Madri (Espanha) - Buscando auto-afirmação no cenário internacional, a seleção brasileira de basquete feminino jogou fora mais uma oportunidade de garantir uma vaga nas Olimpíadas de Pequim. Nesta sexta-feira, o time verde-amarelo caiu na prorrogação das quartas-de-final do Pré-Olímpico Mundial diante da Bielorrússia e saiu da quadra derrotada por 86 a 79.
Agora, o time nacional tem uma última e derradeira chance de evitar o vexame de não se classificar para os Jogos Chineses. Isso porque a últimas das 12 vagas na disputa será definida através de um mini torneio entre todos os derrotados nesta fase do Pré-Olímpico, o que inclui as seleções de Cuba, Japão e Angola. Ou seja, uma espécie de repescagem da repescagem. O primeiro duelo é contra as africanas.
No ano passado, as cubanas já haviam sido as algozes do Brasil ao derrotar as vice-campeãs de Atlanta-1996 durante o Pré-Olímpico continental. Posteriormente, porém, as caribenhas caíram diante do favoritíssimo Estados Unidos e também tiveram que competir em Madri, onde foram derrotadas nesta sexta pelas donas da casa, que haviam sido superadas pelas brasileiras na fase classificatória.
Para piorar, de acordo com informações do canal ESPN Brasil, Iziane Marques se recusou a entrar em quadra na prorrogação. Depois de um bom primeiro quarto, a jogadora passou a jogar muito mal e acabou indo para o banco de reservas justamente no momento em que o Brasil esboçava uma reação. O técnico Paulo Bassul então disse à jogadora que ela estava fora do time.
Exceto no primeiro e último quarto, as comandadas de Paulo Bassul se mostraram apáticas em quadra. E fizeram tudo ao contrário do que o treinador havia recomendado em entrevistas antes da partida: foram lentas e ansiosas no ataque, além de dar muitos espaços para as rivais na defesa.
O melhor momento foi a reação esboçada a partir do final do terceiro quarto e chegou a ter seis pontos de vantagem (68 a 62), mas permitiu a virada nos dois minutos finais. Faltando 1min09s, Torina convertou nova bola de três colocou 72 a 70 no placar, deixando o duelo um verdadeiro jogo de xadrez. Com a posse de bola faltando 31 segundos pro final, o Brasil não soube ser estrategista e permitiu o empate em 72 a 72.
Como o Brasil ainda não garantiu vaga no basquete masculino em Pequim, crescem as chances de o Brasil não ter sequer um representante em uma das modalidades mais importantes das Olimpíadas, algo que não acontece desde Montreal-1976, primeiro ano de disputas no feminino.
O jogo - Sem perder tempo, as meninas do Brasil mostraram no início da partida que haviam assimilado as ordens do técnico Paulo Bassul e trataram de impor um forte ritmo. Estrela da equipe, Iziane Marques foi a primeira a colocar a bola na sexta com 11 segundos de jogo.
As rivais empataram na sequência, mas o Brasil continuou jogando com velocidade e fez 9 a 4 através de uma bandeja de Cintia. Com a pontaria afiada, Iziane acertou duas bolas de três em dois ataques seguidos do Brasil e as atletas verde-amarelas abriram 15 a 08 no placar.
O problema é que, se no ataque as coisas corriam relativamente bem, a defesa do Brasil não conseguia conter os avanços da Bielorrússia, que reforçou a marcação com a entrada dos paredões Marina Kress e Olga Masilionene, substitutas respectivamente de Yelena Leuchanka e Sviatlana Volnaya.
Com a virada em uma cesta de Kerr, o técnico Paulo Bassul tirou Micaela e deu uma chance para Chuca, conseguindo equilibrar a partida. Mesmo assim, as brasileiras só não terminaram o primeiro quarto em desvantagem graças a uma cesta convertida por Juciamara faltando sete segundos de zerar o cronômetro: 22 a 22.
No segundo quarto, a dificuldade em passar pela defesa da Bielorrússia começou a deixar as jogadoras do Brasil ansiosas. Apesar de não terem muitos problemas para conseguir a posse de bola, as comandadas de Bassul não tinham tranquilidade suficiente para esperar o melhor momento de fazer os arremessos. Para piorar, o time errava muitos passes, facilitando o trabalho das rivais.
Experiente, a Bielorrússia aproveitou os primeiros minutos do segundo quarto para abrir 27 a 22 do placar - isso em um momento em que uma das principais atletas da equipe, Anastasiya Verameyenka, nem estava em quadra. Preocupado com o fato de o Brasil não ter conseguido acertar a cesta, Bassul pediu tempo, mas as rivais continuavam melhores em quadra.
Abusando da marcação forte e da falta de pontaria, as duas equipes ficaram quase dois pontos sem marcar pontos. E, quando a cestas voltaram a aparecer, elas foram da Bielorrússia, com Volha Padabed. A primeira cesta do Brasil no período só veio faltando 3min55s para intervalo: Micaela diminuiu a desvantagem nacional para nove pontos: 24 a 33.
O lance, porém, não empolgou a equipe brasileira, que seguiu só conseguir furar a defesa adversária com dois lances livres convertidos por Kelly e uma cesta de dois de Soeli, depois de bela assistência dada por Mamá, que deu números finais à etapa: 35 a 28 para as européias.
Os números provam o baixo rendimento do Brasil, que iniciou o terceiro quarto com vergonhosos 32% de aproveitamento em arremessos de dois pontos. A diferença de pontos só não era maior porque as oponentes não conseguiam aproveitar o grande espaço que tinham para arremessos de três e convertaram apenas três de 11 tentativas.
Na volta para o jogo, só houve uma mudança de postura e foi por parte da Bielorrúsia, que passou a ser muito mais rápida no armação de jogadas ofensivas. Como o time brasileiro não reagia, Bassul colocou Graziane no lugar de Kelly e Mamá na vaga de Soeli, mas o grupo só foi melhorar um pouco com a entrada de Natália no lugar de Claudinha.
A diferença então caiu de oito pontos para três (46 a 43), após bela bola de três de Francieli, que ainda recebeu falta e a converteu. Entretanto, novamente as meninas do Brasil não aproveitou a oportunidade e permitiu cinco pontos consecutivos das adversárias, incluindo uma bela bola de três de Padabed.
A esperança, porém, veio no final do terceiro quarto, quando a armadora Karla acertou uma bola de três que colocou o placar em 51 a 50 para a Bielorrúsia. A mesma atleta colocou uma nova bola de três nos primeiros segundos do terceiro quarto e virou o duelo: 53 a 51.
A partir daí, a partida ficou dramática. As bolas, colocadas no cesto em um momento chave da partida, deram ânimo de novo às brasileiras, que voltaram a jogar com agilidade, dar bons passes e acertar a mão, especialmente com Francieli. A Bielorrússia, porém, não se entregava e prometia tornar dramáticos os segundos finais do duelo, mas nova bola de três pontos convertida por Karla deu mais tranquilidade para as brasileiras (68 a 62).
Na sequência, bastava aproveitar os contra-ataques, para o Brasil conseguir segurar o resultado e assim garantir sua quinta participação seguida nos Jogos Olímpicos. Mas, faltando 1min09s, porém, Tatyana Torina converteu nova cesta de três colocou 72 a 70 no placar.
Foi aí que começou uma série de erros de ambos os lados, especialmente o do Brasil. Primeiro, as européias que vacilaram e desperdiçaram a posse de bola que detinham no último minuto. As brasileiras então estavam a 32 segundos da vaga, mas simplesmente esperaram terminar os 24 segundos de posse de bola, sem forçar a falta. Com isso, a Bielorrúsia teve a chance de um último ataque e sofreram falta de Micaela.
Anastasiya Verameyenka então desperdiçou um dos dois lances livres e deixou o placar em 72 a 71, o que ainda dava vitória ao Brasil. Porém, a experiente Kelly fez a besteira de cometer nova falta e o Brasil só não perdeu porque Verameyenka voltou a ter apenas 50% de aproveitamento na jogada. A jogadora, porém, se redimiu na prorrogração, com seis pontos na sequência: 78 a 72. Com isso, o time bielorrusso apenas manteve a vantagem e carimbou seu passaporte para Pequim.