“Comecei minha jornada no jiu-jitsu aos 13 anos, motivado pelo desejo de me defender. Sendo uma criança pequena e magra, sentia a necessidade de aprender a me proteger dos mais velhos e maiores. O que eu não esperava era que, ao me aprofundar nessa arte marcial, me apaixonaria por ela.”
Foi assim que Antônio Carlos Paré de Oliveira Mattoso, mais conhecido como Antônio Paré ou “Chininha”, descobriu no jiu-jitsu um caminho que transformaria sua vida. Nascido em Campo Grande (MS), em 24 de outubro de 1986, ele se aproximou da modalidade inicialmente pela necessidade de autodefesa. O que encontrou foi muito mais do que técnica: “O jiu-jitsu não apenas me deu as ferramentas para me defender, mas também me ensinou que, com técnica e estratégia, os menores podem superar os maiores. Essa descoberta fortaleceu minha confiança e me mostrou que a verdadeira força vem do conhecimento e da perseverança.”
Hoje, como faixa-preta 4º grau, professor no Comando Militar do Oeste e na Associação de Artes Marciais da Polícia do Exército, além de integrante da Fight Sports, Antônio Paré se tornou referência dentro e fora do tatame. Sua trajetória foi construída em meio a desafios técnicos e pessoais. Ele destaca que, para alcançar seu grau atual, foi necessário muito mais do que treinos: “Os principais desafios até alcançar o 4º grau na faixa preta incluíram dominar técnicas complexas, me superar, manter a motivação em momentos difíceis e lidar com a pressão de ser um exemplo para meus alunos.” Ele também ministra aulas de defesa pessoa na 5ª CIPM.
A escolha pela Educação Física também se conecta diretamente à sua atuação como professor e praticante. Segundo ele, essa formação amplia sua visão do corpo humano e melhora o desempenho de seus alunos: “Isso me permite entender melhor a mecânica do corpo, otimizar o desempenho dos meus alunos e aplicar métodos de treinamento mais eficazes. Além disso, enriquece minha prática como atleta, ajudando-me a prevenir lesões e aprimorar minha performance no tatame.”
Paré enxerga sua missão além da prática esportiva. Para ele, a essência do ensino está na formação de cidadãos mais conscientes. “O que me motiva é a missão de transformar pessoas por meio da disciplina, do conhecimento e da prática, seja no contexto social, abrindo oportunidades e formando cidadãos mais conscientes, seja no contexto militar, fortalecendo valores, preparo e espírito de corpo.”
O professor também defende que o jiu-jitsu ultrapassa as barreiras do tatame e impacta diretamente a vida cotidiana. “O jiu-jitsu pode transformar a vida dos alunos fora do tatame porque ensina, na prática, valores que se refletem no dia a dia: a disciplina para manter o foco e a constância, o respeito nas relações pessoais e profissionais, e a superação para enfrentar desafios e não desistir diante das dificuldades.”
A parceria com a Fight Sports, equipe reconhecida internacionalmente, é vista por ele como um fator determinante em sua evolução. “Fazer parte da Fight Sport significa estar integrado a uma equipe consolidada mundialmente, que une experiência, qualidade e propósito. Isso fortalece minha trajetória porque me permite evoluir ao lado de profissionais de excelência, trocar conhecimentos e ampliar meu alcance como professor e praticante.”
Entre os momentos mais marcantes da sua trajetória, ele destaca uma homenagem recebida pelo Batalhão da Polícia do Exército, em Campo Grande. “Foi uma conquista gratificante, pois até então ninguém havia desenvolvido esse trabalho no Estado, e tive a honra de ser o pioneiro recebendo a medalha do Batalhão da Polícia do Exército.”
Ao olhar para trás, Paré observa como o jiu-jitsu evoluiu nos últimos 25 anos. Ele compara o início da sua prática com o cenário atual: “Antes, o foco era quase exclusivo na essência do combate, na prática dura e tradicional, com menos recursos e visibilidade. Hoje, o jiu-jitsu ganhou mais profissionalismo, estrutura e acessibilidade: a didática de ensino evoluiu, há maior cuidado com a preparação física e mental dos atletas, o conhecimento é amplamente compartilhado pela tecnologia, e a prática se tornou mais inclusiva, chegando a projetos sociais, escolas e diferentes públicos.”
Segundo ele, essa transformação também se reflete no ambiente competitivo e na popularização da modalidade. “Outra transformação clara é a ampliação das regras e estilos competitivos, que expandiram as possibilidades técnicas e estratégicas. O esporte também se internacionalizou e conquistou espaço global, sem perder seus valores de disciplina, respeito e superação.”
Hoje, seus projetos caminham no sentido de ampliar ainda mais esse alcance. “Meus principais objetivos e projetos atuais no jiu-jitsu e na educação física são formar novos praticantes, expandir o alcance do esporte por meio de projetos sociais e educacionais, e contribuir para o desenvolvimento físico, mental e social dos alunos, unindo a prática esportiva à formação de valores.”
A mensagem que Antônio Paré transmite aos jovens que sonham em seguir no esporte resume o que ele próprio construiu ao longo da sua trajetória. “Que nunca desistam dos seus sonhos: o caminho do jiu-jitsu exige disciplina, paciência e superação, mas cada treino é uma vitória que os aproxima do profissionalismo e da realização pessoal.”