quem sabe um dia vestir a camisa da seleção brasileira.”
A jovem goleira também deixa uma mensagem para outras meninas que sonham em jogar futsal, mas ainda têm receio de começar. “Não tenha medo. Vá atrás, arrisque. Se der errado, não abaixe a cabeça. Às vezes, você pode ser feliz em outra coisa, mas vá atrás do que vai fazer seu coração feliz e te fazer bem. E tenha paciência: às vezes, as coisas não acontecem no seu tempo.”