Da Redação
Joermeson de Souza Leite, nascido em 1º de abril de 1981 em Miranda (MS), construiu uma vida inteira dentro das artes marciais. A trajetória começou ainda quando criança, no karatê. “Eu era agitado, e as lutas foram uma forma de equilibrar”, relembra. O primeiro contato marcou o início de um percurso que se estendeu por múltiplas modalidades e, mais tarde, pela gestão esportiva.
Ao longo da carreira, Joermeson graduou-se como 3º Dan de kickboxing, grau preta e branco de muay thai, faixa preta de Karatê Kenshi-Kai, faixa preta de pankration e instrutor de boxe. Mesmo transitando por diversas modalidades, afirma que cada uma teve seu peso na formação. Ele explica que enfrentou desafios técnicos, competitivos e pedagógicos em todos os estilos. Contudo, aponta que a maior exigência surgiu quando assumiu responsabilidades fora do tatame. “O desafio de fazer gestão à frente do kickboxing é gigantesco”, afirma.
A experiência como atleta rendeu conquistas expressivas, incluindo o título pan-americano em 2013. “Foram 32 atletas na categoria, lutas intensas”, recorda. Mas a carreira como professor também trouxe momentos de destaque. Joermeson destaca a formação de campeões internacionais e a criação de um ambiente estruturado para novos praticantes. Como gestor, um dos marcos foi levar ao Mato Grosso do Sul um evento nacional da modalidade. “Em 2023, a 28ª Copa Brasil foi realizada aqui. Nunca um evento nacional tinha saído do eixo Rio/SP/PR”, explica.
O crescimento do kickboxing no Estado é um tema recorrente quando o professor fala sobre o presente e o futuro da modalidade. Para ele, há evolução tanto no desempenho técnico quanto na organização da modalidade. “Hoje evoluímos muito. Temos campeões nacionais e internacionais, mas o mais importante foi evoluir como grupo, como federação. Hoje temos representantes em mais de 40 cidades e fechamos 2024 com 1.360 filiados. Vamos fechar 2025 com mais de 2.000”, relata. Ele também destaca um dado que, segundo afirma, demonstra o amadurecimento da modalidade no Estado: “Hoje o kickboxing é a segunda modalidade de lutas com mais atletas no Bolsa Atleta”.
Além da parte competitiva, Joermeson ressalta o papel social das lutas e sua influência na formação pessoal. Para ele, o professor ou técnico tem responsabilidade direta na construção de valores. “Todo professor, técnico ou gestor de lutas é um formador de opinião em potencial. A dificuldade em formar cidadãos hoje é grande. Procuro sempre transmitir os valores que norteiam a arte marcial. A ideia é, além de formar atletas, formar pessoas de bem”, descreve.
O aspecto emocional e psicológico também ganhou relevância nos últimos anos, segundo observa. Ele afirma que grande parte dos alunos procura as artes marciais não apenas por condicionamento físico, mas por questões relacionadas ao estresse, ansiedade, depressão e outras dificuldades emocionais. “É gratificante ver a evolução dessas pessoas”, afirma.
Quando observa sua influência e referências dentro da trajetória, Joermeson cita nomes locais e internacionais. No Mato Grosso do Sul, menciona Shihan Terual, Shihan Tabosa, Eduardo Maiorino e Gleisson Mamut. No cenário global, lembra Francisco Filho, Andy Hug, Mirko Cro Cop e Buakaw. Entre as referências atuais, destaca Paulo Zorello, presidente da Confederação Brasileira de Kickboxing. “Ele me motivou e me orientou na gestão da federação de MS”, afirma.
Projetando o futuro, Joermeson planeja retornar às competições em 2026. A motivação veio do filho, de 9 anos, que iniciou no esporte. “Ele disse que quer que eu volte a lutar para participarmos juntos. Eu vou fazer”, diz. No entanto, reforça que a prioridade segue sendo o desenvolvimento do kickboxing no Estado, ainda mais agora que a modalidade foi reconhecida como olímpica e deve integrar os Jogos até 2032. “Evoluímos muito nos últimos anos, mas ainda temos um longo caminho.”
Além da gestão do kickboxing, ele também conduz o Festival de Lutas, evento que reúne diversas modalidades e que já alcança quatro edições. A proposta, segundo Joermeson, é fortalecer o cenário das lutas no Estado a partir da união entre as modalidades. “A ideia é agregar todas num único evento, como o Governo do Estado fazia nos anos 2000, e assim mostrar a força das lutas”, explica.
Outro ponto de atuação tem sido a busca pela inclusão do muay thai e do karatê de contato no programa Bolsa Atleta de Mato Grosso do Sul. “Hoje essas modalidades não são contempladas e possuem atletas de alto nível”, afirma.
Joermeson encerra reforçando a importância de espaços dedicados ao esporte e às modalidades de luta. Ele agradece pela oportunidade de expor as demandas e desafios. “É muito bom ter uma mídia voltada ao esporte, que dá espaço para os envolvidos de cada modalidade. O Esporte Ágil está de parabéns pelo trabalho.”