Da Redação
A trajetória da campo-grandense Anny Luiza Goes de Oliveira, de 16 anos, tem como ponto de virada um momento que marcou profundamente sua vida. Aos 12 anos, a perda do pai a colocou em um período de instabilidade emocional. Sem motivação para seguir com as atividades do dia a dia, ela buscou no esporte um caminho para reorganizar seus sentimentos. “Nada do que eu fazia tinha um propósito. Eu me sentia sozinha”, relata.
Foi nesse cenário que o voleibol apareceu como alternativa. Inicialmente em uma escolinha particular e, depois, pela equipe da escola, Anny encontrou no esporte mais do que atividade física. “O voleibol não foi apenas um esporte; ele me tirou de um lugar que eu nunca imaginei poder sair, me curou e me deu um propósito de vida.” A participação em competições escolares durante dois anos seguidos consolidou essa percepção e abriu espaço para novos objetivos.
O desejo de competir e evoluir levou Anny a adotar uma rotina de treinos, dividida entre voleibol de quadra e de areia. A agenda semanal incluía atividades de segunda a sábado, além de jogos informais aos domingos. “Percebi que teria que entregar meu tempo e minha vida, perdendo momentos e situações com a minha família para poder ser alguém no vôlei”, explica.
Conciliar os treinos com os estudos se tornou um desafio constante. O tempo livre para lazer, convívio com amigos ou participação em eventos familiares tornou-se escasso. “Essa dedicação trouxe o preço de ter perdido momentos preciosos com a minha família e situações que eu poderia ter vivenciado, mas acabei perdendo devido às competições.”
Mas, segundo ela, as maiores dificuldades não estavam necessariamente relacionadas à carga física de treinos. A pressão psicológica, a autocrítica e os comentários externos exigiram dela uma postura firme para seguir adiante. “Os principais desafios não estavam apenas na quadra, mas na minha mente e nas críticas das pessoas, que muitas vezes me fizeram pensar em desistir.” Apesar disso, Anny manteve o foco. “O voleibol em Mato Grosso do Sul é muito concorrido, e se você não tiver persistência, você não consegue.”
Com o tempo, a jovem atleta passou a ocupar um papel de apoio dentro da equipe. Ela destaca que a união do grupo é essencial para o desempenho coletivo. “Dentro de quadra, eu sou de vibrar muito, de sempre apoiar e elogiar as meninas, confortar e deixar claro que somos irmãs em quadra.” Entre os momentos que marcaram sua trajetória, ela cita uma conversa com a ex-treinadora, Jessica Pereira (@jessica_pereira.jhe) que reforçou sua confiança no esporte. “Ela disse que eu tenho um futuro brilhante e que sempre me apoiaria e acreditaria em mim.”
Seguir no esporte, afirma, significa continuar construindo esse caminho dia após dia. A meta é clara: merecer cada oportunidade e avançar gradualmente. “Eu tenho como meta me esforçar e fazer com que eu mereça e conquiste cada vez mais um lugar no mundo do vôlei.”
Para outras meninas que começam no esporte e enfrentam inseguranças semelhantes às que viveu, Anny deixa um recado direto: “Nunca deixem o que os outros pensam ou falam afetarem seu jogo ou seu psicológico, pois é isso o que mais machuca.”