Encarar a luta como caminho de autoconhecimento e superação é o que guia a jornada do professor Denilson Moraes, faixa-preta de jiu-jitsu e integrante da equipe DFTeam, em Corumbá. Atleta e instrutor de três modalidades — jiu-jitsu, boxe e MMA —, ele compartilha sua vivência nas artes marciais com quem entra no tatame pela primeira vez, ou sonha em alcançar o nível profissional.
Sua trajetória começou em 2004, impulsionada pela vontade de se testar em várias dimensões: física, técnica e mental. “O que me motivou a começar nas artes marciais foi me desafiar física, técnica e mentalmente. Comecei no jiu-jitsu depois de um ano treinando boxe, quando assistia às lutas do Minotauro no Pride”, relembra. A referência ao lendário Rodrigo Minotauro Nogueira, ídolo do MMA brasileiro, mostra como a inspiração pode vir de grandes nomes, mas a construção de um caminho é feita passo a passo.
Segundo Denilson, o início não é simples. “Os maiores desafios para quem está começando nas artes marciais, eu acredito que seria a falta de conhecimento. Até você começar a aprender, demora um tempo.” A frase resume uma das barreiras mais comuns para iniciantes: a necessidade de paciência e persistência até o corpo e a mente se adaptarem à nova linguagem corporal e aos princípios da luta.
Com o tempo, o contato com diferentes modalidades também permitiu a ele observar os perfis variados de praticantes. “Cada arte marcial faz com que o lutador tenha um perfil diferente. O lutador de jiu-jitsu é mais calmo. Já o lutador de boxe, MMA e muay thai tende a ser mais violento e nervoso — na área de luta.” A análise direta revela como a prática molda não apenas o corpo, mas também comportamentos e posturas diante dos desafios.
Além de ensinar, Denilson também se dedicou como atleta. O ponto alto dessa trajetória, até agora, aconteceu no octógono. “O momento mais marcante foi quando ganhei meu primeiro cinturão como lutador de MMA.” A conquista marca não apenas uma vitória esportiva, mas também o reconhecimento por anos de treino intenso e dedicação.
Em Corumbá, ele acompanha de perto o crescimento do jiu-jitsu e do MMA. “O jiu-jitsu se tornou muito popular no interior, principalmente em Corumbá. Está cada vez mais valorizado.” A afirmação aponta para uma mudança cultural no cenário esportivo local, em que práticas antes concentradas nos grandes centros agora ganham força também no interior.
Entre os benefícios mais claros das artes marciais, Denilson destaca o equilíbrio integral do praticante. “Os benefícios de ser um lutador são ter uma vida saudável — física e mentalmente.” A prática contínua desenvolve condicionamento, controle emocional e disciplina, qualidades fundamentais dentro e fora dos tatames.
No jiu-jitsu, ele prefere ensinar uma abordagem combativa e proativa. “O estilo que eu tento passar no jiu-jitsu é de ser um lutador sempre agressivo (no tatame), para que lute sempre buscando a finalização.” A orientação revela a valorização da atitude ativa na luta, uma mentalidade voltada à conclusão das disputas por meio da técnica.
Ao ser questionado sobre o que diria a quem tem receio de começar, Denilson é direto: “Faça uma arte marcial. Às vezes, a pessoa tem um talento que desconhece.” A frase funciona como convite e encorajamento, lembrando que o primeiro passo é sempre o mais difícil — e o mais importante.
Para os que sonham competir, ele descreve uma rotina intensa e exigente. “A rotina de treino de um atleta que deseja competir profissionalmente é bem cansativa, por ser um esporte de alto rendimento.” A sinceridade no relato mostra que o caminho não é fácil, mas é acessível a quem estiver disposto a se entregar.
Apesar da sólida carreira construída em Corumbá, ele ainda guarda um objetivo: “Meu sonho é lutar fora do país.” O desejo sintetiza a busca constante por novos desafios, característica presente desde os primeiros dias de treino.