Da Redação
“Meu sonho sempre foi ser atleta, mas devido às minhas condições tive que escolher entre trabalhar e ajudar a família ou viver esse sonho”, recorda o corredor Elton Cândido Teixeira Rosa, de 42 anos. Nascido em Campinas (SP), em 31 de dezembro de 1982, ele se mudou ainda criança para Andradina (SP), onde viveu até 2003. Depois passou por Água Clara (MS) e Campo Grande, retornando a Água Clara em 2014, município onde permanece até hoje. A trajetória pessoal e profissional se entrelaça com o início tardio, mas consistente, na corrida de rua.
Elton conta que o primeiro contato marcante com o universo das provas ocorreu em 2014, quando participou da extinta Volta das Nações. Ele havia praticado esportes como lazer nos fins de semana, mas nada que se aproximasse do ambiente competitivo. O convite de um amigo, Thiago, serviu como porta de entrada definitiva para a modalidade. “Foi amor à primeira vista”, resume. No mesmo período, nasceu a filha Luiza, fato que redefiniu seu vínculo com o esporte. “Decidi que participaria do máximo de provas que conseguisse e guardaria todas as medalhas e troféus para que ela tivesse como memórias minhas.”
Desde então, acumulou participações em eventos conhecidos no calendário nacional. Ele já esteve cinco vezes na São Silvestre, além de ter corrido a Volta da Pampulha, em Minas Gerais, e participado da Meia Maratona de Campo Grande em duas oportunidades. O histórico inclui ainda o Circuito Nacional Caixa, o Rota das Estações e a Volta ao Pantanal. A rotina atual é organizada com acompanhamento técnico. “Sigo a planilha de um grande amigo que me ajuda diariamente nos treinos, o André Rodrigues, atleta profissional ao qual tenho grande admiração”, explica.
A presença da família é outro ponto que aparece de forma recorrente em suas respostas. Elton destaca a influência direta da esposa Fernanda Cavalheire e da filha Luiza. “Elas me incentivam diariamente para que eu possa permanecer forte, cuidando de tudo para que eu siga em frente”, afirma. Ele acrescenta ainda um elemento espiritual: “Deus é minha rocha; sem Ele não sou nada.”
A organização dos treinos segue o calendário esportivo e suas metas pessoais. “Mantenho-me seguindo a planilha de treinos com minhas provas-alvo”, relata. Entre as metas futuras, uma se destaca: “Ainda almejo correr a meia maratona de Nova York e ter minha família na chegada me aguardando.”
O atleta também relembra o período mais difícil da própria trajetória. “O maior desafio que passei foi, em 2019, a descoberta da depressão e das crises de ansiedade”, conta. O esporte, segundo ele, teve papel determinante no processo de recuperação. A experiência contribuiu para sua percepção sobre a importância da atividade física na saúde mental, embora ele ressalte que esse entendimento se baseia em vivências pessoais e não substitui orientações profissionais.
Quando observa o crescimento da corrida de rua em Mato Grosso do Sul, Elton enxerga expansão e renovação. “O esporte se fortalece a cada dia, com grandes provas e muitos atletas novos chegando”, avalia. Para ele, essa movimentação é positiva e amplia a visibilidade da modalidade no estado.
Conciliar rotina profissional, treinos e competições também faz parte do contexto diário. Ele trabalha na Construtora Gomes, que, segundo ele, oferece suporte para que mantenha o ritmo de preparação. “Treino sempre no final da tarde após o expediente. Nos fins de semana faço os treinos mais longos”, explica. Elton também integra a equipe FATRRUNNER, de Água Clara, que, segundo ele, contribui com estímulo para os treinamentos e competições.
Ao falar para quem está iniciando no esporte, o atleta adota um tom direto. Para ele, os primeiros passos precisam ser conscientes e orientados. “Como em todo esporte, procure um médico. Não se compare. Vá no seu tempo, mantenha o foco e tenha objetivos”, recomenda. Ele sugere também que iniciantes busquem referências sólidas: “Se for para seguir conselhos, que seja de atletas que realmente já conquistaram algo no esporte.”