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Atleta valoriza tradição e mira Campeonato Europeu de Jiu-Jitsu em 2026

da redação - 24 de jun de 2025 às 10:57 103 Views 0 Comentários
Atleta valoriza tradição e mira Campeonato Europeu de Jiu-Jitsu em 2026 Da Redação

Aos 33 anos, Lucas Miranda Oliveira divide seus dias entre o trabalho, a rotina intensa de treinos e a dedicação a um objetivo claro: competir no Campeonato Europeu da IBJJF, previsto para o início de 2026. Natural de Presidente Prudente (SP) e radicado em Mato Grosso do Sul, o atleta representa a tradicional Academia Octávio de Almeida (AOA BJJ), fundada em 1953 em São Paulo.

Lucas iniciou no jiu-jitsu em 2007, mas sua relação com as artes marciais começou ainda na infância, por meio do judô. Ele conta que foi apresentado ao jiu-jitsu como forma de aprimorar sua luta no solo. “Fui convidado a fazer um treino de jiu-jitsu para melhorar minha luta no solo no judô. Porém, quando cheguei para treinar, fui finalizado por um aluno que estava treinando jiu-jitsu havia apenas três meses. Fiquei surpreso e interessado em aprender e evoluir.”

Essa primeira experiência com o jiu-jitsu foi decisiva para que Lucas mergulhasse na nova arte. Desde então, ele não apenas passou a competir, como também a encarar o jiu-jitsu como um estilo de vida que molda o comportamento, as relações e a forma de enfrentar os desafios. “Não gosto de levar as situações que acontecem como dificuldades, e sim como oportunidades para evoluir. Sou muito grato por todas as ‘dificuldades’ que tive, e sempre busco alguma dificuldade para passar.”

Integrante da equipe AOA BJJ, Lucas reforça o compromisso da academia com as raízes da modalidade. “A Academia Octávio de Almeida é uma academia com tradição no jiu-jitsu, fundada em São Paulo em 1951 pelo mestre Octávio de Almeida, aluno de George Gracie. Por isso, o puro de origem. Para mim, representa as tradições da verdadeira arte marcial sem perder as origens e princípios. Por mais que o jiu-jitsu evolua como esporte, a academia Octávio de Almeida não perde as tradições.”

Com o foco voltado à performance e ao autoconhecimento, ele segue uma rotina disciplinada. Pela manhã, realiza a preparação física. À tarde e à noite, participa de treinos técnicos. “No início da manhã faço a preparação física e, no final do dia, os treinos de jiu-jitsu na academia TS, com o professor Tadeu Santos. No início da noite, treino na filial da nossa equipe AOA, com o professor Rafael Magalhães.” A agenda também inclui acompanhamento nutricional e um planejamento detalhado dos treinos. “Dividimos entre treinos mais intensos e mais leves, simulando competições, e ajustes técnicos.”

Apesar de já ter participado de diversos campeonatos, Lucas afirma que cada competição carrega um significado. “É difícil escolher uma marcante. Toda conquista é marcante, pois sempre estamos nos desafiando e querendo evoluir. Cada competição é um aprendizado diferente, ganhando ou perdendo.” Mesmo quando o resultado não é o esperado, ele valoriza o processo. “O último Brasileiro que participei, apesar de não ter conquistado o pódio, foi bem marcante, pois consegui melhorar muito minha performance física e mental.”

Lucas destaca que a superação acontece diariamente, mesmo nos dias em que o cansaço fala mais alto. “Tem dias ou períodos que não estamos dispostos a treinar, mas sempre estamos nos superando para manter a disciplina e a constância, independente de qualquer situação.” Ele vê o jiu-jitsu como ferramenta de transformação pessoal. “O jiu-jitsu nos ensina a usar com inteligência, técnica e sabedoria, razão e emoção. Todas as situações que acontecem com você, é possível tirar proveito delas de alguma forma. Com esse pensamento e estilo de vida, você nunca perde, nunca passa dificuldade e sempre vive intensamente o processo”. Hoje, ele conta com acompanhamento do preparador físico Italo Vilardo e da nutricionista Aline Matos.

Sobre o cenário do jiu-jitsu em Mato Grosso do Sul, Lucas acredita que o estado possui grande potencial. “O Mato Grosso do Sul já vem sendo um grande celeiro de atletas a níveis mundiais. Já saíram vários atletas daqui. As competições estão cada vez melhores e mais organizadas. O esporte vem crescendo, o número de praticantes aumentando, e o nível dos atletas é equivalente a todas as competições nacionais.” No entanto, ele pontua que ainda há um desafio a ser enfrentado. “Muitos atletas querem reconhecimento e valorização antes de reconhecer e valorizar. Vejo um pouco isso aqui. O MS tem muito potencial, muitos atletas bons. Basta apenas entender que a caminhada é longa.”

Entre as referências no esporte, Lucas se inspira em atletas que, assim como ele, conciliam a rotina esportiva com outras responsabilidades. “As inspirações dentro do esporte são os atletas que não vivem exclusivamente do jiu-jitsu. Sei o quanto essa pessoa se dedica para estar lutando um campeonato. O envolvimento de várias pessoas próximas também é grande, como a família e os amigos que não são praticantes.” Ele também cita um nome que admira: “Sou muito fã do Rayron Gracie, pois ele quebra muitos paradigmas. Por conta de um passado polêmico da história do pai, ele preza por ser um bom exemplo a ser seguido, por suas ideias e a forma que lida com isso.”

Com a experiência adquirida ao longo dos anos e a visão amadurecida, Lucas deixa um conselho para quem está começando: “Comece logo e nunca pare, independente de qualquer situação. O jiu-jitsu não é só uma luta. Ele te faz ser uma pessoa melhor, a se alimentar melhor, a se relacionar melhor, a pensar diferente, a encarar a vida de uma forma verdadeira. Pois não tem como você fingir no jiu-jitsu.” E finaliza: “Escolha uma escola com professores capacitados que pregam a verdadeira filosofia da arte marcial com ordem, respeito, com princípios inegociáveis.”

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