Vôlei | Da Redação | 21/01/2025 08h44

Cleonir Martins: A trajetória de um analista de desempenho de voleibol em MS

Compartilhe:

Natural de Várzea Grande (MT), mas radicado em Campo Grande, Cleonir Martins, 32 anos, iniciou sua história no esporte aos 10 anos de idade, mas sua paixão pelo voleibol começou antes, quando ainda se dedicava ao handebol. Desde cedo, ele e seus amigos se organizavam para treinar, criando um time e até mesmo comprando materiais de treino por conta própria.

Apesar da resistência inicial ao voleibol, devido à percepção de que a modalidade era associada ao público feminino, a convite de amigos, Cleonir decidiu experimentar. A partir do primeiro contato com o esporte, se apaixonou pela dinâmica do voleibol e reconheceu semelhanças com o handebol, especialmente em relação à impulsão e ao contato. Essa paixão o motivou a seguir no esporte, mesmo sem grandes pretensões de se tornar um atleta profissional.

Com 13 anos, Cleonir deixou Mato Grosso do Sul para buscar novas oportunidades no voleibol, participando de campeonatos nacionais e defendendo seleções. Em sua trajetória, teve a chance de integrar a seleção brasileira sub-21 e disputou competições importantes, como a Superliga C e B.

Seu retorno a Mato Grosso do Sul aconteceu há quatro anos, quando começou a atuar como treinador escolar, mas já dava aulas de voleibol há 12 anos. Apesar de sua experiência, ele observa que a modalidade no estado ainda está em crescimento, principalmente no voleibol de quadra, que enfrenta dificuldades em relação ao profissionalismo, embora o voleibol de praia seja mais forte e tenha gerado grandes resultados.

Sobre as dificuldades e oportunidades para o voleibol em Mato Grosso do Sul, Cleonir aponta que o principal desafio está no desenvolvimento do voleibol indoor (de quadra), que ainda carece de maior investimento.

“Uma forma de oportunizar o esporte é criar mais eventos, competições, criar um ambiente que seja atrativo para as escolas, treinadores, participarem, para revelar mais atletas e designar a centros de rendimento que possa ter em Mato Grosso do Sul”, apontou.

Como analista de desempenho, Cleonir utiliza planilhas e também a tecnologia, com o aplicativo Data Volley. Ele acredita que a análise é uma ferramenta fundamental no voleibol de alto rendimento e destaca a importância do analista na avaliação e qualificação do rendimento dos atletas, na identificação de estratégias durante as competições e na melhoria dos treinos. Segundo ele, no voleibol de rendimento de Mato Grosso do Sul, essa função ainda é pouco explorada, embora sua experiência tenha mostrado como a análise pode ser determinante para o sucesso das equipes.

“Quando eu aparecia como analista nas competições dentro do estado e na capital, ninguém sabia o que era ou via como algo inútil, coisa que não é bem assim. Existem vários fatores principais do analista, na equipe avaliar e qualificar o rendimento dos atletas, na competição identificar e montar a melhor estratégia para o jogo, tirando que muito dos treinos do técnico ou treinador vem através do trabalho feito pelo analista”, disse.

Ele utiliza diversas ferramentas, como planilhas e relatórios diários, para avaliar o desempenho dos atletas e melhorar sua performance. Além disso, ele busca implementar essas práticas desde a base, para que as futuras gerações de atletas já compreendam e se beneficiem da análise de desempenho.

Cleonir também ressalta que o processo de formação de um atleta de voleibol exige atenção a diversos aspectos, sendo a parte psicológica e mental uma das mais essenciais. Ele acredita que, além do trabalho técnico e tático, o acompanhamento psicológico deve ser integrado desde a base, ajudando os atletas a lidarem com os desafios emocionais que surgem ao longo de sua trajetória. Em sua visão, a evolução do esporte exige não apenas o conhecimento técnico, mas também a adaptação às novas demandas da modalidade.

Em relação ao interesse pelo voleibol em Mato Grosso do Sul, Cleonir observa um aumento na procura pela prática do esporte, mas também aponta uma defasagem na quantidade e qualidade dos atletas à medida que as categorias sobem. Ele acredita que o estado precisa investir em clínicas de treinamento, intercâmbios estaduais e municipais, e criar centros de excelência para capacitar os atletas e treinadores, melhorando o nível técnico do voleibol local.

Por fim, Cleonir compartilha que um dos maiores desafios que enfrenta como treinador é a resistência de alguns profissionais ao trabalho técnico e analítico, especialmente em um estado onde essas metodologias ainda não estão amplamente estabelecidas.

“Meu maior desafio, sem dúvida é na capital: colocar em prática o esporte que convivi a vida toda de rendimento, no método de análise e estudo, mostrar que o voleibol vai além de jogo. Esses quatro anos, o tanto de críticas que recebi não está escrito. Trazer a parte técnica de uma comissão técnica é muito difícil, por isso invisto mais na base e na iniciação e ensinando já características técnicas e formais do esporte para irem se identificando e, conforme for subindo de categoria, termos atletas prontos e com inteligência técnica e tática para um futuro que possa aparecer a eles”, finalizou.

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS