A rotina de treinos, os compromissos escolares e o convívio com a família fazem parte da vida de muitas crianças. Mas, para as irmãs Valentina da Mata e Emanuelle da Mata, de Campo Grande, esses elementos se somam a uma intensa agenda de competições e à disciplina necessária para se manter entre os principais nomes da ginástica rítmica do Estado.
A história das duas começou em 2020, impulsionada por um incentivo que veio de dentro da família. “Foi minha avó Arlene Felipe quem acreditou que eu tinha talento”, conta Valentina, hoje com 10 anos. Ela tinha apenas cinco quando entrou na ginástica, e sua paixão pelo esporte acabou contagiando Emanuelle, dois anos mais velha. “Minha irmã Valentina já fazia ginástica, e vendo ela tão feliz, quis fazer também”, lembra Emanuelle.
Desde então, as duas seguem juntas em uma trajetória marcada por esforço e resultados expressivos. Ambas são atletas da Associação de Ginástica Rítmica de Mato Grosso do Sul (ADGIMS) e da Fundação Municipal de Esportes de Campo Grande (FUNESP), onde são treinadas por Adenizia Julião e Ana Quissi — técnicas que acompanham de perto cada evolução. “Desde o início sou atleta da ADGIMS e da FUNESP, que sempre acreditaram em mim”, afirma Valentina.
As duas meninas compartilham também a base familiar sólida como um dos pilares de sua caminhada. “Minha família e minhas técnicas sempre me apoiam e me lembram de tudo o que já conquistei”, diz Valentina. A fala é reforçada por Emanuelle: “Sempre tive o apoio dos meus pais, das minhas técnicas e da minha irmã”. O suporte emocional e logístico dos pais, Simoni e Peterson Ricardo da Mata, tem sido essencial. Eles acompanham as filhas em cada treino, deslocamento e competição, muitas vezes lidando com as exigências da vida esportiva infantil em paralelo à escolar.
Com treinos de três a quatro horas por dia, quase todos os dias da semana, as irmãs conciliam a rotina com a escola e ainda encontram espaço para momentos de lazer. “Eu me organizo direitinho e ainda tenho tempo para brincar. Adoro brincar com a minha irmã Emanuelle e com a minha prima Maria Eduarda”, revela Valentina. Emanuelle reforça: “Dá sim! Eu me esforço para manter tudo em dia e ainda consigo aproveitar”.
A dedicação tem rendido frutos expressivos. Em 2024, Valentina se classificou no Torneio Regional Centro-Oeste em Brasília e, no mesmo ano, no Torneio Nacional em Cuiabá (MT), consagrou-se medalhista do Bloco Bronze. Em 2025, conquistou novamente o título de campeã estadual e venceu mais uma vez o Torneio Regional Centro-Oeste, desta vez em Sinop (MT), o que garantiu vaga para a etapa nacional em Aparecida do Norte (SP), em novembro. “É uma conquista muito especial. Fico feliz em saber que todo o meu esforço e dedicação nos treinos estão dando certo. Representar meu estado é uma honra!”, afirma.
Emanuelle também tem se destacado. Em 2024, foi vice-campeã geral nos Jogos Escolares da Juventude (JEJ), representando Mato Grosso do Sul na etapa nacional em Recife. Neste ano, repetiu a classificação para os Jogos Escolares Brasileiros (JEBS), que serão realizados em Uberlândia (MG). Também em 2025, conquistou o título de campeã geral do Estadual de MS e foi vice-campeã geral no Torneio Regional Centro-Oeste. Assim como a irmã, está classificada para a etapa nacional em Aparecida do Norte. “É muito importante para mim! Saber que todo meu esforço me levou a esse título me deixa muito feliz”, diz.
Apesar das conquistas, os desafios também fazem parte do caminho. As meninas lidam com o cansaço físico, as inseguranças pré-competição e a pressão de representar o Estado em eventos de alto nível. “Às vezes fico cansada ou com medo de errar”, admite Valentina. Emanuelle acrescenta: “Já tive momentos difíceis, como dores ou inseguranças antes de competições”.
Nessas horas, o apoio mútuo entre as irmãs tem papel fundamental. Elas treinam no mesmo espaço, compartilham conselhos e incentivam uma à outra. Quando perguntadas sobre inspirações no esporte, ambas mencionam colegas próximas — um indicativo de que valorizam a conexão e o exemplo que têm por perto. “Eu me inspiro muito na minha colega de clube Maria Eduarda”, diz Valentina. Emanuelle aponta: “Admiro muito a búlgara Stilyana Nikolova, e aqui no Brasil, minha colega Eduarda Carneiro”.
Nos treinos, cada uma também demonstra preferências distintas pelos aparelhos. Valentina gosta da bola e da corda: “Me sinto leve e feliz quando treino com eles, consigo mostrar bastante expressão e criatividade”. Já Emanuelle prefere o arco e as maças, justamente pela complexidade: “Eles me desafiam bastante e eu gosto de superar meus limites”.
Embora ainda estejam na infância, as irmãs já demonstram consciência sobre o que representa vestir o uniforme da equipe estadual e disputar títulos nacionais. Elas sabem que o desempenho individual é fruto de trabalho constante, mas também de um sistema de apoio composto por família, técnicas, clube e colegas. Esse entendimento fica evidente quando Emanuelle afirma: “Treinem com amor e não desistam nos momentos difíceis. Acreditem em si mesmas e aproveitem cada momento!”.
Valentina compartilha o mesmo sentimento, incentivando outras meninas que sonham em trilhar caminho semelhante: “Nunca desistam! Se você ama a ginástica, continue treinando e acreditando em você. Com dedicação, tudo é possível!”.