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Ana Beatriz Magalhães: 11 anos de trajetória no atletismo paralímpico em MS

da redação - 2 de out de 2025 às 09:40 70 Views 0 Comentários
Ana Beatriz Magalhães: 11 anos de trajetória no atletismo paralímpico em MS Da Redação

“Se meu pai não conseguiu me pegar, eu sabia que teria futuro no esporte.” Foi assim que Ana Beatriz Magalhães Dias, de 18 anos, natural de Campo Grande (MS), descreveu o início de sua trajetória no atletismo paralímpico. A atleta nasceu em 2 de outubro de 2006 e começou a treinar aos 8 anos de idade. Hoje, acumula 11 anos de experiência no esporte, competindo em provas de arremesso de peso e lançamento de disco.

 

A lembrança que ela guarda da infância mostra como o esporte entrou em sua vida de forma inusitada. “Sempre fui uma criança muito imperativa e ativa, andando muito na rua sozinha, pois não tinha amigos. Um dia, meu pai pediu para que eu entrasse em casa, pois já estava na rua há muitas horas, e eu respondi. Então, ele correu atrás de mim com uma butina, e demos cerca de 5 voltas na casa. Ele não me pegou. A partir desse dia, eu disse que queria ser atleta”, relembra.

 

A partir dali, Ana Beatriz passou a se dedicar ao atletismo. Iniciou no esporte paralímpico em provas de corrida, mas logo encontrou seu espaço no campo, onde hoje atua em provas de arremesso e lançamentos. “Há 6 anos, estou no campo de arremesso de peso, e há 9 meses, estou no lançamento de disco”, explica.

 

A primeira grande conquista veio logo no início da trajetória. “A conquista que mais me marcou foi a minha primeira semana de treinamento e competição, que marcou minha trajetória até agora, foi o Mundial Escolar, realizado em Manama, Barém. Foi minha primeira convocação para representar o Brasil”, afirma.

 

Por dez anos, Ana Beatriz competiu na classe F20, destinada a atletas com deficiência intelectual. Recentemente, passou a integrar a classe F38, voltada para atletas com paralisia cerebral. Essa mudança representou uma nova etapa na carreira e trouxe novos desafios.

 

Para além das marcas, a atleta destaca que um dos maiores obstáculos ainda está fora das pistas e do campo de arremessos. “O maior desafio, sendo uma atleta paralímpica, é a falta de reconhecimento da população. O movimento paralímpico ainda não é muito reconhecido”, ressalta.

 

Segundo ela, os problemas enfrentados pelos atletas de Mato Grosso do Sul refletem a falta de estrutura e apoio. “O esporte no Mato Grosso do Sul ainda não é muito valorizado. Os atletas são esquecidos, e não há muitos recursos para que os treinadores possam dar um treino de qualidade. Os equipamentos de treino são extremamente caros, e infelizmente, a bolsa atleta não é um valor que dá para cobrir todas as despesas que o atleta tem”, diz.

 

No campo, sua maior referência é Claudiney Batista, atleta paralímpico brasileiro especialista em provas de lançamento. Fora dele, Ana Beatriz não hesita em apontar a família como base da caminhada. “A base dos meus sonhos é minha família, especialmente minha mãe, que é uma referência para mim. Chegar onde cheguei hoje foi por causa dela”, reforça.

 

Atualmente, o foco está voltado para o Parapan de Jovens, uma das principais competições do calendário paralímpico. “Este ano é um ano de preparação para o Parapan de Jovens, e no momento, esse é meu objetivo 100%”, destaca. Ao mesmo tempo, ela busca evolução pessoal nas provas em que compete. “Nas próximas competições, busco melhorar minhas marcas. Claro que nem sempre, em todas as competições, se melhora marcas, mas treinar sempre para melhorar é fundamental.”

 

Na avaliação de Ana Beatriz, mais importante do que os resultados imediatos é a confiança no próprio potencial. “Temos que acreditar mais em nós mesmos. Cada atleta tem que acreditar no seu potencial e acreditar que podemos ir além das marcas e dos tempos. E nunca desistir, mesmo que pareça impossível ou esteja longe. Nunca desista, acredite em você mesmo”, afirma.

 

Ela também faz um apelo aos pais de jovens atletas. “Principalmente, pais, acreditem nos seus filhos, porque o apoio dos pais é mais importante do que o apoio dos amigos”, completa.

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