O técnico de atletismo Douglas Vieira de Amorim iniciou sua trajetória na modalidade ainda na faculdade, em 2012. Durante a disciplina de atletismo, participou da organização de um festival esportivo e, a partir daí, permaneceu envolvido com o esporte.
Atualmente, Douglas atua em dois projetos da Prefeitura de Campo Grande, na DEAC e na FUNESP. "No meu início, foi a estrutura que tínhamos, como quadras de escola e espaços gramados, além da falta de materiais específicos. Hoje, faço parte desses projetos que oferecem a modalidade", relata. Apesar dos avanços estruturais, ele destaca que o grande desafio é a permanência dos atletas. "Muitas vezes, esses atletas precisam ajudar financeiramente em casa e acabam se evadindo dos polos."
Douglas trabalha com a base do atletismo e já treinou atletas campeões municipais, estaduais e brasileiros. No entanto, ele explica que, quando um atleta se destaca, há a possibilidade de transição para equipes com maior estrutura. "Eles são convidados para outras equipes que podem oferecer melhores condições e salário."
A abordagem de treinamento inclui não apenas a preparação esportiva, mas também a formação cidadã. "Passamos a eles não só o conhecimento como atleta, mas também valores como ética, comprometimento e responsabilidade, tanto no esporte quanto nos estudos", afirma. Ele reforça a importância da educação, analisando boletins escolares para garantir que os atletas conciliem o esporte com o aprendizado acadêmico.
A estrutura de treinamentos em Campo Grande conta com materiais fornecidos pela prefeitura e uma pista de atletismo emborrachada. No entanto, há desafios a serem enfrentados. "A população, às vezes, não respeita o local de treinamento e acaba deteriorando a pista. Também falta apoio financeiro tanto do poder público quanto de comércios e empresários para evitar a evasão dos atletas."
As competições que seus atletas participam incluem jogos escolares municipais, estaduais e nacionais, além de categorias sub-14 até adulto em eventos estaduais. A preparação para competições envolve um período de base de dois a três meses, focado no desenvolvimento físico e técnico. No entanto, o fator mental se mostra um grande desafio. "Temos muita influência da mídia e, com o passar dos anos, percebemos baixa autoestima, falta de determinação e autoconhecimento. Muitos atletas têm boas marcas nos treinos, mas, sob estresse competitivo, não conseguem repetir o desempenho."
Para Douglas, a diferença entre um atleta comum e um grande campeão está na força mental. "O diferencial é a determinação e um mental inabalável, onde nada abala o atleta." Seu objetivo para os próximos anos é consolidar o atletismo de base e inclusão em Campo Grande, usando o esporte para transformar vidas. "Queremos trabalhar o físico, o mental e a educação para incentivar novos talentos e levá-los ao cenário nacional."
Aos jovens que desejam seguir no atletismo, ele deixa um conselho direto: "Mantenha-se focado no objetivo e tenha disciplina. Você vai chegar lá."