São Paulo (SP) - O doping de Rebeca Gusmão terá conseqüências não apenas para a nadadora, que poderá perder as quatro medalhas conquistadas no Pan do Rio: duas de ouro nos 50m e 100m livre, além de uma de prata no 4x100m livre e uma de bronze no 4x100m medley. Em caso de punição, as atletas que competiram com ela nos revezamentos também serão afetadas e perderão suas medalhas.
"Essa foi a informação que obtive hoje (última terça-feira) da Fina (Federação Internacional de Natação) e está prevista na regra. Todas as atletas perdem a medalha. Eu lamento isso e não acho justo, mas é a lei da Fina", afirmou o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes.
Se for punida, Rebeca poderá pegar dois anos de suspensão. Mas, como é investigada em outro caso avaliado em sigilo pelo Tribunal Arbitral do Esporte, a nadadora poderá ser banida das competições. Com isso, sua participação nos Jogos de Pequim (2008) está ameaçada.
"Situação delicada" - "A situação dela é muito delicada, não vou negar", admitiu Coaracy. "Acredito que ela não teve a intenção de fazer isso, que foi algo que aconteceu involuntariamente. Mas a regra da Fina é clara e não interessa se foi involuntário ou não".
Rebeca irá mesmo pedir a contraprova do exame que acusou testosterona no dia 13 de julho. Ela deverá viajar para Montreal, onde foi realizado o teste, dentro de 15 dias, para acompanhar a abertura da amostra B.
Apesar da possibilidade de perder Rebeca para Pequim, Coaracy disse que a natação brasileira não pode se abalar com o caso de doping da atleta.
"Temos que seguir em frente. Essa é a melhor geração da história da natação brasileira. Em Pequim, podemos ganhar medalha com o Thiago Pereira, o César Cielo e o Kaio Márcio, além da Poliana Okimoto na maratona aquática".
O dirigente disse ainda que não teme que o caso manche a imagem da natação brasileira e que recebeu apoio do seu principal patrocinador, os Correios, que já havia renovado contrato com a entidade até 2012.
Abalada e apegada à família - Na segunda-feira à tarde, depois de comparecer ao Painel de Doping da CBDA e responder a várias perguntas de jornalistas, Rebeca Gusmão foi embora visivelmente preocupada. Na terça, um dia após da notícia de doping, a atleta ainda estava abalada e se apegando no apoio da família, como contou a assessora da atleta, Gisliene Hesse.
"Psicologicamente, qualquer pessoa ficaria abalada no lugar dela. É normal. Isso mexe com a vida inteira de um atleta. Mas ela está com a família e com as pessoas que gostam dela", afirmou Gisliene.