Sábado, 14 de junho de 2025, 15:33

Edson supera burnout e encontra no tatame um caminho de transformação

da redação - 2 de jun de 2025 às 15:04 76 Views 0 Comentários
Edson supera burnout e encontra no tatame um caminho de transformação Da Redação

Em agosto de 2021, Edson Souza Pimentel Júnior começou a praticar jiu-jitsu por insistência do irmão, Luan “Polaco” Pimentel. “Eu estava passando por um período complicado, sofrendo burnout e ansiedade por conta do trabalho”, relembra. O irmão lhe deu um kimono e uma rashguard usados e o levou para a academia Gracie Barra Centro, onde foi recebido pelo mestre Gregory Ortega.

Na primeira aula, Edson percebeu que havia encontrado algo significativo. “Desde aquele dia, minha vida mudou completamente”, afirma. Ainda no mesmo dia, o mestre Douglas de Arruda o convidou para experimentar o treino sem kimono, conhecido como no-gi.

A partir dali, ele começou uma rotina intensa de treinos, utilizando a bicicleta para percorrer cerca de 10 quilômetros diários até a academia. “Deixei de ser sedentário, passei a respeitar meus horários de trabalho e treinava duas vezes por dia”, explica. Essa rotina durou aproximadamente dez meses, até que ele recebeu uma proposta profissional em Rio Verde de Mato Grosso.

A mudança de cidade trouxe incertezas sobre a continuidade nos treinos. “Foi uma decisão difícil, pois não sabia se conseguiria continuar treinando”, conta. Por indicação do professor Douglas, Edson procurou a Arruda Team. “Para minha sorte, a academia ficava ao lado do meu trabalho”, lembra.

Entretanto, ao chegar, descobriu que a unidade oferecia apenas aulas de judô. Inicialmente desanimado, Edson reconsiderou após ouvir os conselhos dos mestres e do irmão. “Fui orientado a começar a treinar judô e aprimorar minhas habilidades para o jiu-jitsu”, relata. Desde junho de 2022, passou a ter treinos semanais de judô com o Sensei Tutankamon Magnum e, nos finais de semana, deslocava-se para Campo Grande para continuar praticando jiu-jitsu.

“Participava do tradicional treino livre aos sábados, fazia aulas particulares com o mestre Diego Colino e, aos domingos, sempre surgia algum treino”, conta. Mesmo com a rotina exigente, manteve-se comprometido com o esporte.

A dedicação resultou em conquistas. Em fevereiro de 2023, Edson ganhou a medalha de ouro no MS International Cup, na categoria faixa branca. “Na semana seguinte, fui graduado à faixa azul”, destaca. Ao longo do mesmo ano, competiu em várias etapas do circuito estadual e subiu ao pódio em algumas delas.

O ano seguinte trouxe desafios físicos. “Em 2024, sofri uma lesão grave na primeira etapa do circuito e, por teimosia, continuei competindo mesmo sem estar totalmente recuperado”, afirma. A decisão afetou seu desempenho. “Só em agosto percebi a importância de uma boa preparação para voltar a competir em alto nível”, completa.

Para Edson, o principal resultado não está nas medalhas, mas na transformação pessoal. “De alguém sedentário, que passava os dias entre trabalho, estudos e séries na televisão, tornei-me uma pessoa disciplinada, saudável, com maior consciência corporal e mais qualidade de vida”, avalia.

A rotina inclui trabalho em período integral e treinos diários. Durante a semana, participa das aulas de judô e, nos fins de semana, se dedica ao jiu-jitsu. “Procuro treinar todos os dias, às vezes com volume maior, outras vezes com foco técnico ou físico, mas sempre presente no tatame”, descreve.

Além da prática esportiva, Edson destaca a importância da convivência no ambiente das artes marciais. “Hoje, quando entro no tatame, não penso em vitórias ou derrotas, mas em fazer amigos e construir uma vida mais saudável”, afirma. Segundo ele, o esporte também influenciou suas decisões profissionais. “Tenho mais clareza para estabelecer limites e saber até onde posso ir.”

A relação com o judô, inicialmente uma alternativa pela ausência do jiu-jitsu na nova cidade, acabou se tornando parte da formação. “No início bateu aquele desânimo, mas logo percebi que o judô poderia complementar meu jogo no jiu-jitsu”, explica.

Com o tempo, Edson integrou os treinos de judô e jiu-jitsu, e hoje vê vantagens na prática simultânea. “O judô melhorou muito minhas quedas, o controle de base e a consciência corporal”, analisa. A participação em campeonatos também se manteve, mesmo com as dificuldades logísticas. “Sempre que posso, volto para Campo Grande para competir ou participar dos treinos.”

Ele reconhece que a prática esportiva foi fundamental para enfrentar um momento de vulnerabilidade. “O esporte me salvou. Quando comecei, estava muito mal psicologicamente e fisicamente. Hoje sou outra pessoa”, afirma. O irmão, Luan, teve papel decisivo nesse processo. “Foi ele quem insistiu para que eu experimentasse o jiu-jitsu, quem me deu o primeiro kimono e me levou até a academia”, relembra.

O apoio dos mestres também foi essencial. “Os ensinamentos do professor Douglas e do mestre Gregory me ajudaram a entender a importância da disciplina e do foco”, afirma.

Edson não se considera um atleta profissional, mas segue firme na prática esportiva. “Compito quando posso, mas meu objetivo principal é manter a saúde e a qualidade de vida”, esclarece. Ele recomenda a prática das artes marciais para quem busca mudanças pessoais. “É um caminho que exige esforço, mas que pode transformar a vida”, diz.

O relato mostra como a iniciativa de um familiar e o apoio de professores podem ser determinantes em processos de superação. “Sou grato por ter tido quem me puxasse naquele momento difícil”, conclui.

Atualmente, Edson segue treinando e competindo, equilibrando a rotina profissional com o compromisso com o esporte. A trajetória, iniciada como um recurso para lidar com o burnout, se transformou em um novo estilo de vida.

“Não penso em parar. Enquanto for possível, estarei no tatame, aprendendo, evoluindo e, principalmente, vivendo melhor”, afirma.

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