Daniela Dall Bello Tinoco Rondão, nascida em 2 de julho de 1985, construiu uma trajetória marcada pela persistência no futevôlei sul-mato-grossense. A atleta começou a treinar a modalidade em 2011, num cenário em que a presença feminina praticamente não existia. “Comecei a treinar em 2011, treinei pouco tempo e comecei a jogar esporadicamente, até porque não tinha mulheres no esporte”, lembra. Antes disso, durante a adolescência, praticava handebol, mas apenas em competições escolares.

O início no futevôlei foi solitário e desafiador. Por muito tempo, Daniela foi a única mulher atuando em meio aos homens, tanto em treinos quanto em competições. “Como praticamente era só eu de mulher, havia muita rejeição de eu estar nas peladas e menosprezo em disputar campeonatos contra os homens”, relata. Mesmo diante da resistência, ela não se afastou totalmente do esporte. “Fiquei oito anos jogando contra homens, entre idas e vindas, pois algumas situações eram bem desgastantes e me faziam parar por meses, mas sempre que tinha competição eu queria participar”, conta.

O apoio institucional, mesmo que pontual, ajudou a manter sua motivação. “O presidente da federação sempre me colocava para fazer jogos de apresentação nas competições, que na época eram só em praça pública, pois não existia arenas.” Essa visibilidade inicial foi fundamental para que ela continuasse participando do esporte, apesar da ausência de um ambiente estruturado e acolhedor para as mulheres.

Ao longo dos anos, Daniela testemunhou mudanças importantes no cenário do futevôlei em Mato Grosso do Sul. “O esporte vem evoluindo em todos os aspectos”, afirma. Para ela, o crescimento da modalidade tem um papel relevante na sociedade, especialmente para as mulheres. “O esporte é importante para todas as pessoas, o esporte salva vidas, e no âmbito feminino ele é importante para a inserção de outras mulheres que buscam qualidade de vida, meio social e muita superação.”

Sua rotina como atleta envolve disciplina e preparação física e mental. “Treino duas vezes na semana, faço academia, restrinjo minha alimentação na semana antes das competições e sempre faço treinamento mental.” Para Daniela, esse cuidado vai além do aspecto físico: “A pressão faz parte do jogo, mas o treinamento mental é a parte mais importante de um atleta.”

A trajetória no esporte é marcada por diversas conquistas, tanto na categoria mista quanto na feminina. No entanto, um momento recente tem um peso especial em sua memória. “Tive um sonho realizado ano passado quando participei do TAFC e fiquei em 5º no qualify. E a homenagem que fizeram no evento das gurias foi algo marcante até agora.”

Mesmo com a evolução da modalidade, Daniela identifica desafios estruturais que ainda impedem um crescimento mais sólido do futevôlei no estado. “O esporte em um todo necessita de apoio em todos os aspectos. Os eventos são muito mal remunerados e falta incentivo financeiro e estrutural.” Ela reforça a necessidade de maior envolvimento do poder público para garantir melhores condições aos atletas.

Ao refletir sobre quem a inspira, Daniela destaca figuras de diferentes contextos. “A minha maior inspiração de mulher no âmbito pessoal, sem dúvida, é minha mãe. Mas, em outro aspecto, me inspiro muito na rainha Elizabeth e, no futevôlei, a minha maior inspiração é a Lane.” A escolha revela a diversidade de referências que impulsionam sua trajetória, combinando força familiar, admiração histórica e exemplos dentro da própria modalidade.

Sobre o futuro, Daniela mantém o foco na constância e na continuidade das boas performances. “Os próximos objetivos são se manter no pódio nas competições estaduais.” Ainda não há uma meta nacional definida, mas ela deixa aberta a possibilidade. “Para esse ano ainda não tenho nenhuma meta ou foco, mas se aparecer uma oportunidade de um campeonato a nível nacional gostaria de poder me preparar para participar.”

Diante de tudo que viveu e construiu, Daniela sintetiza sua relação com o esporte como um espaço de resistência, superação e oportunidade. Ela representa uma geração de mulheres que abriram caminhos em um ambiente predominantemente masculino, contribuindo para que, hoje, outras atletas possam encontrar mais espaço e visibilidade.

Com mais de uma década desde o seu primeiro contato com o futevôlei, Daniela Dall Bello segue atuando e inspirando, não apenas pelos resultados, mas pelo exemplo de perseverança. Ao falar sobre o impacto do esporte na sua vida e na vida de outras mulheres, ela resume: “O esporte salva vidas.”